sábado, 30 de setembro de 2006

Um ponto final para a dor

Hoje, o moleque faz 14 anos. É por isso que falam que o tempo passa, voa, e, quando a gente vai ver, já tá num asilo e tudo mais. Vê que não viu o tempo passar e se vê com vontade de curtir o que já ficou no passado. Ficou no passado, mas não entrou pra história. E não entrou pra história simplesmente porque você não teve disposição para morrer pela meta.
Ou também não entrou pra história porque você preferiu fazer outras coisas enquanto poderia viver. Fez Inglês, natação e estudou. Tá, cumpriu todas as obrigações que uma criança abastada tem. Só que aí, em vez de se divertir como uma criança abastada, foi um abestalhado [eu juro que eu não queria fazer essa brincadeira de palavras; eu nem gosto muito disso] e quis crescer. Quis ser adulto, desejou deixar de ser criança o mais rápido possível.
Enfim, hoje o moleque não é mais criança. Aos 14 anos, eu tomava meu primeiro porre de meia latinha de Kaiser. Eu tinha uma paixão [muito] platônica, eu já sabia passar roupa e cozinhar. Eu não era mais criança aos 14 anos. Eu via o Brasil ser pentacampeão mundial, eu já tinha barba. Definitivamente, a infância tinha espaço apenas na quadra de futebol.
[isso daqui tá com cara daquelas lições de moral que um pai faz uma vez por mês pro filho dar valor ao que tem, né?]
Pois bem. Eu já tinha falado isso aqui, que o moleque tinha 14 anos e a referência da infância vai só entrar pra história. Vai entrar pra história, sim. Poderia ter virado marco e tal, mas... mas não foi lá muito bem aproveitada.
E aí hoje, voltando pra casa depois do almoço com o meu irmão, com 14 anos, eu parei na padaria. Parei o carro na padaria, o moleque entrou pra comprar pão. E eu fique flanando enquanto ele não era atendido. Vi, na porta da padaria, um velhinho japonês. Ele parecia bem cansado, bem vivido. Não andava mais com aquela facilidade e desenvoltura de 60 anos atrás. Ele tava na frente da banca de jornal, tava lendo as manchetes do dia. Eu nem sei quais são as manchetes do dia. Talvez o acidente do avião [e eu fico aqui pensando: vai ser burro lá na casa do caralho. Bater um avião? Ah, vai tomar no cu! Como consegue? Nem eu tive a proeza de bater o carro ainda! E olha que há uns 8 bilhões de veículos só na cidade de São Paulo. As ruas são estreitas e ninguém respeita ninguém. Como o filho da puta consegue bater um avião no outro? Nem que estivesse bêbado!], as eleições e o dossiê... essas coisas. Pra mim não interessam essas notícias [então tá fazendo Jornalismo por quê, filho da puta?].
Não interessam, não. A primeira capa do meu jornal seria "Pivete tá velho", com manchete principal. As outras chamadas seriam "Idiota vai se foder na prova de Inglês", "Frio vai fazer o final de semana ser um caralho" e "Eleições: vai pegar metrô pra votar, babaca!". Quer dizer, eu ouvi falar que isso tem a ver com a porra do newsmaking. Ou o gatekeeper, fait-diver, a proximidade... alguma coisa assim que eu já não lembro.
A prova disso tá na capa no De Morgen, da Bélgica. A manchete deles é "Uw hoofdredacteurs voor vandaag". Ou seja, a Seus principais editores de hoje. A manchete deles são os próprios jornalistas. Porque a Bélgica nem deve ter notícia, né. Mas a chamada principal é "Voor het eerst praten de ouders van de vermoorde Luna: 'Je hoopt dat er een deadline is, dat er een eind komt aan de pijn'". Oooou seja, Pela primeira vez, os pais de Luna falam sobre o assassinato da filha: "Espere, porque haverá um ponto final que vai representar o fim da dor". Lá, não interessa saber que um brasileiro tosco bateu em outro avião. O que quer dizer que, pra mim, interessa só as manchetes que eu falei.
Caralho, voltando...
Vi, na porta da padaria, um velhinho japonês. Ele parecia bem cansado, bem vivido. Não andava mais com aquela facilidade e desenvoltura de 60 anos atrás. Ele tava na frente da banca de jornal, tava lendo as manchetes do dia. Aí ele parou de ler uma, e uma pomba tava chengando perto dele. Não sei de onde ele tirou a disposição pra dar um chute na pomba. Ele não acertou, mas bem que tentou. E queria ter acertado. Eu não o culpo por isso, quer dizer, todo mundo fala mal ao quadrado das pombas, então é normal que as pessoas não suportem as pombas. Só que... será que 75 anos atrás, ele não corria atrás das pombas para brincar com elas? Será que ele não implorava pro pai dele por um passeio em que eles pudessem alimentar os pombos e tudo mais? Tipo, todo mundo, quando criança, adora alimentar os pombos. Eu adorava. Muito. Muito mesmo. E hoje eu já estou pouco me fodendo pra elas. Será que eu vou chutar as pombas quando eu tiver 80 anos?
É por isso que as pessoas não entram pra história. Simplesmente por isso. Porque mudam de opinião, vontade e paixão assim como mudam de cueca.
Ah, humanidade!
[Let op! Traduções não são literais. Nem fodendo. Vai da intuição do garoto aqui, que tem pouco mais do que algumas semanas de aula de Holandês]
O post acabou rápido, né? É que a minha inspiração também acabou.

quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Plastic cup politics

Finalmente vai acabar o horário eleitoral. Pelo menos essa palhaçada de agora, que é mais um programa de humor do que uma coisa maçante que fale sobre um político e outro. O problema é que eu gosto de ver essa merda de política. Talvez porque seja engraçado.

Mas pelo menos essa droga vai acabar. Não agüentava mais ver o imbecil do Osmar Lins gritando no meu ouvido. Tempo atrás, eu até achava essa coisa engraçado, de Partido dos Aposentados e um velhinho de cabeça chata gritando Peroba Neles. Só que esse ano ele passou dos limites, ele não calava a boca! E ainda deve ter ganhado no jogo do bicho ou nos campeonatos de vira no boteco e tava com mais grana pra comprar mais tempo nessa merda. Porra, ele encheu o saco. Eu tava torcendo pra que ele infartasse no meio de uma das propagandas dele. Caralho, que paraibano chato, puta merda! Ele me estressou de verdade.

Outra coisa bem tosca era ver a propaganda do PMN. Um ator pior do que o outro. Poxa, se eles me pagassem, sei lá, um livro bem bobinho (pode até ser o daquele Hare Krishna que eu comprei por R$ 5), eu faria uma coisa melhor. Quer dizer, não sei se faria porque essa coisa de se envolver com política nem é legal, mas... porra, eles pegaram um ator pior do que o outro. Eles conseguiram atuar pior do que os atores que fazem novela no SBT. Caralho, viu!?

Outra coisa chata é que todo mundo quer fazer uso do bizarro pra ganhar voto. O Enéas - hoje sem barba, coitado - foi a maior prova disso. Em 96, quando eu tinha meus oito anos e torcia pra Erundina ganhar do Pitta nas eleições, eu tinha um misto de medo e vontade de rir quando via a propaganda dum cara barbudo e careca que falava da bomba atômica [isso foi em 98, eu sei], gritava e, no final, batia na mesa e salientava o nome dele. Eu até tinha vontade de pedir pra minha mãe deixar eu votar nele só pra ver aparecer a fotinho dele, eu dar uma risadinha e tal. e foi assim que o lombriga anêmica virou o deputador mais votado da história.

