quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Não vou te responder

Vou receber tua mensagem e não vou te responder. Vou lê-la, vou tentar entender o que você quis dizer, vou ouvir tua voz entrando pelos meus ouvidos e descendo até o coração, vou sentir teu olhar penetrando os meus olhos, mas vou respirar fundo e aspirar o teu perfume e não vou te responder.

Vou reler a mensagem e tentar destrinchar cada palavra, cada letra, cada vírgula, cada espaço para tentar entender todas as dimensões daquilo que você quis me dizer.

Vou pensar em todas as possibilidades — e vou inventar mais algumas.

Vou imaginar as consequências de cada uma em mundos paralelos que tiveram início a partir do momento em que eu bati os olhos sobre a tua mensagem.

Vou bloquear a tela do meu telefone e não vou te responder. E então vou desbloqueá-la para lê-la de novo e pensar no que vou te responder. Não agora, mas daqui a 5 ou 10 minutos. Ou 15. 15. 15 é melhor. Mas claro que vou te responder. Quem disse que não iria?

Vou apenas fazer um charme, fingir (para quem?) que não vou te responder e no final eu sempre acabo te respondendo — afinal, não teria sentido puxar uma conversa com você após tanto tempo para simplesmente não te responder mais.

Vou deitar o celular sobre a mesa e esfregar as pontas dos dedos sobre as palmas das mãos — e eles vão deslizar sobre uma fina camada de suor. Vou agarrar minha camiseta pelo colarinho para secar o suor. Vou respirar fundo novamente para recobrar o controle da situação e…

E, enquanto eu inspirava, tua mensagem chegou. E mal terminei de expirar, já havia te respondido.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Oi.

Você sabe como não gosto de começar nenhuma conversa com um oi, assim seco, seguido de um ponto final. Me sinto mal. É seco demais, é frio demais. É seguido de um ponto. É um oi que termina logo em seguida.

Oi.

É um oi que poderia ser tchau. É um ou que deveria ser tchau. Que quer ser tchau.

Gosto de começar uma conversa com um oi seguido de um ponto de exclamação e um sorriso, que mostrem, de alguma forma, como gosto de começar uma conversa com você.

Oi! :)

E sempre que te escrevo esse oi, com exclamação e carinha feliz, não pergunto se está tudo bem. Você sabe que eu não gosto de perguntar se está tudo bem, ou se está tudo bom.

Quero tanto que tudo esteja sempre bom com você que me doeria saber, logo de cara, que não está tudo bom e você não me contou antes, na mesma hora que aconteceu, sem precisar falar oi e sem nem perguntar se eu estava bem.

Desta vez eu também não quero perguntar se está tudo bem, porque não quero te responder se está tudo bem ou não.

Não está.

Te escrevi esse oi, coloquei um ponto final depois dele e meu coração disparou. Precisei esfregar as palmas das mãos na calça para enxugá-las. Precisei respirar fundo e engolir de volta meu coração.

Te escrevi oi e depois te escrevi tudo isso na tentativa de adiar a nossa despedida.

Vou sentir saudade.