quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Caution! Police line, you better not cross

Is it the cop¹ or am I the one that's really dangerous?


É, até que são algumas coisas que vêm me fazendo pensar isso. Talvez eu realmente seja o perigoso de verdade. Não por intenção, mas por maioria de votos, sabe? O que eu não entendo é simplesmente algo do tipo "como eu vou ser o perigoso se eu só sei dormir até começar Chaves, não fazer nada até umas 18h, ir atrasado pra faculdade, passar 3 horas e meia pensando na vida [porque as aulas enchem o saco. 'Pra gente fazer aquilo que gosta, tem que agüentar 8 aulas que você odeia'], voltar pra casa, ver Pantera Cor-de-rosa, o Gato Félix e depois dormir. Dormir encolhido, virado pro lado e até muito tarde". Que há de perigo nisso?

Mas é que tanta coisa me faz achar isso. É bem capaz que não seja eu, mas meu heterônimo. Ou minha segunda personalidade, meu eu-lírico. Ou não, é tudo uma putaria maluca, um oceano de sorte não muito boa [se preferem que eu não seja pessimista] e tudo mais.

Porque todo trabalho em que eu me meto, acabo com o negócio. Primeiro a agência de comunicação sem sintonia nenhuma. Fui contratado, comecei... e logo no meu primeiro dia a empresa entra em crise financeira e tem que me demitir². Depois, o site de esportes, o site que não tinha futuro porque nem presente rolava lá. Escreveria de graça, então não teria problemas de levá-lo à falência. Publiquei um texto, dois, três... e, de uma hora pra outra, o site fecha. Uh!

Tá, deixemos a questão profissional de lado, vamos às amizades.

Até hoje eu ainda olho na caixinha do correio quando chego em casa. Mês passado, eu ia duas ou três vezes por dia empurrar a portinhola do número 13 [sugestivo, não?] para ver se a carta tinha chegado. Não chegou naquela sexta, nem na outra, na outra, na outra... e já nem sei quantas sextas-feiras, sábados, domingos, segundas ou semanas inteiras já se passaram e eu não recebi nem um telegrama bem simples: vsf, fdp. Nem custa caro, poxa! E pensar que eu escolhi o preço mais caro porque a porcentagem de entrega era maior. Poderia ter jogado 1¢ no balcão em troca de uma Carta Social que daria na mesma!

Foram tantas experiências novas por que passei [ficou feio isso, né?]... fiz um monte de coisas que nunca havia feito, pensava numa série de coisas para nunca deixar a amizade morrer... e qual o retorno? O retorno é o concreto e consistente nada. A razão? Talvez eu seja um crápula no último ano da idade do futebol olímpico³ que gasta seu tempo por aí fazendo nada, enchendo a cara [?] e tendo lembranças. Quem sabe eu não seja? Quem sabe eu não estava certo aquele dia, na estação de trem? É, eu estava certo... Não, nem vou te mostrar esse som. Você vai deixar de ser minha amiga. BINGO! Sabe, eu até sinto sua falta, por menos que a gente tenha convivido. Tenho vontade de falar com você, de te contar uma série de coisas... Você não sabe o acervo de histórias que você tá perdendo...! Mas eu te entendo, talvez eu seja MESMO um really dangerous.

Não sou você, mas também você. Mas não entendo o segundo você.
{e é bom que ninguém [nem eu mesmo daqui uma semana] vai entender}



O legal é que, neste mesmo tópico, eu não sou tão perigoso assim. Era a segunda opção que vem sendo a única. Agora sim eu entendi quando você [o primeiro] disse que era pra ter umas opções. Como você [o primeiro, que era a primeira opção] nem você [o segundo, que era a terceira opção] deram certo... Mas é engraçado. Muito, muito engraçado.

Puts, que piração! Desencana, nem rola mais escrever. Aí até eu vou ter medo de mim se reler isso.
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1: Cop, do Português "Corre, mano, olha os cópi aí!"
2: Pilantragens à parte por conta da parte empregadora
3: Seria muito simples escrever 23, ficaria muito na cara

terça-feira, 22 de agosto de 2006

Pegadinha do Mallandro

E pensar que este tinha sido um dos primeiros comentários sobre o primeiro emprego.

"Tempo vago ao quadrado... O trabalho só pode ser pegadinha", eu disse. É, foi uma pegadinha... e de mau gosto. Uma coisa dessas não se faz, ó, Bárbara!

