terça-feira, 5 de agosto de 2008

Rapidinhas olímpicas (Prefácio)

Comecei hoje a minha maratona olímpica. Daqui até o último dia dos Jogos Olímpicos de Pequim-2008, serão exatos 20 dias de trabalho árduo, com carga horária aumentada em quase 50% e nível de estresse provavelmente além do limite. Tudo bem, acabei de passar 17 dias em férias e acho que consigo agüentar.

Como o mundo só vê Olimpíadas de quatro em quatro anos, os Jogos merecem cobertura especial. Mesmo sendo na China, com fuso horário 11 horas adiantado em relação ao nosso – e o que vai fazer com que muita gente troque dia por noite para acompanhar ou, então, cobrir a competição. É a vida.

Vivi algo semelhante no ano passado, com a cobertura da redação (em São Paulo) dos Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro. Aproveitando que não tinha muito espaço/coragem para colocar nas notícias do trabalho algumas tiradas até que bem-humoradas, acabei criando neste espaço as Rapidinhas do Pan.

Mal sabia eu que aquelas curtinhas, algumas engraçadinhas, iriam alavancar o número de acessos deste espaço. Conta o Feedburner que o número de acessos por aqui dobrou, e o Cavaleiro com Solitária foi citado em blogs profissionais como o Marmota do André, Pensar Enlouquece e Bloda. Uma das rapidinhas até foi lida e comentada neste espaço pelo próprio atleta, o Rafael Andrade, do trampolim acrobático. Engraçado.

Aproveitando aquela velha máxima de que ‘em time que está ganhando não se mexe’ (e também com medo daquela que diz que ‘dois raios não caem duas vezes no mesmo lugar’), este blog dará um tempo em sua programação (a)normal para o início da série Rapidinhas olímpicas, a começar por hoje. Seja o que o dragão chinês quiser...

Rapidinhas olímpicas:

Magrela cara: A primeira notícia olímpica que fiz nessa minha jornada foi sobre triatlo, uma modalidade da qual eu não gosto nem um pouco (trauma daqueles fast triatlo da Globo nas manhãs de domingo). A notinha era sobre o Juraci Moreira, triatleta que todos os dias manda um release para a redação. Ainda no Brasil, o olímpico ganhou a bicicleta ‘mais leve do mundo’, de apenas 6,5 kg, mas que tem valor inversamente proporcional: R$ 25 mil. Nem se eu vendesse meu carro eu conseguiria comprar uma.

Vilarejo: O Jaqson Kojoroski, armador da seleção brasileira de handebol, foi cortado dos Jogos em cima da hora por causa de doping, com substância não divulgada por ninguém. Aventurei-me a ligar para a pequena cidade de São Miguel do Oeste (bem no Oeste de Santa Catarina, pertinho da Argentina). Liguei para a Neiva, mas quem atendeu foi o Vílson. Que me passou o telefone do Edmundo, onde estava a Neiva. A Neiva me passou o telefone da Mira, mãe do Jaqson. Nisso, acho que falei com mais da metade da cidade...

Reação: Uma das muitas razões pelas quais não uso drogas é o medo da reação que a minha mãe teria se um dia soubesse do meu envolvimento com os entorpecentes. E foi com um certo medo que liguei para a Dona Mira, mãe do Jaqson. Dizem por aí que a substância encontrada no doping foi maconha. A simpaticíssima catarinense soube dos boatos pela tevê, e foi bem solícita ao falar comigo: "Quando vi a reportagem, quase caí no chão. Tá louco, ver isso pela televisão", ela me disse. Tadinha.

Sotaque: O pessoal de Descanso e também de São Miguel do Oeste tem sotaque muito forte, muito próximo do gaúcho – e, vale lembrar, eu havia ficado seis dias em Porto Alegre no final do mês passado. Achava estranho falar com eles com meu ‘sotaque’ paulista. Ledo engano: segundo o Mané, eu estava com tanto sotaque gaúcho quanto os descansenses e os miguéis-oestinos. Humpf.

Volta ao mundo em sete dias: A Érika Miranda, judoca meio-leve brasileira, machucou o joelho e foi cortada das Olimpíadas. A Confederação Brasileira de Judô (CBJ) anunciou que, mesmo tendo a possibilidade, não enviaria a reserva Andressa Fernandes. Surgiu na redação o boato de que ela não iria por falta de qualidade (faz sentido). Mesmo assim, a Martinha e eu traçamos um possível itinerário para a judoca caso consiga o milagre de ir a Pequim: embarcaria hoje à noite, chegaria à China na quinta, meio zonza por causa do fuso horário. Dormiria dois dias para se aclimatar, levaria umas porradas nas competições no domingo e voltaria ao Brasil na terça que vem. Mesmo sem medalha, poderia se gabar por ter disputado uma Olimpíada e dado a volta ao mundo mais rápida já vista. Quanta maldade...

3 comentários:

Lia Lupilo disse...

boa sorte na cobertura =D
vou ficar de olho nas rapidinhas olímpicas. pra pelo menos ficar de olho em alguma coisa.
ah! mesmo com todos os problemas e injustiças que os jogos fazem muitos chineses passarem, é muito tentador ver os saltos ornamentais e os jogos de basquete!

Lia Lupilo disse...

acabei de ler a coluna do Marcelo Coelho na "ilustrada" de hoje, e entre os motivos que ele escolhe para justificar seu boicote pessoal aos Jogos estão:
1- as estruturas metálicas de gosto duvidável que sediarão algumas competições, como o "ninho" e o "cubo d'água"
2- a tentativa de esconder a poluição - para não falar nos problemas sociais, como a advogada Ni Yulan, de 47 anos, que foi atacada por uma dúzia de homens por resolver defender populações deslocadas para as construções
3- as remoções de favelas em si.

e encerra
"E que interessa o destino de Ni Yulan? Precisamos saber se determinado atleta búlgaro do salto com vara vai superar em 0,01 milímetro o recorde de quatro anos atrás"

Caroline Arice disse...

Ah, agora entendi porque voc~e nem me dá sinal de vida...
Porque você tá pop.

Tudo bem, perdoado.
É a vida.