domingo, 24 de dezembro de 2006

Na casa dele, compreensão

O Natal vem chegando e minhas filosofias baratas começam a fomentar aqui dentro.

Se os primeiros 20 dias de dezembro são os melhores do ano, os 10 últimos conseguem ser os piores. É tudo parado, é toda aquela expectativa de chegar o Natal, trocar abraços e felicidades, embuchar todas as comidas exóticas que são feitas, encher a cara... essas coisas.

É estranho pensar isso agora, sendo que, sei lá, 10 anos atrás o Natal era o dia mais esperado do ano inteiro pra mim. Era o mais feliz e tal. Eu gostava mais do Natal do que do meu próprio aniversário. Talvez porque a cidade não ficava enfeitada no dia 22 de abril e tal. Ou porque a minha mãe não fazia tender ou porque meu tio não se vestia de Papai Noel.

Por outro lado, é bom. Ter essa sensação de que o Natal é o dia mais chato do ano, que dia 25 de dezembro em si é uma droga, é um dia de pura ressaca, tipo... não sei, talvez prove muita coisa. Faz uns três ou quatro anos que eu venho pensando sobre o sentido do Natal [é um tema bem besta, eu sei], e essa filosofia toda só se manifesta nessa época do ano. Em geral, só se manifesta a partir das 22 horas do dia 24. Há tempos que eu quero pensar assim e não consigo m expressar. Bom, acho que já fiz muitas cagadas ao longo dos 98 posts até agora, mais uma não será nada especial.

Não entendo o sentimento do Natal. Tá certo que Ele nasceu e tudo mais, e todo o mundo católico-cristão-ocidental deve comemorar. É até uma boa época de se comemorar isso, afinal, o mundo está de férias e tal. Mas por que cargas d’água a gente tem que trocar presentes? Vai aparecer alguém mais engajado, vai falar que os três reis magos deram presentes pra Ele. E como somos irmãos deles, todos devemos relembrar essa tradição milenar e o escambau. Certo, eu não vejo nada de errado (até porque eu não sou imbecil de falar que não gosto de receber presentes), mas...

Não que eu queira partir pro outro lado do engajamento, o do anti-capitalista malucão. Sinceramente, não me importo se isso tudo é uma farsa do comércio, do capitalismo ou da Coca-Cola. Juro, não tô nem aí. Quero que se foda tudo isso, não ligo pra Economia, pra cotação do Dólar (só na hora de fazer as conversões monetárias das contratações astronômicas no mercado europeu) e muito menos pro Socialismo. Anarquismo, então, pro inferno. Quatro anos atrás, até cheguei a pensar que algo assim seria o mais justo, mas... quem pensa assim, quem veste uma camisa vermelha com uma foice e com uma marretinha é um inocentezinho (pra não dizer babaca).

Enfim, não é esse o foco do meu pensamento. O foco é por que diabos a gente deseja um Natal repleto de luz, alegria, harmonia, paz, tranqüilidade, riqueza e, claro, amor? Porra, é um dia só! É um dia em que ninguém sai de casa, todo mundo fica em volta da mesa enchendo a pança de carnes malucas, frutas que não são frutas e bebendo champagne [falam que champanha é o certo, mas é esquisito demais – pra não falar ridículo pra cacete]. Por esse motivo que eu sempre achei as felicitações do Ano Novo mais reais do que as do Natal. Sério! Afinal, são pra um ano inteiro. As do Natal são pra menos de um dia!!!

E é estranho uma porrada de pessoas me desejando o melhor dia de todos da história do universo sendo que elas muito provavelmente não se lembram de mim nem uma vez por mês [bem como eu não lembro delas, fato]. No entanto, se você passa a noite feliz com a sua família, releve este parágrafo. Eu falo isso porque minha família deixou de existir depois que a minha avó morreu.

Uau, que piração. Um monte de besteiras, pra falar a verdade (isso porque eu não falei no clichê-mor natalino, aquela coisa de que as pessoas ficam dando presentes umas pras outras, desejando o bem pras pessoas que já são muito bem abastadas e os pobres que se fodam. Não me convém falar isso, mas acho que qualquer blog de algum punkzinho que se acha mais engajado socialmente vai ter todo esse discurso. E, claro, o bordão “papai noel filho da puta rejeita os miseráveis. Eu quero matá-lo, aquele porco capitalista! Presenteia os ricos, cospe nos pobreeees!”). Mas não importa. Quer dizer, o Natal tá logo aí e... e...

E é isso aí.

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Três, dois, um; yeah!

Tudo um dia termina, talvez.

Minha disposição em escrever sobre todos os meus dias tá tomando esse caminho. A minha folga em levar uma vida completamente desregrada, acordar ao meio dia e tudo mais também.

Muitas, muitas amizades terminam. Fui ao show do Los Hermanos semana passada e eu sabia que uma amiga minha ia estar lá. Quer dizer, como éramos amigos, tinha certeza de que ela estaria lá. Por um momento, até pensei que seria legal a gente se encontrar, e trocar um abraço. Depois não. É melhor deixar acabar. E voltar àquela história de que, se a gente se encontrar, o certo é só falar oi e perguntar se está tudo bem. Não se deve nem dizer, na despedida, "a gente se vê". Pela consideração que a pessoa tem, não seria certo mentir.

Meio mundo termina para mim antes de sequer começar de verdade. E pra eles eu falo que a gente se vê; não preciso ser muito verdadeiro com eles.
Às vezes, acho que muita coisa já terminou para mim. Muita, muita coisa. Mas não quero pensar nisso, tenho andado muito orgulhoso de mim mesmo nos últimos dias. E aí eu paro pra pensar e, sei lá, não é tão ruim o fim de tantas e tantas coisas assim. É bem útil.
O problema é que há coisas que também terminam de um jeito muito rápido. A felicidade é um formigamento no nariz que só dura três segundos. Um momento de silêncio na madrugada, um momento para a foto também.
Tá certo, um formigamento no nariz pra vida toda é ruim, e isso chama rinite. Eu tenho isso e não me sinto muito feliz por meu nariz formigar por mais de duas horas seguidas. E um silêncio maior de, sei lá, quatro horas também. Pareceria que o mundo acabou.
Talvez isso significa que eu tenho que aproveitar mais os momentos.

Tenho feito.