Hoje a gente tem um monte de tosco fazendo isso. Vide o Cearense safado, aquele velho imbecil da peroba. Mas não só. O que tem de deputado com propaganda idiota... até hoje, eu acho que só gostei de duas. A do Samuel Silva, que foi bem original e tal, e a do Miro Táxi. Miiiiro tááxi, com vocêês!

Acontece que eu não vou votar em ninguém porque ele é engraçado. Vou votar pelo que eu vi, e tudo isso pareceu um puta clichê. O fato é que o Alckmin é um idiota, então não ganha o meu voto. E no primeiro turno eu não voto no dedinho. Acho que vou votar no Cristóvam, ele parece ser bem entendido das coisas. Ou pelo menos da educação. A Helô é legal, mas o Cristóvam é mais. :)

Nos ares paulistas, o Serra não merece nem meu pensamento, aquele imbecil. Idiota. Queria votar no Plínio, o velhinho pareceu manjar de muita coisa; acontece que ele é muito de esquerda, e isso não é muito interessante. E também votar nele seria não dar um voto pro Bigode, que é o único que corre atrás do Morto Vivo que acha que é técnico do Palmeiras [se todo mundo fosse que nem o Felipão pra falar o que ele falou]...

Pra terminar essa ladainha toda de política, vem o Senado. É, o Supla é o que vai ganhar. Ainda bem. Porque o Afif tem aquele sorriso falso, é do tipo que nunca vai botar uma Havaianas e ir tomar uma pinga no bar com a galera. Não que todos façam isso, mas o Afif é o último que o faria. Hoje eu vi a propaganda da Alda Marcão, e ela tem umas propostas interessantes. Mas o Supla é realidade.

Pronto, chega de política. É que eu não tenho mais nada de interessante pra falar. Tive meu sono interrompido hoje com o toque do telefone. Sim, ele tocou!

Só que quando a gente espera uma ligação, todo mundo liga, menos quem a gente realmente quer. Nove da madrugada e um imbecil liga errado. Filho da puta. Engano de merda.

Mas... mas será mesmo que vai tocar?

Oh, vida!

domingo, 24 de setembro de 2006

Encheção de saco agora se vende em spray

Eles nem sabem empregar direito a nostalgia. Não sabem nem o significado que ela tem. Assim como não sabem muita, muita coisa. E, definitivamente, não sabem dar boas desculpas. Aliás, não sabem nem pedir desculpas.


Tudo isso é reflexo desse mundo sem escrúpulos, que me instiga e me inibe, simultaneamente, de escrever algo quiçá interessante/decente. Eu até gosto da humanidade, mas as pessoas me deprimem. Muito. Porque as pessoas, sei lá, as pessoas não se importam. As pessoas dizem que a maioria das pessoas são muito firas, mas que há cinqüenta anos atrás tudo era diferente. E as pessoas separam sujeito do predicado usando vírgula ou apenas se vislumbram com uma superprodução Hollywoodiana [não que eu seja daqueles que vêem o cinema dos EUA como o maior mal da humanidade e todo o blablablá; só acho que ele é mais pragmático do que o Parreira].



Se querem saber o verdadeiro sentido da nostalgia, devem, antes de tudo, saber não aproveitar uma fase que é perfeita. Talvez do mesmo jeito que eu estou fazendo agora, parando pra pensar num mundo perfeito de dez anos atrás. Entretanto, essa bosta de nostalgia [oh, a minha melhor amiga] deve ser boa para que um dia eu possa falar pros meus netos algo do tipo "nem queira crescer agora! Aproveita a sua infância, que é a melhor época da vida!". E aí eles continuariam a me encher o saco falando que ser adulto é legal porque podem ficar acordados até tarde ou dirigir um carro, e aí eu vou dizer "então troca de lugar comigo, porque eu quero ser criança de novo".



