terça-feira, 30 de dezembro de 2008

1 é pouco e 2 são bons?

Eu não sou o tipo de cara que gosta de carros. Que sabe o modelo, o ano de fabricação, a potência do motor e tudo mais apenas ouvindo o som do tal bólido ou vendo um detalhe aparentemente irrelevante, como por exemplo a fechadura do porta-malas.

Eu, definitivamente, não gosto de carros. Nos últimos meses passei a saber diferenciar alguns modelos, mas nada muito espetacular. Um Uno alheio do meu, ou alguns tipos de Palio. Mas tudo isso era só para dizer que eu não sou fanático por carros.

Quer dizer... por carros, de uma forma geral, não. Mas tem uma parte dele que realmente me fascina: o limpador de pára-brisas. É sério. Desde pequeno, quando andava com mamãe no carro dela, achava demais o funcionamento daquele rodinho estilizado. Adorava quando chovia e eu via a palheta ir de um lado para o outro...

Aí eu percebi que era apenas o carro da mamãe que tinha um limpador de pára-brisa dianteiro. Todos os outros modelos que não o Uno tinham duas peças para o vidro. Entrei em um ferrenho jogo interno de argumentação: meu lado otimista, visionário e sonhador dizia que o modelo de palheta única era melhor. Já meu lado chato dizia o contrário, que éramos precários.

Eu explico: o lado Felipinho Held argumentava: “É bem mais legal ter só um limpador. A marca que fica no vidro é mais bonita, trata-se de um modelo único e é muito mais prático já que uma peça faz o trabalho de duas”. O lado Felipe Held, o Velho, rebatia: “Mas o outro é mais rápido, a cobertura de área do vidro é maior... e se todo mundo tem, é porque também é melhor”.

Quase todos dias eu pensava nisso indo da minha casa para a casa da minha avó e de lá para a escola. Então quase dez anos se passaram sem eu nem pensar nisso até que meu primeiro carro é justamente... tcha-ram, um Uno.

Tem vezes, no meio do trânsito, eu não tenho nada pra fazer e fico limpando o pára-brisa. Só pra ver ele funcionar – e também deixar o vidro bem transparente. Quando chove, fico mudando a cada quarteirão a velocidade do limpador. E... meu carro tem limpador de vidro traseiro, então a diversão é ainda maior! (eu pareço uma criança falando).

Mas aí teve um dia, eu peguei o carro da minha mãe e me deparei com um limpador de pára-brisas de palhetas duplas. Funcionava bem mais rápido. E eu voltei a me questionar qual a droga do tipo de limpador que era melhor.

Dia desses, indo para Barueri, estava no banco da frente de um dos carros do trabalho e estava chovendo forte. Limpador duplo. Fiquei ali olhando o funcionamento das peças por um bom tempo, vendo que o da direita era menor e ele só ajeitava a água para o outro, o da esquerda e maior, tirar do vidro.

Então o motorista do carro me olhou de rabo de olho, talvez se perguntando por que meus olhos brilhavam olhando as duas palhetas. E eu percebi que, para o meu próprio bem, era melhor eu parar de ficar perdendo tanto tempo pensando coisas tão bestas.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Assuntos superficiais e mal-explorados

O Campeonato Brasileiro acabou e geralmente não se tem nada para fazer no mundo do futebol. Não que se tenha normalmente, mas nesta época o noticiário é bem fraquinho.

Mas, por uma sucessão de folgas e férias na redação, fiquei a cargo do Palmeiras. Uma avalanche de boatos, muitas repetições e blablá. É legal, mas cansa um bocado. Telefone na mão, tentativa de falar com mil dirigentes... e F5 nos concorrentes para ver se não estou levando furo.

Apesar de ser muito mais fácil cobrir seu clube de coração, é meio estressante. E percebi meu estresse acumulado saindo do estacionamento, na Paulista. Percebi que havia um moleque de uns 8 anos no carro da frente virado para mim mostrando a língua.

Ficou nessa um bom tempo. Até que eu percebi que aquela língua feia era para mim e respondi bem chulamente: com o dedo do meio. Ficamos nessa por uns 10s, até que ele se escondeu. Depois voltou com a língua, e eu com o dedo.

