sexta-feira, 30 de maio de 2008

Ondes etá Wally? – parte 4 (Era do gelo)

Porto Alegre (RS) - Abri os olhos por volta das 10 da manhã e a primeira coisa que vi não foi minha janela, minha televisão, meus pôsteres do Palmeiras e minha guitarra. Lembrei instantes depois que estava em Porto Alegre, a mais de mil quilômetros do meu apartamento. E tentei pensar no que fazer.

Pensei em tomar um banho. Liguei um registro, o outro... e a água continuou absurdamente gelada. Desliguei, liguei um, outro, depois outro, um. Nada. Abortei a missão banho, voltei para a minha cama.

Liguei a televisão, vi alguns desenhos e fui dar uma volta pelos arredores. Apesar de ter passado uma noite bem quentinho sob dois cobertores e não estar com frio, coloquei duas blusas e fui andar. E, ao abrir a porta do hotel, que frio! Minha mão gelou, bem como minhas orelhas, nariz e qualquer do meu rosto que estivesse descoberta. Maravilha!

Dei uma volta pela Avenida Independência, passeei por algumas alamedas no entorno, comprei um Correio do Povo e notei que havia inclusive uma notícia do Marcos Daniel (para quem não sabe, tenista gaúcho) – ontem, ele havia perdido em Roland Garros.

Parei em um bar, pedi um café com leite e comi um salgado. Pela primeira vez no dia me senti extremamente quente, por causa do café com leite. Ganhei até mais fôlego para continuar andando pelo bairro.

Encolhido e com as mãos nos bolsos, passei por várias mulheres. E sim, aquilo que falam de que mulheres gaúchas são sensacionais é verdade. Até as que aparentam ser mais feinhas, coitadas, têm um quê de belas. Interessante, a cidade. Também vi alguns moradores de rua - dão um pau nos de São Paulo. Muito mais educados, bem vestidos. Tinha até mendigo loiro, haha.

O trânsito daqui também parece ser muito melhor do que o de São Paulo. Os ônibus daqui são do tamanho das lotações paulistanas, e a faixa de contenção dos carros é a mais de um metro da faixa de pedestre: por mais que o motorista queira, não tem como parar sobre a faixa. E os pedestres não precisam ziguezaguear entre os carros.

Retornei ao hotel e comuniquei à recepcionista sobre a minha saga para tomar banho. “Ah, normal. Tu liga o registro do quente e deixa escorrer um pouco”. Não acreditei muito, mas voltei ao meu quarto preparado para tomar banho.

Liguei um registro, o outro... e a água continuou absurdamente gelada. Desliguei, liguei apenas o quente e deixei a água escorrer. Escrevi este texto enquanto a água escorria gelada. Acabei de dar uma olhada, ela continua na mesma temperatura. Quem se ferra com isso é o mundo, que deve ter perdido alguns litrinhos de água enquanto um turista paulistano em Porto Alegre fica com medo de encarar um banho gelado.

Vou lá falar com a recepcionista, volto com a parte 5 de Onde está Wally? mais tarde.

Um comentário:

Carolina Maria, a Canossa disse...

Eu estava imaginando que iria ficar uns quatro dias sem seus posts, quando, no meio de uma entrada despretensiosa aqui, encontro toda a saga. Muito boa, estou me divertindo muito.

PS: Obrigado pela menção (e agradecimento) mais abaixo.