É, eu quero. Quero poder sonhar em ter um cachorro e implorar pra minha mãe comprar um quando passarmos na frente de um pet-shop. Quero poder sonhar em falar com um jogador de futebol e pedir seu autógrafo, pra guardá-lo (a assinatura, não o jogador, porra!) na minha gaveta de bugigangas que guarda todos os meus tesouros - uma carta pro Papai Noel, um carrinho, um desenho, um álbum de figurinhas e alguns gibis. Quero chegar em casa e fazer lição de casa, fazer exercícios de descobrir o valor do quadradinho ou os mais legais, aqueles de arme e efetue. Quero ver desenhos animados e acreditar que uma pantera pode viver no mesmo mundo de pessoas baixinhas e narigudas, ou que um coelho bola todos os planos do mundo pra, no fim, explodir a cara do caçador ou do pato invejoso. Quero passear no Parque do Ibirapuera com meu pai nas tardes de sábado, ver os peixes e fazer perguntas sobre tudo. Quero que as pessoas me perguntem o que eu vou ser quando crescer e eu, sem saber se falo bombeiro, veterinário, piloto de avião, técnico de futebol ou qualquer outra coisa, poder responder que quero ser adulto e nada mais. Quero muitas, muitas coisas. Mas preferia que, por ora, tudo se acertasse.



Tudo, tudo. A esperança excessiva, que pode ter fim com um telefonema; a vida desregrada e mal aproveitada, que pode ter fim com uma ida ao aquário; a imaginação supercriativa, que me bota nas maiores furadas da face da Terra e a qualidade de adivinhar o mundo, que faz eu achar a vida previsível demais.



Mas nada disso vai acontecer, eu sei, porque as pessoas são insuportáveis. E elas me decepcionam. Muito. Uma por dia. E é por isso que eu tenho as melhores amizades do mundo, mas que duram duas semanas. Sempre é assim, e dificilmente vai deixar de ser. Tudo bem, é normal. Normal, mas não é legal. E menos ainda quando tudo isso vira um desejo de retaliação, um duelo de egos que não deixa a comunicação rolar ou a simples vontade de falar "é, se fodeu. Se fodeu mesmo, e eu só dou risada" quando fazem de penico a minha leitura com os melodramas sem fim que não deixam de ser melodramas imbecis.



Pois bem. Chega.

Cartoon Network à parte, seqüência vale por si só. E seqüência à parte, o Cartoon Network valia por si só até começar a passar esse besteirol animado e japonês que eles passam hoje. Saudade dos desenhos da minha época!

E isso sim é nostalgia, porra!

E o legal também é ver que o jornal não é nada além daquela coisa que forra o chão da sala pra não fazer sujeira no carpete. Fantástica perspectiva profissional. Fantástica!

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Bar-bá y cabelô

Elementar, meu caro Watson.


Definitivamente, acho que estou ficando velho. Tudo bem, atingi a maioridade há menos de um semestre e já me acho acabado, cansado e rabugento. Futuro brilhante pra uma mente com muitas e muitas lembranças.

Ontem, pela primeira vez, cheguei no mesmo barbeiro dos últimos 16 anos. 'O corte de sempre, seu Dito, mas dessa vez é barba e cabelo'. O velhinho quase teve um ataque, teve um misto de surpresa e alegria ao mesmo tempo. Por dois motivos, e ele explica:

1. "Ah, sabe como é, Cavaleiro? Eu corto seu cabelo desde que você era pequenino, desde que você tinha um dente ou outro! E fazer a barba de alguém que você viu crescer, alguém especial que acompanhou ao longo do tempo, é uma coisa demais, é um orgulho enorme que você me dá!"

2. "E eu achei que nunca ia poder aparar a sua barba. Porque você é tem um xodó enorme pela sua barba, tem cara de que não deixa ninguém passar a mão nela e tem todo um cuidado por ela!"