Mostrei para o Mé, o carona do dia. Ele ameaçou me repreender: “Pô, mas é só um moleque tosco”, argumentou. Contra-argumentei: “Eu sei. Mas se ele estivesse dando um tchauzinho, sei lá, eu faria um jóia e tal. Ele sabe que mostrar a língua é feio. E este é o gesto mais feio que eu conheço”. O Mé concordou e também mostrou o dedo.

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Meu projeto de Único Trabalho Sério da Faculdade Trabalho de Conclusão de Curso foi aprovado sem restrição. Agora eu tenho caminho livre para começar uma biografia sem falar com a minha biografada. Faltam 11 meses para a entrega e... dá uma preguiça enorme começar.

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É extremamente engraçado quando você está no bar, sentado às mesas colocadas na calçada da Avenida Paulista, e passa um velhinho branquelo, barbudo e de cabelos e barbas brancas. Sempre tem alguém que chama a atenção de todos para a passagem do Papai Noel.

Mais engraçado ainda é quando você está no bar nas mesmas condições citadas anteriormente e o tal do Papai Noel se vira para o cara ao seu lado, quem puxou a atenção, e diz: “Pois eu tenho uma notícia bem ruim para você: o Papai Noel este ano não vai entregar presentes pra viados que nem você”.

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Em contrapartida, é decepcionante quando você espera o ano inteiro pela cesta de natal da empresa onde você gasta 50, 60 e às vezes até 75% do seu dia. E aí, na hora de pegar a cesta, recebe um panetone com umas bolachinhas.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

37,8ºC

Não sei bem o que me aconteceu, mas o fato é que estou com febre.

Quer dizer... eu até sei o que aconteceu. Se você somar noites de pouco sono a janelas abertas, uma alimentação à base de bananas nos últimos dias (estão baratas no mercado, veja só), o botãozinho do filtro de água gelada ligado e uns sorvetes aqui e ali... além de uma mudança brutal de temperatura... acho que algo tem que acontecer.

Percebi ontem que as coisas não iam lá muito bem. Sem muita explicação, no almoço, notei que meu rosto estava suando absurdos. Pensei que era por causa da mudança de tempo, sei lá por que imaginei isso... mas sei lá.

Eu não sei bem o que eu tenho, se resfriado, virose, gripe ou alguma outra coisa ou até mesmo frescura. O fato é que ficar com febre é algo bem interessante. Hum... interessante não, dã! Acho que é mais... ahn, curioso? Que seja.

Durante a febre, você tem uma alternância gigantesca de sensações térmicas. E nada é condizente com a temperatura ambiente. Pode estar um puta dum calor e você está lá, com frio. Aí realmente o clima esfria e você começa a suar desesperadamente, quase derretendo.

As temperaturas, aliás, não fazem mesmo sentido. Hoje, por exemplo, tomei o banho mais gostoso dos últimos tempos. E olha que o chuveiro aqui de casa tem apenas três temperaturas: quente, quente pra burro e água pra ferver macarrão. O chuveiro daqui de casa é horrível em tempos de verão.

Nesses momentos, todo o seu corpo dói. Dói o cotovelo esquerdo, apoiado na cama enquanto eu digito essas baboseiras. Dói a minha garganta. Dói o meu couro cabeludo, além de toda a minha cabeça. Doem também o joelho direito, as costas, o joelho esquerdo... Dói até o olho, quando tento olhar para o lado.

Mas sabe o que é mais legal em dias febris? A vontade de não sair da cama e o sono intenso. Um sono forte que bate mesmo sendo quase manhã para mim: as 9 da noite. E quer saber de uma coisa? Vou lá para minha cama, quentinha, fechar a minha janela e me enfiar debaixo de dois cobertores. Ligar o rádio em algum jornal e acordar só amanhã de manhã.

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Ah, esqueci de falar que é horrível acordar com febre. Todos os sintomas descritos anteriormente se potencializam e a vida se torna um inferno. Mas deixa que com isso eu me preocupo amanhã de manhã.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Yo soy una mula, capítulo I

Várias vezes por semana, talvez até por dia, me dou conta de que minha certeza sobre mim mesmo é a maior furada.

Inúmeras coisas das quais eu estava crente que dariam tudo certo se mostram, passados alguns meses, semanas, dias, horas e até minutos, uma idiotice por completo.

Na maioria desses casos, fico sem reação aparente. Mas, por dentro, não deixo passar uma frase-lema para esses momentos: "Yo soy uma mula". Assim, em portunhol mesmo. Sei lá por que, mas o fato é que isso acontece.