Eu nunca gostei de filmes que começam pelo final, mas acabei tomando esse rumo no post. Bem, deixa eu tentar consertar...

Eu nem queria o emprego. O salário era mais baixo do que aquele que eu queria de verdade, o trabalho era mais chato... mas eu iria trabalhar menos, e em casa! E eu teria minha fonte de renda pra pagar as aulas do idioma maluco... e teria uma reserva para viajar por esse mundão de Deus-dará daqui a um tempo. Então eu topei.

Como de costume, a mãe sempre se empolga mais do que o próprio filho. Dava pra sentir o orgulho que ela tava tendo, o sorriso feliz que há tempos não soltava tão feliz. Então eu fiz a minha parte: acordei cedo, às 7 da manhã [e isso já é uma vitória pra quem acordava todos os dias ao meio-dia], tomei banho, briguei com o cabelo, coloquei camisa combinando com calça, calça combinando com sapato... e mimimi. Pego metrô, pego outro metrô, pego ônibus... e chego lá em cima da hora, pra minha sorte. "Meu primeiro dia de trabalho, não vou chegar atrasado".

9 da manhã e lá estou eu. Só eu e a secretária. Ela liga o computador pra mim e eu fico lá fazendo nada. Melhorando meu vocabulário neerlandês e tudo mais. E fico nisso até às 11, quando finalmente chegou alguém. Faço meu serviço medíocre [jornalístico como uma tuba] em meia hora e continuo navegando no mundo virtual da internet. Depois vejo Chaves e vou almoçar com o pessoal do escritório.

Volto do almoço [e que desagradável! Eu jurava que era amostra grátis de suco de maracujá com coco, nunca imaginei que aquele copinho plástico era uma batida!] e continuo fazendo nada. E não fiz nada até as 4 da tarde. Faço mais um trabalho tubalístico em meia hora e agrado a chefia. Assim como agradei nas etapas de seleção. O emprego era meu, a confiança de todos estava comigo... aaaah!

Foi por volta dessa hora que chegou um cara hierarquicamente mais fodão. Porque ele chega às 16h, 7 horas depois do reles estagiário de 18 anos. E ele senta numa mesa [não senta exatamente na mesa] de frente para todo o escritório do conjunto 143. Mas não é o chefe, porque ele tem uma sala só pra ele, o conjunto 144. Mas recebe ligações importantes, fala em nome de empresas... é, era um mais assim... top.

E é quando todo mundo sai da sala que ele vem falar comigo.

- Oi, a gente ainda não teve tempo de se apresentar, né?
- É, é verdade...
- Meu nome é Edson... e você? Felipe, né?
- Isso. Prazer.
- Tá tendo alguma dificuldade?
- Não, nenhuma...
- Nem com os clippings? Você já fez algum, sabe como é?
- Sim, já fiz um monte. Fiz 2 na etapa de seleção e hoje fiz mais 2.
- Ah, legal... legal. Vem cá, eu tô meio atrasado com o meu trabalho, você poderia fazer um clipping pra mim?

[claro, né? Quem é o estagi(ot)ário?]

Fiz e mandei pra ele, que lê e vem na minha mesa [improvisada, porque a garota dona da mesa tinha faltado]: ficou muito, muito bom [ah, até parece! Eu fiz nas coxas aquela porcaria!]... só vou pedir pra que você fale mais do presidente dos otorrinolaringologistas e da semana de saúde... o presidente é nosso cliente, a semana é um projeto nosso. Sabe como é, né?

[claro! Eu odeio o mundo do Jornalismo por causa disso]

Refiz. Refiz e reenviei. Logo depois recebo outro e-mail:
Está ótimo. Muito obrigado.

Pff, imbecil [fazia tempo que eu não falava isso, então vai de novo: IMBECIL!]! Estava a 5 metros de mim, até menos... por que me mandou um e-mail? Não poderia ter falado?`Pff...