[Só uma correção ao velhinho: de fato, sou chato pra cacete com a porra da barba. E até gosto que passem a mão, dependendo de quem for]

Legal é que o velhinho pode ser tipo um outro avô. Que nem aquele do metrô, o do boné do Palmeiras. Até mais, se quer saber. Porque o Seu Dito é um filósofo e tanto! "Um dia eu queria ficar velho pra saber como é, pra saber se a gente fica chato mesmo...", comenta do alto dos seus mais de 70 anos.
[ah, vício dos trabalhos universitários! Fica tão frio o texto com esses comentários depois da brígula...

Prossigamos

Acordar cedo, selecionar camisa, gravata e tudo bonitinho. Sair de casa todo bonitinho, estudar um pouco antes da prova lendo o Lance! e tudo mais. Comprei o jornal pensando em ler na cadeira do engraxate, mas acabei dando uma olhada pro sapato e achei que, se passasse graxa, foderia tudo. Em todo caso, o sapato tava bonitinho.

Creio não ter decepcionado, acho que até fui bem, sabe? Pelo menos eu vi no meu currículo as coisas que chamaram atenção de quem leu. As setinhas mostravam, acho, uma puta surpresa. "Inglês avançado - a 6 meses de terminar a Cultura Inglesa", "Holandês intermediário", "setorista do site tal de esportes..."

Pelo menos é uma coisa legal. Somado ao resultado do teste [malditos os esportes idiotas que fodem com a minha prova!], talvez eu me dê bem.

Continuando, hoje foi legal. A concorrência é legal, e a superação [não necessariamente a auto] me faz bem. E o hino da superação eu ouço no MP3 depois de cada entrevista. Aquela empolgação que dá vontade de correr pra sempre.

Depois foi legal. Você pôde ver que eu tava vestido à social, com gravata combinando com a camisa e tudo. Viu que eu me dei bem, já que você pensa que eu realmente estou empregado e ganhando bem pra caramba. Viu que eu não me matei depois da gente não ter dado certo. Contudo, não viu que eu fiz questão de que você me visse. Talvez percebeu depois, quando eu mudei o caminho de ir pra casa. Mas não me importo, afinal... afinal eu faço faculdade e Holandês, e você ainda nas aulinhas de Inglês [odeio quando rima, caralho!].

Só que você não sabe que eu só fiz uma entrevista. Uma entrevista no lugar mais fenomenal do[MEU] mundo, mas não deixa de ser fenomenal. Não sabe que eu mudei de caminho pra você ter certeza de que sim, era eu. E não sabe de muita coisa que quase ninguém sabe.

Se a gente tivesse dado certo, seria a primeira a saber que eu tinha sido chamado pra entrevista. Seria a primeira a me ver depois da entrevista, e seria quem escolheria as roupas pra eu ir [porque eu não sei qual cor combina com qual cor], que ajeitaria o nó na minha gravata... Mas você não sabe combinar cores, não sabe ajeitar nó de gravata e a gente nem deu certo!

Pelo menos você não sabe.
Não, não está vendo naaaaaaada!

Falando na política, acabei pegando um papel hoje [porque eu só pego panfletos quando eu me sinto bem comigo mesmo] que me fez rir um pouco. Era sobre o PSOL, todas as metas de esquerda radical e toda essa termologia imbecil que a gente é obrigado a ouvir a cada 2 anos.

Enfim, sobre o panfleto, eram engraçadas as palavras que serviam de estímulo para que reajamos com o Sistema [e toda essa utopia anarquista que nunca vai sair do papel, mas com que todos os garotinhos de 15 anos se vislumbram quando ouvem falar]:

Racismo, mensalão, esgoto à céu aberto (À?), lucro dos banqueiros, feriado com chuva (qualé? Eu gosto!), cerveja quente (!), acidente de tabalho, poluição, remédio vencido, falta de creche, tarifa do ônibus, machismo, criança de rua, latifúndio, leite coalhado, vento encanado, salário mínimo, taxa de juros, mala sem alça, neoliberalismo, dinheiro na cueca, hipocrisia, olho gordo, homofobia, estádio vazio (é bom pra ver o jogo, analisar a tática e fazer anotações), PCC, poste sem luz, falta de segurança, desrespeito com os idosos, água no feijão, dor de dente(malditos Sisos, vão me fazer escrever uns posts bem chatos logo mais), orçamento cultural, candidato pré-fabricado, dor de cotovelo, serviço militar obrigatório (!!!)... e um monte de baboseira até chegar em 'feriado com chuva de novo'. Ora, feriado com chuva é legal pra, sei lá, ficar em casa, tomar algo gostoso e fazer alguma coisa interessante acompanhado. Ou, na hora da solidão ou depressão, jogar videogame ou ver um filme legal.

Aaaaaaah, chega!
Perdi umas 20 mil idéias que eu tive ao longo da volta pra casa. Bosta.

sábado, 9 de setembro de 2006

Pátria amada

Com dois dias de atraso, mas um atraso justificado.

Não deu pra postar dia 7 sei lá o motivo, talvez porque eu consegui a proeza de dormir por 14 horas seguidas e tudo mais. E nem ontem porque eu tava me perdendo sozinho por esse mundão de Deus-dará.

O fato é que eu reitero: Se fode com estilo, CARALHO! Estiiiiilo!

Passei uns dias pensando no título deste post, e só cheguei à conclusão ontem [ontem eu cheguei em casa, isso foi o mais importante, se quer saber]. Pensei em 'Isso não se faz' ou qualquer outro título bem imbecil tirado do meu sonho ou de alguma música, mas... escolhi o que tá agora e 'que se fodasse'.

Mas, pra ser sincero, aquilo não se faz. Sair de casa antes das 5 da manhã, com 5 graus lá fora, não conseguir nem sentar no banco do metrô porque ele tá mais gelado do que qualquer outra coisa... e coisas assim. Pra depois fazer você andar pelas ruas mal iluminadas, desertas e longas do Ibirapuera, quando e onde nem os carros ou as primas se aventuram àquela hora. Ou ficar num lugar tão imbecil fazendo coisas mais imbecis ainda [ou não fazendo nada, não podendo nem falar um A sequer] por 7 horas. Ou pior ainda: fazer uma velhinha bem velhinha trabalhar de cobradora de ônibus de madrugada. Ah, isso não se faz!

O fato é que eu fiquei quase 48 horas sem dormir. E, quando cheguei em casa, só pensei em dormir. Muito. Do jeito que deu. E sabe, foi legal. Foi legal porque eu sonhei com você. Sonhei que a gente se falava, dava risadas e todo o resto com o que eu sempre sonhei. É, foi legal... e aí, quando meu maior sonho tava acontecendo no sonho, eu acordei assustado. Tudo bem, era só um sonho, mesmo.
Why can't I stop and tell myself I'm wrong, I'm wrong, so wrong? Why can't I stand up and tell myself I'm strong? Because I saw her today.

Quanto a ontem, ontem foi divertido. Foi divertido beber por longas horas, assim como foi divertido andar por um lugar desconhecido à noite. Bêbado, trêbado. E cair sozinho, de bêbado, andando pela rua. Sem ninguém ver. Só não foi legal misturar álcool com ônibus. Nooooooossa! Ah, foi engraçado. O fato é que foi legal se perder sozinho, sem ter lugar pra ir e sem nem saber onde se está. Pelo menos eu parei em casa. Ou pelo menos eu achava que era a minha casa. As chaves foram entrando, rodando e abrindo as portas, então... deve ser a minha casa. A ressaca não me deixa discernir muito bem se aqui é ou não o meu lugar.