Uma prova disso aconteceu essa semana. E, já me dando conta de que esse acervo de self-pataquadas poderia render pelo menos alguma coisa interessante, resolvi inaugurar esta série à parte deste blog: a seção Una mula, que poderá ser atualizada semanalmente ou diariamente. Embora, claro, eu espere que fique mesmo só neste primeiro capítulo.

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Tenho minha idéia de tema para o Único Trabalho Sério da Faculdade Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) já tem muitos meses. Um ano, se bobear. Até que um dia, um sábado qualquer após receber um bolo de tédio, resolvi fazer meu projeto.

Era agosto, eu acho. Quatro meses antes da entrega. Para deixar tudo pronto. Imprimi algumas cópias, mostrei uma para o meu professor de introdução a essa bagaça e outra para o Celso, que jogou pedra na cruz e como castigo recebeu a missão de me ajudar nessa parada meu orientador. Todos deram uns toques aqui e ali e pronto.

Aí eu tive a brilhante idéia de mostrar para o Erick, meu chefe, que por muitos anos cobriu tênis na carreira e poderia também me ajudar. Ele me deu muitas, muitas dicas. Apontou fontes interessantes e indicou um nome ou outro por aqui que poderiam ser de vital importância para a realização do projeto.

Fiz as anotações a lápis no papel e guardei tudo bonitinho na minha mochila, para “anotar tudo no arquivo do Word” quando eu chegasse em casa. E aí o tempo passou, o tempo passou, o tempo passou... o tempo passou mesmo, e eu sempre deixava essa atualização para amanhã. Chegou dezembro, dia da entrega do projeto, e eu lembrei que precisava dar um update no arquivo.

Tirei todos os papéis dobrados no bolso em questão da mochila. Encontrei muita coisa: apostilas de uma matéria picareta que eu nunca li, conversas por bilhetes com uma ou outra amiga de sala... até envelope de revelação fotográfica (uau!). Mas nada, nada do projeto de TCC.

Agora eu não lembro mais os nomes das fontes quentes que meu chefe indicou. Não sei mais quem é o cara que pode salvar a minha vida fazer a intermediação para eu conseguir falar com meu biografado. Não sei onde diabos aquela droga de papel foi parar. Agora, alforriado de férias da faculdade, estava pensando em começar tudo logo. Mas... e agora, cara-pálida?

Vou aproveitar essa semana e voltar para o meu chefe: “Então, Erick, a besta aqui perdeu aquele papel cheio de anotações pro trabalho, você poderia me passar de novo, por favor?”. Mas, por enquanto, fico com a voz de censura aqui dentro da minha cabeça, que me lembra: “Usted é una mula, Felipe Held”.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Não entendo qual é que é a da cebola

Estava pensando nisso hoje durante o almoço e percebi que... não cheguei a conclusão alguma. Sério, não me entra na cabeça direito a utilidade pública da cebola. E nem a injustiça por que passa a coitada.

Quando eu era pequeno, não gostava de cebola. Mas com o tempo aprendi a comer a minha tenebrosa comida – de quebra, todos os alimentos que antes eu detestava passaram a ter um sabor delicioso, desde que não preparados pelas minhas mãos de dedos finos e tortos.

E a cebola entrou nessa. Gosto de cebola. Quase incondicionalmente. Até que um dia estava almoçando com uma ex-namorada (que na época ainda não era ex, claro) e ela me disse, culpada: “Amor, tô comendo cebola. Você não se importa?”. Banquei o bonzinho e disse que não, claro. Porque eu não sabia o que aconteceria depois do almoço.

Mas tirando esse episódio, e as lágrimas que eu perdi descascando cebolas, gosto do tal vegetal em pauta neste blog. Só que... afinal, o que diabos é a cebola? Fruta não é, nem mesmo pseudo-fruto. Mas não tem aquela sustância pra ser um legume, como... uma cenoura, por exemplo.

Uma vez, no colégio, ouvi um professor dizer que a cebola era um conjunto de folhas modificadas e blablá. Então... a cebola é tipo um espinafre travestido, é isso? Bah, que palhaçada!

Só que, resumindo, a cebola é um vegetal – não pode ser carne, claro, e... até que me provem, não é algo industrializado. E, como vegetal, deve ter lá seus nutrientes. Mas minha mãe nunca falou “come cebola, filho, porque ela é rica em sei-lá-o-quê”.

