segunda-feira, 11 de julho de 2011

Entenda as piadas sem sentido do Chaves: gromaica, tamão ou limerindo

Continuemos com nossa peregrinação, apesar da pausa forçada por motivos profissionais (obrigado, Copa América, por ser tão chata e me fazer sair do trabalho à 1 da manhã). Conforme prometido anteriormente, falaremos que os refrescos do Chaves, ao contrário do que muitos pensavam, não eram de laranja (ou às vezes groselha), limão ou tamarindo. E isso fica bem claro em um dos primeiros momentos em que o nosso adorável garoto mistura os sabores dos refrescos. Ainda por aqui, explicaremos algo pouco explicado, também, em um episódio do Chapolin. Não, não conto antes!

Talvez mais fiel leitor deste espaço, o Gustavo se assustou com a hipótese de os refrescos não serem de gromaica, tamão ou limerindo. Acalme-se, amigo: os refrescos são, sim. A tradução é que foi... hummm... mal feita é um sacrilégio dizer, visto que credito 40% do sucesso do Chaves no Brasil à tradução. Mas não tinha sentido dizer originalmente os gostos dos suquinhos feitos com água da chuva que ficam nas bacias do outro pátio.

Pois é justamente a confusão com “gromaica, tamão ou limerindo” que está escondido o mistério da piada. Alguém notou alguma coisa estranha? Pois... não há nenhuma evidência que remeta à laranja, não é verdade. E... o que seria gromaica? Vejamos (a partir de 7:00).



A resposta vem no episódio em espanhol: os refrescos do Chaves eram de limão, tamarindo (imagino que todos maníacos por Chaves já sabem que tamarindo é uma fruta comum no México) e... jamaica! É verdade, jamaica! Ou seja: a “tienda del Chavo” vendia, dentre outras coisas, as águas de Jamaica, que serviam para atrair os duendes daquela casa do Chapolin. Olha aí, depois dos 6:30.



Mas, che boludo, o que é uma jamaica? Nem meu Word parece saber, visto que corrige automaticamente o j minúsculo para maiúsculo. Trata-se de uma flor, da família dos hibiscos, que nossas avós devem chamar de vinagreira, caruru-azedo ou quiabo-roxo. No México, essa planta se chama jamaica (e sim, origina o nome daquele país centroamericano) e, com suas pétalas, faz-se um chá, que se chama água de jamaica. E como se trata de uma flor bem avermelhada, a água de jamaica parece groselha.

Saindo um pouco do tema da jamaica, as ficando ainda no episódio dos refrescos, entendamos outra piada de pouco sentido para nós. Quando o Chaves resolve chantagear ao Seu Madruga e ao Senhor Barriga, em determinado momento, o pai da Chiquinha diz que “entrou numa gelada”, e logo de cara o Chaves lhe oferece refrescos. Por quê? Tá logo aí, aos 4:50.



Acontece que, em espanhol, o Seu Madruga não diz ter entrado numa gelada, senão echame aguas - “me joga refresco”, em tradução literal, ou “me dê um aviso”, em gíria mexicana. O Chaves entende o primeiro sentido e logo de cara pergunta qual o sabor preferido.

Simples, não?

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No próximo episódio, vamos saber mais sobre Pede Mais Um, aquele da televisão.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Entenda as piadas sem sentido do Chaves: como o Quico se senta

Como jornalista não deveria ter ignorado por tanto tempo a força das mídias sociais, e incrível o aumento de audiência que tivemos nos últimos dias depois que alguma boa alma sai divulgando esta série por aí. Muito grato, de coração. E prometo em breve desvendar as piadas sem nexo que me foram passadas, fato é que o YouTube não vem colaborando. Mas agora vamos ao que realmente interessa, não é mesmo?

Fato é que eu nunca tinha achado muita graça na piada feita quando o Quico está tomando os refrescos. Preocupada com a qualidade questionável dos sucos preparados com a água da chuva, a Dona Florinda alerta o filho sobre os riscos de pegar uma disenteria e o bochechudo trata de mostrar à mãe como se sente. E se senta sobre um dos caixotes do camelô do Chaves. Lembra? Por via das dúvidas, vale ver novamente aí abaixo, a partir de 5:30.



Essa piada é bem, bem simples de ser entendida, mas requer um conhecimento mínimo em conjugação de verbos em espanhol – e também um pouco de conhecimento de castelhano para entender ditongações (às vezes eles resolvem colocar um i ou um e no meio de uma palavra, como já foi explicado aqui quando a Chiquinha diz dinferência).

Sim, ditongações. Esta é a chave para o entendimento da piada. Tudo porque, se você que fala portunhol um dia disser em algum país hispanohablante yo me sinto, não vão entender nada – ou, com sorte, vão pensar que você coloca um cinto. E se você disser yo me sento, aí é que vão ficar com a maior cara de paisagem. Muito embora “sentir” e “sentar” sejam verbos exatamente iguais ao português, no infinitivo.

Contudo, se eu quiser dizer como me sinto em espanhol, preciso dizer... como me siento. Viram aí a ditongação? Aparece um ezinho bem chato que compromete o entendimento com algum castelhano. E o mesmo se dá quando eu quero dizer como me sento. Teria que ser como me siento. Agora, o vilão é o izinho que surge ali. E a ditongação explica a piada do Chaves. Confere aí, a partir de 6:30.



Não foi simples?

Aproveitando o embalo da série dos refrescos do Chaves, desvendaremos na nossa próxima série que os refrescos dos Chaves não eram de laranja, limão e tamarindo.