Mas o mais legal foi quando eu tava de saída, às 18h. "O chefe quer falar com vc antes de vc ir, Felipe... pode ir na sala dele?". Claro, né? Fui. E fui pensando que ele ia combinar o horário, o salário e as atividades comigo. Ou elogiar meus textos, ele dizia que gostava [não sei do quê e nem por quê. Porque eu escrevia sem o menor gosto, sem a menor vontade... e escrevia as coisas mais simples possíveis naquela josta]. Pois bem. Chego na sala dele, sento... e ele me olha com mó cara de cu: "olha, eh..., eu nem sei o que eu vou dizer pra vc, tô morrendo de vergonha... Uma droga isso que aconteceu, mas a gente rompeu com um cliente e agora as coisas apertaram um pouco. Então não vai rolar mais estágio por enquanto. Não tem nada a ver com vc, pelo contrário, porque tava todo mundo adorando o seu trabalho, parecia que vc já tinha experiência nisso... mas... desculpa, desculpa. Mas eu tenho seu telefone, até sexta-feira eu te ligo e te recontrato."

Passei o número da minha conta pra que ele depositasse as valiosas vinte pratas do meu serviço [R$ 2,15/hora] lá. Mas eu já tava dando risada, tava achando engraçado. Foi engraçado todo mundo se despedindo de mim, me dando um até logo que eu fazia questão de deixar claro que era um adeus. "Até mais. Qualquer dia a gente se encontra por aí, talvez".

E foi assim que eu fui demitido 9 horas depois de começar a trabalhar. Engraçado. Engraçado ligar pras pessoas e falar "fui demitido". Engraçadíssimo na hora, deprimente agora. Oh! =(
É, eu deveria estar na Psicologia. No curso ou no divã, não sei. Ou nos dois.

Deprimente, sabe? Aquele estilo de depressão que não te faz chorar, mas só andar com a cabeça olhando o sapato engraxado... e botar as mãos nos bolsos sem nem se importar com os 8º da Paulista. E não usar blusa, só a camisa social. "Você vai se resfriar, menino!". Qual a diferença? Já tô todo fodido, mesmo! Não te faz chorar, mas faz as lágrimas caírem do seu olho involuntariamente. Não estava chorando, estava até rindo. Mas meu olho chorava, era esquisito.

Esquisito. É assim que tudo tá parecendo pra mim.
Esquisito.

quinta-feira, 10 de agosto de 2006

Timmy, the turtle


And he's out of his shell.

Pós Jogo

Ponta de estoque (2)

Muito empolgado pra deixar o dia passar em branco, mas muito cansado pra escrever sobre ele [já estou fazendo isso, e pelo menos meu nome vai ser divulgado, se der certo].
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Pedrinho ajeita a bola, olha para o gol... O juiz autoriza, a bola passa pela barreira... E é gol!

A torcida grita olé; Baiano recebe na ponta direita, avança... Entra na área, cruza... O atacante se estica todo e a bola passa, Marcinho vem de trás e chuta... E é gol!

O juiz apita, e todos que foram ver o jogo saem satisfeitos, em especial o garoto que atravessou a cidade para matar a saudade do estádio - Ele sim sai radiante; o dia realmente valeu a pena!-. Compra uma cerveja por dois reais (nem liga para o preço, a vitória valia bem mais do que isso) e vai para o metrô não cabendo em si próprio. Chega em casa e conta para todos sobre o jogo, sobre os gols, sobre a bandeira... Estava feliz da vida, felicidade que há tempo julgava não sentir.

Conecta no orkut e vê a última pessoa que queria ver naquele momento... Ou a única pessoa que queria ver naquele momento. Como sempre que a vê, seu coração não sabe se pára ou se acelera; e deixa um recado para ela... Assim que recebe a notificação de que seu recado foi respondido, fica na expectativa e recebe uma mensagem que o alegra mais ainda!

Sai para contar para todos sobre a mensagem, esperançoso e orgulhoso. Mas sua alegria não dura mais do que alguns instantes, quando todos para quem havia contado dizem que isso não significa nada... Ou pior: não era nada daquilo que ele achava ser, mas bem mais constrangedor.

E aí é que a mesa vira! A ótima sensação que o havia dominado do trajeto estádio-casa se esvai em frações de segundos. Fica tonto, confuso... E volta à antiga sensação de joio no trigo. Quer desabafar, mas para quem? Para o teclado!? Ou para uma tela? Nem ele sabe, sente-se mal. Pensa em, somente, aliviar a sua tensão (por favor, não me venha com piadas, falando que ele foi aliviar uma porque a situação não é propensa para humor... Não agora!). Pensa em quebrar promessas, não se importa com as conseqüências, o que vale é o momento (se o futuro nunca foi bem planejado, só o presente que interessou, pra que mudar? É muito mais fácil manter os seus próprios dogmas e segui-los do que rever os conceitos e cambiar... Não seria original, não seria a mesma pessoa - ora, ele é ele agora?).