Quais os nutritivos de uma cebola, alguém sabe dizer? Aquela coisa deve ser rica em sódio, eu acho. Só que... poxa, ninguém nunca disse que cebola faz bem pros olhos, pra memória, pro cabelo, pra pele, pra voz... só falam que faz você ficar com um hálito bem ruinzinho (e eu não tinha me lembrado justamente disso no almoço com a ex).

Poucas pessoas aliás gostam de cebola in natura. Eu, particularmente, adoro cebola cozida ou aquelas empanadas. Mas de uma maneira geral, a cebola serve apenas para temperar, dar um gosto a mais em todos os alimentos. A cebola é um ketchup à moda antiga, se bobear.

Eu quase senti dó da cebola pensando nisso. Só que nem tudo está tão ruim para ela, que não está sozinha nesse mundo: ela tem a companhia do alho, outro ser sem utilidade pública muito relevante. Assim como este texto.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Ainda não é verão

Mas é final de ano. E final de ano é uma delícia. Mesmo. Novembro e dezembro são, de longe, os meses dos quais eu mais gosto em todos os anos. Mais até do que abril, o mês que eu elegia como o me favorito quando pequeno pelo simples fato de que... eu faço aniversário em abril.

Mas abril não é legal. É um mês de outono, no meio do semestre... é aliás o meio do semestre. Depois de agosto, acho que abril é o mês mais chato do ano. Sério. E isso é uma pena, porque... eu faço aniversário em abril, lembra? Humpf.

Só que... não vamos falar de abril, ele está lá distante. Vamos falar do atual momento do ano, esse do início de dezembro. De verdade, é quando eu tenho os melhores motivos para sair de casa, respirar fundo e sentir que o mundo não está perdido. Simplesmente por causa da umidade do ar, que fica também com um cheiro diferente. Ah, eu adoro essa época do ano!

Outra coisa bem interessante de se fazer neste início de dezembro é sair do trabalho às 7 da noite. É mais do que revigorante sair na rua e ver o dia ainda claro, por causa do horário de verão, e quente. Tem vezes em que ainda tem sol, e tal. Sem contar que não tem aula na faculdade. Dá mais do que vontade de parar no bar e tomar uma cerveja com os amigos depois do expediente.

As primeiras horas da manhã também são bem bacanas neste finalzinho do ano. Os dias são tão mais claros do que o normal, o sol fica mais brilhante do que o normal e não necessariamente quente, até pelo menos umas 11 horas. Eu, que normalmente estou acostumado a acordar mesmo lá pelas 11h30, fico bem a fim de levantar mais cedo só pra ficar deitado na cama, com a janela aberta e vendo desenhos animados na televisão, pegando sol e vivendo por osmose.

Adoro ainda passear pela cidade à noite, lá pelas 8 ou 9 da noite. Sair de carro com a minha mãe para ver os enfeites de Natal pelas ruas. Eu adoro enfeites de Natal, e me entristece um tanto ver que o final de ano não é mais tão animado como uns dez anos atrás. Gosto também de ficar em casa, com calor, tomando picolé de limão com o ventilador ligado. Delícia.

Chega essa parte do ano, eu até tenho vontade de ir para a praia. Não tenho nenhuma relação muito afetuosa com a praia (tanto que só fui conhecer o mar ao vivo e a cores com quase 13 anos), mas tem dias em que eu penso que seria bem agradável acordar às 10 da manhã, ficar bebendo na praia até umas 5 da tarde... parar, descansar um pouquinho e voltar pra andar no calçadão de noite e tomar um sorvete.

Mas sei lá. Algo que foi bem, bem bom mesmo foi esse meu primeiro domingo de ‘férias’ da faculdade. Tinha acabado o futebol na televisão, eu fiquei jogado aqui na cama com a televisão ligada... até que tocou a musiquinha do Fantástico uma hora e não bateu aquele frio na barriga de que ‘amanhã começa tudo de novo’.

Amanhã, de fato, começa tudo de novo no trabalho. Completo até 2 anos de redação neste 1º de dezembro, embora desta vez não tenha pique de fazer um texto especial como no ano passado (suspiro). Só que ouvir a trilha do Fantástico e ficar tranqüilo é algo mais do que revigorante e animador.