sexta-feira, 15 de maio de 2009

Back to the 90's

Não gostam quando eu escrevo sobre futebol. So sorry.

Minha mãe me ligou terça-feira e me acordou, não lembro muito bem sobre o que ela queria falar. Percebeu a minha voz de sono, perguntou se eu estava dormindo. Respondi que sim. “Mas... filho, são quase 7 da noite. Você não vai para a faculdade?”. Disse que não: “Tem jogo do Palmeiras, mãe, o mais importante do ano”. Acho que ela entendeu.

Era Palmeiras x Sport, lá no Recife, pelas oitavas-de-final (com hífen, velha língua portuguesa) da Libertadores. A Globo não ia passar o jogo, tinha Ronaldo na quarta-feira pelo Corinthians (prato cheio). Como não tenho mais televisão a cabo já tem uns dois anos, apelei para aqueles sites que transmitem jogo ao vivo. O sinal do Sportv já estava congestionado, fiquei com um em espanhol.

Depois que o Palmeiras levou o 1 a 0 no finalzinho do jogo, fiquei de mau-humor. Quase morri quando ouvi a bola na trave que o Sport meteu nos acréscimos. A partida, então, foi para os pênaltis. Assim como ia há dez anos, quando eu via o jogo no sofá da sala ao lado do meu pai – nas fases finais da Libertadores, palavrões eram liberados. Peguei a camisa que ganhei de aniversário da minha namorada e voltei a ter 11 anos, na torcida.

O Marcos, então, pegou três pênaltis e classificou meu time para a próxima fase. Acho que nem na final do Campeonato Paulista do ano passado eu fiquei tão animado com meu time. Literalmente, voltei a ter 11 anos. Gritei pela janela, li todos os relatos do jogo em todos os sites esportivos. Usei camisetas do Palmeiras até o final da semana útil. Eu, que torcia pouco, lembrei o quanto era bom vibrar com o futebol.

A vitória sufocante coincidiu com a minha leitura d' Os Dez Mais do Palmeiras, do Mauro Beting. Naquele dia, ainda estava no perfil do Julinho Botelho. A cada página, lamentava por ter apenas 20 anos e não ter visto Ademir, Dudu, Luís Pereira, Djalma Dias, Djalma Santos e as duas Academias de Futebol jogar. Hoje, porém, cheguei aos perfis de Evair e Marcos, meus dois maiores ídolos no futebol (o terceiro é o Ronaldo, mas eu não conto para ninguém).

Lendo detalhes de todos aqueles jogos que eu via, tinha uma memória agradável. Assim que terminei a brilhante parte do Marcos, resolvi digerir a leitura e fui ver uns jogos de tênis para o meu TCC – e, embora eu soubesse o resultado final do jogo, também torcia a cada ponto para a Maria Esther Bueno 50 anos atrás.

Depois, abri o YouTube para ver alguns lances da Libertadores de 1999. Nos pênaltis da final, urrava ‘uuuhh’ quando o Marcos quase alcançou as cobranças 2 e 3 do Deportivo Cali. Xinguei o Dudamel, o goleiro venezuelano que marcou o primeiro dos colombianos. Comemorei a bola na trave na quarta cobrança. Respirei aliviado quando o Euller virou na quinta cobrança do Palmeiras. Na última do Cali...

... Eu quase tive vontade de sair na janela da sala e gritar ‘É campeão!’, como fiz na madrugada de 16 para 17 de junho de 1999, antes de abraçar meu pai. Eu, fechado no meu quarto, gargalhei sozinho. Meu olho marejou, mas é por causa da irritação da rinite dessa semana.

Quando o Marcos parar de jogar, no final deste ano ou em 2011, não vou ter mais ídolos no Palmeiras. Em 4 de maio do ano passado, meio bêbado nas arquibancadas, gritei ‘Fica, Valdívia!’, para consagrar o chileno no meu imaginário. Ele foi para o Catar. Apesar de empolgado com o time do Palmeiras, não vejo um outro grande jogador além do Marcos.

Agora, pensando bem... há duas semanas entrevistei o Dudu. Hoje me arrependo por não ter pedido um autógrafo pro Velhinho...