Volta a ver os recados da pessoa que indiretamente - indiretamente nada, se ele tivesse sido mais rápido e tivesse planejado as suas atitudes, tudo isso poderia ter sido diferente (onde foi que eu já vi isso antes?)! Mas já foi dito aqui, ele nunca pensou nas atitudes, o que valeu sempre foi o momento! Vai achando que seria muito melhor esclarecer tudo de uma vez (quer parecer rápido agora, veja só!), mas não há porque ter pressa, não se deve ser apressado, deve-se deixar que tudo aconteça naturalmente (isso já está ficando familiar, já vi isso em algum lugar!) - o teria deixado como agora está...

“A curiosidade matou o gato (e o fez quebrar a promessa. Não! É muito mais fácil justificar os erros através das situações em que se está metido! Então vamos parar de falsidade: quebrou a promessa por ser estupidamente inseguro!)”, me disseram certa vez; e também disseram que “Quem procura, acha” (Ora, isso aqui virou livro de chavões?)... E ele achou o que queria (queria?): ela falando sobre o nome de outro.

Eu juro que ouvi! Eu estava do outro lado da rua nessa hora, mas ouvi alguma coisa sendo partida em milhares de pedacinhos. Doeu até em mim, posso dizer. Mas quantas vezes não o avisei para não apostar todas as suas fichas em uma máquina só (com mais dois clichês isso aqui vira uma letra da Legião Urbana!)? Mas ele me ouviu? Negativo! Só quis ouvir seu sentimento cego (Estou guardando o que há de bom... Em mim – descontrair é bom!)... Que por ser cego e não enxergar, além de subir pra cima, foi indo e desceu pra baixo... Sim, desceu para baixo e o levou novamente à condição de perdido...

E perdido ele está, eu vejo daqui de cima... Vejo-o lá embaixo, sem saber o que fazer, contando às paredes suas desventuras...

- Tentar? – ele pergunta a si mesmo fingindo não ter entendido a pergunta que uma parede fez.
- Seria uma boa idéia - ele realmente acha que tem alguém falando com ele, coitado!-, se já não estivesse cansado!
- De quê? – que dó, ele está ficando abalado! Alguém pode avisá-lo para parar de falar sozinho?
-Justamente de tentar! - Por mais que não pareça, ele realmente tentou... E cansou de ver as portas (ou a única porta que foi batida – muitas vezes) se fecharem na cara dele... Mas desta vez não viu se a porta foi fechada tão violentamente que bateu e abriu por impulso (lei da ação e reação, quantidade de movimento, empuxo, inércia, campo elétrico – alguém que entenda de ciências melhor do que eu lhe explicaria mais detalhadamente) ou se não foi fechada propositalmente e uma fresta foi deixada...

‘Mais uma vez?’, ele pergunta para suas novas amigas (ele está quase me convencendo de que realmente tem alguém ali junto dele!). Não sabe... E por isso começa a escrever um relato em terceira pessoa, fingindo ser um observador externo aos fatos – mas onisciente – contando a história de um suposto fracassado (ou seria medroso?).

Coitadinho! Tomara que ele possa se recuperar... E sorte a minha estar daqui de cima e somente contar os fatos desse medroso. É... a vida é injusta para uns, justíssima e boa para outros, como eu!

Vou rever os gols do jogo (o gol de falta foi realmente uma pintura!), então paro por aqui... Boa noite!

quarta-feira, 9 de agosto de 2006

14.05.06

SESSÃO PONTA DE ESTOQUE

Por pura preguiça, não quero fazer textos novos por enquanto. Então, pra deixar isso aqui rodando, vai alguns textos feitos algum tempo atrás. E também porque é tempo de rever conceitos, rever objetivos e tudo mais. Continuar a escrever posts melodramáticos poria em xeque tudo isso.
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14/05/06


Bem, agora vem a minha parte do presente de Dia das Mães. Não sabia muito como fazer tudo isso, acabou saindo meio que de última hora... Por mais que não pareça, também estou com muita falta de tempo.

