segunda-feira, 9 de março de 2009

A vida, um Yakult

Tenho uma dificuldade enorme em me adaptar a mudanças revolucionárias ou qualquer tipo de inovação que praticamente despreza a base anterior. Maior prova disso eu tive ainda na minha infância, quando a Pantera Cor-de-rosa, o Tom e o Jerry começaram a falar. Sem falar no novo design no Pica-Pau, ou outras inovações nos desenhos animados.

O problema é que nos últimos quase 21 anos, muita coisa mudou – não necessariamente para melhor. Até no meu trabalho venho passando por alterações gigantescas, mas isso não vem ao caso neste momento. Por mais retrógrado que possa parecer, venho percebendo ultimamente que me dou muito, mas muito melhor com o padrão original das coisas.

Se dependesse de mim, o Pica-Pau não seria aquele bicho aloprado dos últimos desenhos. O Doug Funny não teria tanta cara de babaca depois que foi comprado pela Disney. E a Pantera Cor-de-rosa nunca, nunca falaria. O máximo de voz ficaria pelos inaudíveis balbucios do cara narigudo e de bigode. Aquilo sim é que era desenho animado bom.

Não suporto mudanças drásticas, para falar a verdade. Minha adaptação custa um esforço enorme, paciência e blábláblá. Dá um trabalho enorme e, por mais que eu tenha a intenção de aceitar essas novas diferenças, fica aquela sensação de que o antigo ainda era mais legal.

A mais firme, interessante e leal prova de que as mudanças não estão com nada é o Yakult. Se não me engano, nos últimos 21 anos, o potinho de Yakult continua minúsculo, com a mesma tampa de papel alumino, e segue vendido em 6 unidades. A única alteração foi no formato da embalagem: antes, com duas filas e três copinhos, agora é apenas uma fileira. Mas isso não muda quase nada.

Dia desses, mudando de supermercado aqui perto de casa, acabei vendo uma promoção de Yakult – ainda estava mais caro do que Chamito ou qualquer imitação menos cara – e decidi levar pra casa. E não é que nem o sabor gostoso pra caramba do leite fermentado com lactobacilos vivos Casei Shirota mudou? Isso sim é que é estratégia de marketing: conservar o que está dando certo.

Todo mundo, inclusive eu, sonha com uma garrata pet de 2L de Yakult. Mas se a fórmula das garrafinhas com pouquíssimos e contados mL está dando certo, por que mudar? Deixa assim (até eu mesmo me contento e me adapto, fazendo um minúsculo furinho no papel para aproveitar ao máximo), que o Yakult vai ter vida longa. E sem nem precisar de publicidade – faz anos que eu não vejo um comercial na televisão.

Tudo deveria ser como um Yakult.