quarta-feira, 30 de junho de 2010

Decisão

É quando a ansiedade se mistura e agrava a angústia que inflama. As pernas tremem, enquanto a taquicardia faz com que o coração bombeie mais e mais sangue para o cérebro, impedido de interromper seu funcionamento pelos intermináveis estímulos elétricos dos neurônios. Os dentes rangem. A espera, amigo, aflige.

Num momento desses, tudo, exatamente tudo dos últimos anos passa pela retina: todas as boas imagens, a felicidade recente que levará um tempo amargo para sumir da memória, como também todos os percalços – insignificantes diante de um evento daquela magnitude.

A confiança tenta surgir, mas divide no peito uma imponente insegurança. Medo? Algumas vezes. Todas essas sensações se liquefazem em um suor expelido pelas mãos. Geladas, tensas.

Aquele instante, que mostra o quanto o infinito pode ser curto, tem lá sua utilidade. Muito provavelmente, os conflitos que antecediam este momento decisivo se estenderiam de uma maneira insuportável, resultando em um marasmo sufocante. Resta, então, decidir o futuro em um tempo injustamente pequeno para tudo o que fora construído até então.

Já ouvi especialistas chamarem o período de loteria. Discordo. Trata-se de uma batalha de nervos que será vencida por quem souber lidar melhor com a compressão de um mundo inteiro sobre uma cabeça – muitas vezes despreparada para uma situação como aquela.

O erro, embora ganhe um caráter fatal, é tolerado – o outro lado certamente cometerá uma ou outra falha, ainda que imperceptível. Os acertos, porém, não são dignos de festejos. Tudo pode mudar no passo seguinte dessa caminhada limitada.

Ao final de tudo, a derrota deveria dar o direito de viver a vida de cabeça erguida – afinal, lutou-se o máximo que pôde, até o verdadeiro fim. Mas a decepção é tamanha que aquele estigma perseguirá por toda a vida. A vitória, por outro lado, infla os pulmões de uma confiança assustadora. Não há lógica, eu sei.

Mas é por isso, justamente por ser ilógica e brilhante, que uma disputa de pênalti é tão incrível.

domingo, 27 de junho de 2010

A Copa do Mundo atrasada

Investe-se uma grana tremenda desenvolvendo-se novas tecnologias para que a televisão se torne moderna. Interferência, chuvisco, falta de sintonia e bombril na antena são coisas que eu convivia na infância, há 15 anos, e nunca mais ouvi. Aí veio o SAP acompanhado do PAL-M e do NTSC. Depois, o cabo. Tela plana. Trocentas polegadas. O sinal digital. Som stereo, mono, surround. Plasma. HD. Led, 3D e por aí vai.

Uma novidade melhor que a outra, dando a impressão de que o Faustão está de fato na nossa sala, que o Julio Baptista não chutou aquela bola nas arquibancadas mas em nós vuvuzeleiros na câmera + da Globo. A sensação de que as garras do Wolverine estão saindo da tela e aparando nossas barbas. Tudo, tudo. Só esqueceram de uma coisa, bem simples: o tempo que o sinal leva para chegar às nossas telas.

E é esse maldito delay (vulgo "atraso de merda") que vem arruinando com um momento que eu ansiei cada vez mais nos últimos anos: a Copa do Mundo. E o torneio sul-africano tem se tornado cada dia mais decepcionante, ao menos para mim (o nível técnico do futebol não está no mérito), já que me incomodo demais com isso e valorizo mais a surpresa. Mas é impossível a surpresa com tanta tecnologia ao meu redor.

Os televisores com os quais convivo têm cabo com sinal digital, têm tela plana e muitas, muitas polegadas. Toda essa parafernalha apenas intensifica a decepção. Basta um jogador armar o chute na minha tela que já tem gente gritando gol. E agora me diga: qual a graça, cara-pálida?

Vivi isso (mais intensamente) com Brasil x Costa do Marfim. O Luís Fabiano ajeitou a bola na mão pela primeira vez, os vizinhos do prédio já pulavam e se abraçavam gritando gol. Resumindo: o gol mais bonito das últimas Copas foi uma frustração sem tamanho. Chapéu aqui, lençol acolá... e já sabia o final: caixa. Broxante.

O que mais me deixa inconformado é ver o pessoal no boteco de quinta e esquina do outro lado da rua, com bombril na antena, mostrar o gol antes do mundo inteiro. Obrigado, tecnologia, Net, satélites e delay, por estragarem a minha Copa. E por perceberem que como se joga dinheiro no lixo.

sábado, 26 de junho de 2010

Discussão de relacionamento no século 21

Seu avatar ainda está no meu Wii Sports. Faço bem em mantê-lo por lá?