É, e por sua causa. Trabalhos e mais trabalhos da faculdade, aulas de Inglês... Por sua causa. Mas eu não tenho do que reclamar; se não fosse por você eu não estaria fazendo nada disso. Não só pelo fato de estar financiando essa infinidade de coisas que estou a fazer, mas – principalmente -, pelo apoio que me dá e a confiança que me credita. Certamente, não fosse por você, talvez – ou com toda a certeza – eu estaria no cursinho, estudando como um louco para tentar passar em Física, Matemática... ou qualquer outra coisa esdrúxula por aí.

Só que não tenho que te agradecer apenas por isso, mas por muito mais. Por sempre, sempre acreditar em mim. E se orgulhar de mim. Desde os tempos de escola, desde a época do colégio do Planalto Paulista. Ou desde o começo de tudo. E é justamente por isso que eu continuo toda essa batalha. Não vou negar que eu tenho passado por montes de conflitos diários, mas pensar em tudo por aqui me acalma... e muito

Uma coisa que eu queria, porém, era poder voltar no tempo. Não para tentar mudar o que aconteceu, não; mas para me mudar. Queria muito voltar a ser como antes; mais animado, contente, esperançoso e tal. Ter a visão de mundo que eu tinha quando era menor. Porque a felicidade, pelo menos na minha concepção, está na inocência, na ignorância. A partir do momento em que se vive o mundo, descobre-se a tristeza... e viver essa tristeza é de doer. Não sei se você vai me entender – ainda mais porque essa é a primeira vez que eu digo isso -, mas as pessoas me entristecem demais! Não qualquer tipo de pessoas, mas as crianças e velhinhos. Não qualquer tipo de crianças e velhinhos, mas criancinhas gordinhas (e ainda mais se elas estão conversando – seja lá sobre o quê for – ou brincando com alguns cacarecos) e velhinhos magrelos, franzinos e de bigode. E se ele ainda demonstra o menor olhar triste, já tenho a maior vontade de não olhar mais para ele. Mas todo dia, no caminho da faculdade, eu vejo um velhinho baixinho, magrinho, de bigode e com um dos olhares mais tristes do mundo. Ele fica sentado na calçada do cruzamento Paulista x Brigadeiro. Fica sentado com uma bacia branca e encardida na mão. Mas eu nunca vi essa bacia com uma moeda sequer. Entretanto, ele não pede dinheiro. Só que ninguém dá.

Não sei se você entendeu, isso até pode ter soado meio confuso, mas acho que entendeu, sim. Afinal, é a única pessoa que sabe – não sei se pelo olhar, pela voz ou o raio que for - que eu estou triste. Sabe exatamente quando eu estou triste. Nunca errou, nunca. Mas eu nunca digo que estou. Ou porque aprendi com meu pai (o que pode ser que tenha acontecido) ou porque são coisas totalmente sem importância, sem relevância alguma. Acontece que eu sou igual à vovó, qualquer coisinha me chateia. E muito. Assim como aquele velhinho da Paulista me dá a maior vontade de chorar. Só de olhar pra ele.

Ah, mas eu nem vou (e nem quero) ficar aqui falando sobre tudo o que passamos juntos, seria muito clichê. Mas queria te agradecer por tudo o que tem feito por mim, por todo o apoio que me dá e por ser a pessoa mais próxima de mim. Não moramos juntos, mas acho que, em um dia, falamo-nos mais do que eu fali em casa durante um ano. Talvez por isso eu me sinta tão sozinho ultimamente.

Quer saber, vou te contar uma coisa. No dia em que eu fui operar o dente do Siso, fui teimoso a ponto de ir sozinho. Mas bastou a dentista começar a me dar algumas injeções para eu começar a passar por algumas crises. Tive medo, até demais. Me senti tão sozinho como nunca antes. Minha vontade era de começar a chorar e ligar para você. Acabei superando isso, talvez porque, no fundo, no fundo, eu sabia que você iria aparecer. E só de te ver lá já foi uma das maiores alegrias que eu já tive. Eu juro!

E depois, no pós-operatório. Totalmente maniqueísta a situação. Você cuidando – à distância – de mim. E cuidando muito bem. Enquanto isso, meu pai fazendo pouco caso e resmungando por eu ter feito a cirurgia.

Bom, acho que já até escrevi muito. E isso nem foi um presente, mas algo que eu não consigo contar – mal de pai -, por mais que eu estivesse precisando.

Saiba que eu te amo muito. Muito que você não é nem capaz de imaginar.

Te amo tanto que nem consigo expressar como deveria.