Ah, quer saber? Definitivamente não é. Porque é legal voltar pra casa em um metrô lotado, cheio de gente que lança olhares engraçados e curiosos quando vêem duas pessoas falando em Inglês. Eu sempre sonhei com isso, com esse lance de me comunicar com uma pessoa que não entende um A em Português. E fazer uma conversa fluir. Tá, 50% desse negócio realizado, porque o tal até que entende um pouquiiiiinho da língua da flor de Lácio. Em todo caso, foi legal. E me deu uma vontade de saber como é por lá, no lado europeu, na terra do tamanco e das barragens. Vontade incrível de ter a certeza de que aqui não é o meu lugar, mas lá.

Em todo caso, acho que me expressei muito bem quando disse: "I want to fight, you know, but... I have my own style of fighting. I don't trow trash on the floor, I do my part. I don't need to go to the army to prove my loyalty, you know." [ok, meu Inglês não é lá dos mais fluentes, mas pelo menos é comunicável]

Talvez eu esteja certo. Talvez é mais importante não jogar lixo no chão do que querer fazer o nacional socialismo ou o caralho que for e dizer que é em prol da pátria. Ah, você nem sabe o que fala!
É muito fácil falar tudo isso e pegar pra passar na auto-escola, molhando a mão do Seu guarda pra não receber uma multa. Ou então, sei lá, jogar lixo no chão e falar que o governo é uma merda [não que não seja, porque ele é]. Mas é muito comodismo, não?

Mas tudo bem, esse é seu amor, sua lealdade pela Pátria amada.

Ah, post inútil!

quarta-feira, 6 de setembro de 2006

Estilo

A noite mais fria do ano. A noite mais fria dos últimos 18 anos [porque eu não me lembro de nenhuma assim].

Os relógios da rua marcam 5º às 23h. Imagina a temperatura que não fez essa noite!?

E como curtir a noite mais fria dos últimos anos?

a) Dormindo sob 4 mil cobertores, quentinho e de conchinha
b) Dormindo sob 8 mil cobertores, sozinho e todo encolhido
c) Dormindo seja lá como for
d) Enchendo a cara de vinho e depois capotando numa cama quente
e) Acordado, tendo que sair de casa às 4h50min, prestar contas com o Serviço Militar, ler a fabulosa Teoria da Comunicação e tremendo de frio

E!!!

Se é pra se foder, se fode com estilo, caralho!

Lá vou eu brincar de ser contingente. E depois me desregrar um pouco.

Graças a Deus a vida desregrada tá com os dias contados. Graças a Deus.

Vou poder voltar a viver sem culpa, sem achar que estou perdendo meu tempo. Vou reaproveitar os dias e, quem sabe, deixar a nostalgia pra segundo plano.

:)

E é tremendo de frio que termino este post.

domingo, 3 de setembro de 2006

Tá bom

Por muitos motivos.


Sabe, foi um dos momentos mais nostálgicos de ultimamente. E um dos melhores dos últimos tempos. Sempre é assim em situações como a de hoje. Cada palavra na ordem perfeita, cada verso combinando perfeitamente com o que se passa por aqui. E o primeiro CD foi legal.

Também deu pra descobrir algumas coisas. A mais importante é que eu estabeleci o limite para os elásticos. Estava há quase um mês pensando nisso. "Qual o limite pra essas merdinhas?" Descobri hoje: o limite é o AAAAAAAAAHHH durante a parada daquela música.

É, hoje foi legal.
[E bem tosco da sua parte, hein?]


Em todo caso, depois do show, a palhaçada de sempre. Acho que tô ficando velho. Não porque o StandCenter no Inglês achava que eu tinha um a mais do que o recorde mundial até então. Mas porque muitas coisas vêm sendo diferente. Ano passado, depois do mesmo show [na mesma praça, no mesmo banco], eu fui encher a cara de vinho, cerveja e fui vagar pela cidade. Hoje? Ah, hoje eu passei no mercado e comprei leite.

Outra coisa. Depois do trauma, não se tem confiança. A confiança por completo existe, sim, mas só depois que o sinto-muito está devidamente preso.

Mas hoje foi legal.
Foi nostálgico e eu pude gritar à vontade.