domingo, 13 de julho de 2008

Dónde está Wally? (Globalización)

Buenos Aires (Argentina) - A primeira pergunta que fiz ao cara do táxi foi simples: Boca o River? Ele disse que era Boca, e eu tentei ser engraçado. “No, no! Yo soy Palmeiras em Brasil, no tiengo buenas lembranças”. Conversamos rapidamente, ele ficou quieto logo em seguida. Não era um velhinho de muitas palavras.

Mesmo assim, continuei puxando assunto com ele vez ou outra. Comentamos sobre o preço dos pedágios na Argentina (80 centavos de peso, cerca de 10% do que se encontra no Brasil). Passei em frente à Casa Rosada rapidamente, cheguei ao albergue.

“Café, cervezita... que quieres, Felipe?”, perguntou o dono do albuergue, o Thomás. Aceitei a Quilmes Cristal (haha) e bati um papo com o ele, um cara bem bacana, que acredita que o Brasil explora muito melhor o turismo do que a Argentina e chama a Alca de 'Al carajo'. Fui apresentado às dependências do Sandanzas, coisas de praxe... logo em seguida ainda vi o Daniel, um mineiro de 31 anos, também chegar. Conversamos um pouco, fomos dar uma volta no quarteirão e tal.

Um mendigo se aproximou da gente na hora de atravessar a rua. “Oh, Brasil?”. Confirmamos rapidamente, e o cara começou um discurso já bem conhecido. “Se yo fose de Brasil me vestiria bien como usted”. Dei uma risadinha e então ele pediu uma monedita. Dei-lhe 50 centavos de peso, mas ele continuou. “Em Brasil tienes maconha, no?”. “Si, em todo el mundo”, respondi. “Usted tien ahí?”, perguntou. “No”, respondi. “Pero yo tengo, quieres?”. “No, yo no fumo”. E ele se foi.

Estava meio perdidão no hotel quando subi para a sala comunal para ver se encontrava alguém. Tinha só uma norte-americana falando na webcam e uma chinesa no MSN comendo sanduíche de presunto com mostarda. Conectei na internet também, bati um papo rápido com o Alemão e com o Hugo, até que una latina caliente chegou ao salão.

Fiz uma piada com ela “Poxa, o pessoal vem para outro país e fica na internet”, comentei em inglês, tendo em vista que ela estava sem laptop. Começamos a conversar, ela se chamava Ena e era da Dinamarca, apesar de ter a cara de uma latina, o corpo de uma latina e a voz de uma latina. Logo ela explicou: nascera em El Salvador. “Estamos em todos os lugares”, ela disse.

Estava conversando com a Ena quando um cara desceu também para o salão. Disse um “Hi” geral e se sentou ao meu lado. Abriu A menina que roubava livros. “Ah, brasileiro?”, perguntei. Ele disse que sim, começamos a conversar em português. Chamava-se Rafael, era de João Pessoa e morava em Porto Alegre. Ficamos conversando sobre Porto Alegre e a diferença entre gaúchos e o restante do país.

O amigo dele, o Geraldo, logo apareceu. Olhou minha camiseta e se surpreendeu: “Ah, você ouve Switch Stance?”. Respondi que sim, já tinha até ido a uns dois shows da banda (que é do Ceará). O papo durou por umas duas horas, quando chegou o Aaron, um texano (igualzinho ao Snape do Harry Potter), e começamos a falar de futebol. Todos já éramos amigos há muito tempo.

Estava tudo muito engraçado quando fomos jantar: Rafael, Juliana (também da Paraíba, amiga do Rafael), Dalsin (um canadense cujo nome não sabemos, mas que ganhou esse apelido por ser igual àquele lutador indiano do Street Fighter), o Aaron, uma canadense de Montreal e eu. Logo na rua a canadense acendeu um cigarro. Começamos a conversar em inglês.

“Montreal é a parte francesa do Canadá, né?”, perguntei. Ela disse que sim. “Beleza! Quando chegar ao Brasil, vou falar que enfim vi uma francesa fumar”. “Como assim?”. “Você faz toda a pose de um francês fumando, é engraçado”. Ela, que aparentava ser bem louquinha, gostou. Ficamos conversando, e ela também achou engraçado quando passamos por um corredor mais apertado e deixei que ela fosse na frente, com um simpático “Ladies first”.

Jantamos em um restaurante mexicano. A canadense lá, sob meu conselho, pediu uma caipirinha. Odiou. Eu tomei um jugo de naranja, que tinha gosto de limão e parecia ser de limão. Na volta para o albergue, às 2 da manhã, passamos em frente a um show. A banda que estava tocando se chamava Massacre. Bastou isso para decidirmos não entrar.

Faz sentido: já pensou se eu ligo amanhã e digo para a minha mãe: “Mãe, vi Massacre ontem aqui em Buenos Aires”? Melhor não a deixar preocupada, né?

Tolice. Mal sabia eu o que me reservava para contar a ela...

5 comentários:

Anônimo disse...

Filho,não se aborreça pelo que aconteceu.Se puder,compre outra máquina aí e eu coloco o valor na sua conta.Mas compra uma de 6.0 megapixel,no mínimo.Mas não deixe de aproveitar suas tão merecidas férias.Compre a máquina pq quero ver fotos.Bjs.Amo vc.

Lui disse...

Hahaha, sua mãe estragou seu próximo post do jeito mais lindo do mundo! Que fofa, né?

Ô Felipe, sai da internet e vai andar.

E essa cantada do cigarro pra canadense foi tão lixo que até deve ter funcionado, hahahahaha.

Beijos!

Anônimo disse...

A pergunta que não quer calar é: pegou a canadense?

:)

Pô, eu passei seis meses lá e não peguei nem gripe (tô brincando, tô brincando, até namorei uma mexicana, mas canadense mesmo, nenhuma)!

Adorei o post. E adoro os comentários da sua mãe também, hehehe. A história está ficando boa, conte mais, conte mais!

Bonie disse...

Comentários esparsos:

- "Mãe" foi ótimo!
- "A Menina que Roubava Livros" também é ótimo!
- A Quilmes Cristal é boa, pelo menos? =P
- "Passei em frente à Casa Rosada rapidamente"

Ahhh... e que vício, logo quando eu achei que vc ia sumir pra aproveitar a viagem... haha

ps - no geral, o albergue me pareceu simpático :)

Julio Simões disse...

Opa, agora que eu saquei que vc AINDA está em Buenos Aires!

Eu devia respeitar aquele simbolo jornalistico "Buenos Aires - tralalá" no começo...

Enfim. Duas coisas: qual albergue vc está? eu fiquei em um na rua Venezuela, esqueci o nome agora.

E outra, vá a um lugar em Puerto Madero chamado Siga la Vaca. Não, n é bordel. É um restaurante bom e barato e chique.

Aproveite!