Pra sempre, do seu filho que te ama absurdamente,
Cavaleiro com Solitária


PS: E veja só! Toda vez que escrevo meu nome e parece que isso vai ser a minha assinatura daqui pra frente), o final (o Solitária) é igual, pelo menos pra mim, à sua assinatura.

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O do próximo post... bom, ainda tô em dúvidas sobre qual colocar. Mas ou me rendeu um 10 de âmbito acadêmico ou alguns bons comentários de ex-professores colegiais. Muito embora os dois sejam as maiores porcarias já vistas na superfície virtual.

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

We could leave this TOOOOOOOOWN and run forever!

Porque eu só tinha vontade de mostrar ao mundo a minha empolgação. E com essa empolgação do cacete, eu conseguiria correr pra sempre. Até as coisas mais chatas e bodeantes outrora foram engraçadas, e tudo fez com que o dia fosse fantástico. Mas vamos por partes...

O celular toca às 6h. Toca às 6h05min. Toca às 6h10, 6h12min, 6h15min... e eu sempre desligando pra dormir mais. Por fim, acordei às 6h39min, levemente atrasado. Saí de baixo dos dois cobertores e do edredon que me aqueceram super bem a tarde toda e comecei a pensar na vida. Enquanto ia pra área de serviço pegar a toalha, pensava se queria mesmo ir pra tal entrevista. "Eu nem sei do que é, nem vale a pena. É tão longe, nem vai dar tempo...", mas acabei pegando a toalha úmida [porque ela não seca em 8 horas no frio] e fui pro banheiro. Banho quente, a coisa mais gostosa do mundo. Enrolei, enrolei e pensei se queria ir ou não. Quando saí do banheiro, pensei em voltar pra cama e curtir mais algumas horas de sono. Preferi colocar a roupa normal, ligar a tevê no Bom Dia, São Paulo e me preparar pra sair. "Se agora for 7h15min, até dá tempo. Se for mais, nem vou". Mas nem enrolei tanto assim no banho, o relógio marcava 6h55min. Ok, vamos lá. Saí meio na pressa, com frio, e fui pegar o ônibus. Fiquei menos de 5 minutos no ponto, e aí o coletivo chegou. E chegou bem coletivo. Poderia ter dado meia volta e voltar pra minha cama, mas preferi enfrentar a lata de sardinha. Não poderia ler, isso é fato, mas tava bem com meu volume alto no fone de ouvido. Fiquei na porta, vendo o motorista trocar de marcha e tal, tava bem colocado. Mas bastou um quilômetro rodado pra que mais 40 sardinhas entrassem num lugar que não cabia mais nenhuma. Tudo bem, fiquei meio amassado e tal... mas pude perceber algumas coisas.

Por exemplo, a cobradora. Ela tinha uma cortina vermelha que não deixava que a moça sentada ao lado [ou atrás, depende do ponto de vista] visse a trocadora. E ela era bem feinha. As duas. Também percebi que as pessoas não têm o mínimo de noção de espaço. Uma passa pela roleta, no sufoco, e a outra já começa a empurrar pra passar também, mesmo não tendo espaço. Tsc, tsc. Preferi ficar um bocado antes da catraca, não queria me aventurar na geral.

Só passei o bilhete único quando houve um alívio mínimo no da linha 5128. Parei ao lado de uma moça que parecia ser bastante bonita. Mas nem reparei nela, fiquei olhando as ruas... tava com medo de me perder. Aí o ônibus foi ficando mais e mais vazio, e eu pude começar a prestar atenção nela. Ela parecia chamar Daniela. Tinha as unhas roídas, o cabelo bastante liso [mas não era pranchado (ou chapado), era bem bonito e natural], vestia-se de preto... toda de preto. E talvez chamasse Daniela, tinha cara mesmo. Calça, meia, sapato, blusa, colete, jaqueta... tudo. Talvez ela seja esclarecida, tenha algum motivo pra isso. Talvez seja revoltada com alguma coisa como, por exemplo, a superlotação nos coletivos matutinos. É um bom motivo de revolta. Fiquei olhando mais, mas só olhando porque eu gosto de olhar o que acontece à minha volta. Porque assim eu posso fazer piadas, essas coisas. Mas também notei que ela tinha uma aliança de prata no anelar direito. Bem, isso não queria dizer que eu estava impedido de olhar pra ela, só queria dizer que alguém também já tinha percebido as mesmas coisas que eu tinha. Quando o Mercedes esvaziou mais, sentei atrás dela. E aí eu pude perceber a última coisa dela: ela desce na Santo Amaro.

Depois disso, fiquei só olhando pras ruas. Percebi que Flórida e Califórnia ficam longe uma da outra, em cantos opostos... tanto dos Estados Unidos como daquele bairro esquisto da antiga Noca Amsterdã... o Bronks.

Mais nenhuma surpresa de verdade até eu chegar na empresa. Tirando que eu percebi ter uma sorte fodida por chegar 5 minutos antes do horário marcado. Logo depois, percebi que a empresa tinha um nome esquisito e que vai demorar pra eu memorizá-lo. A percepção continuou com a sala da chefe, um tanto quanto desorganizada. E que ela tinha gostado do meu currículo vazio ou das minhas respostas pensadas na hora. E o mais desagradável é que eu notei que a tia de lá não sabe fazer café... mas fez uma água suja que era uma delícia!

Percebi que era lá que eu queria trabalhar. Porque o salário é legal, os benefícios também. Assim como o horário. Legal, legal! Que era bem melhor do que as outras duas perspectivas de emprego que eu tinha, que, aliás, são uma merda. E percebi que tudo deu certo, mesmo eu percebendo que não sabia muita coisa do Hezbolá e do Israel. Trapaceei um pouco, mas ninguém percebeu. Acho que vão perceber só que eu fiz uma pauta com uma série de contatos, talvez gostem disso.

Aí eu saí do prédio duas horas depois de ter entrado. Feliz, com a maior vontade de rir. Porque eu estava super feliz, animado, empolgado... e com querendo cantar a música animada que soava no ouvido. Percebi que a chefe tinha bigode, hihihi. Percebi, então, que ter ido pra lá fantasiado de Rasputin não foi tão mau assim.

E, pra terminar, percebi que o ônibus é vazio ao quadrado no caminho de volta. E percebi que eu não percebia muita coisa. O jardim do prédio tá tão bonito, as flores brotaram, abriram e tal de um jeito tão bonito! Aposto que elas não surgiram lá de ontem pra hoje, só eu que não queria percebê-las. Tsc, tsc.

Posso até não pegar o trampo, mas que foi demais, foi sim. Demaaaaaaaais!
Dois bons dias. Dois lindos dias, dois belos dias.
DEMAAAAAAAAAIS!

quarta-feira, 2 de agosto de 2006

A

Era simplesmente isso que eu queria ter visto. E era simplesmente por isso que eu não esperava. Quer dizer, por mais que eu tivesse certeza de que seria aprovado hoje desde quando eu acordei, na hora eu fiquei tããão nervooooso!

Ah, que demais! Se não fosse o Jorge Lafon o cara mais legal do mundo para deixar que eu, Cavaleiro com Solitário, dirija por aí, nessas ruas tão movimentadas dessa tão movimentada metrópole maluca...Ainda mais eu, Cavaleiro com Solitária, que dirige que nem um bode manco e bêbado com lordose... ainda mais eu, Cavaleiro com Solitária, nostálgico que sou... ainda mais eu, Cavaleiro com Solitária, que não consegue fazer duas coisas ao mesmo tempo... ainda mais eu, Cavaleiro com Solitária, que deixou o carro morrer 6 vezes no primeiro exame! Ainda mais eu, Cavaleiro com Solitária, que deixou hoje o carro morrer uma vez na subida e perdeu o controle no aclive também uma vez! Ainda mais eu, Cavaleiro com Solitária, que fez todo o percurso com o freio de mão puxado! Ainda mais eu, Cavaleiro com Solitária!!


Mas não importa. O que importa é que isso me deu tanta alegria momentânea! Aquela alegria que faz com que você bata a cabeça quando está saindo do carro e não sinta dor nenhuma, só vontade de bater de novo! Aquela alegria que faz com que você ande na rua dando risada, que faz com que você queira andar pela rua dando pulos de alegria... que faz você ter vontade de cantar e gritar a música animada que soa no seu ouvido. Ah, aquela alegria!

Já que a maré é de tanta sorte, por que não ser contratado? Se me ligaram hoje querendo fazer uma entrevista de emprego, por que não ir? Se eu até aproveitei a minha alta auto-estima e declinei o convite de ir hoje! Vou amanhã. E vou mais barbado do que o Mago Mérlin, que se foda!

Ah! :}