quinta-feira, 29 de maio de 2008

Onde está Wally? – parte 2 (O farsante)

Florianópolis (SC) - Tive medo. Confesso que tive muito medo. Achei que tudo daria errado. Mas aí entrei na sala de embarque e fui me empolgando aos poucos. No ônibus que me levaria ao 737 da Gol, ainda encontrei com Dáfani de Figueiredo, carateca que disputou o Pan no ano passado e uma das primeiras pessoas que eu entrevistei. Não falei com ela, que estava acompanhada do seu marido.

Entrei na aeronave e, ao encontrar a fileira 13, ouvi um chamado. “Pó, mas tu também está aqui?”. Olhei para o lado e lá estava o tal cara de uns 45 anos, com quem eu tinha falado em sotaque gaúcho. Guardei rapidamente a mochila no bagageiro, sentei ao seu lado e começamos a conversar.

O avião começou a andar, inclinou, levantou vôo. Acho que lancei o maior sorriso pueril de ver a cidade iluminada lá embaaaaaixo, e eu lá em cima. E voando. E com dor de ouvido, claro.

Continuei o papo com o gaúcho, que disse se chamar Ronaldo. Ele perguntou onde eu trabalhava, e eu disse que era repórter do Clic RBS. Vai entender? Então percebi que deveria inventar uma história. Uma vida nova.

Disse que havia nascido em São Paulo e ido para Porto Alegre um pouco mais velho. Em São Paulo, tinha vindo cobrir Corinthians x Botafogo, pela Copa do Brasil. “E o pior é que eu t... digo, gosto mais do Palmeiras”, gaguejei. O Ronaldo era Tricolor, e eu também disse torcer para o Grêmio.

O avião passou por uma turbulência, eu morri de medo. Pensei na minha mãe. O avião pousou, eu liguei para ela. Já em solo catarinense, o Ronaldo, um gaúcho e mais três mulheres decidiram alugar um carro para irmos daqui a Porto Alegre (as passagens rodoviárias estavam esgotadas até amanhã). Topei.

Encontrei de novo com a Dáfani. Ela me reconheceu, comentou que eu tinha deixado a barba crescer e conversamos rapidamente. Cumprimentei o marido dela. Desejei boa sorte na carreira, que a gente se veria no próximo Pan ou então de novo no Clube Pinheiros. Profissionalmente, mas é claro.

Peguei minha bagagem, sentei no saguão esperando o aluguel do carro ser concretizado. Então o Ronaldo voltou sorridente dizendo que tinha conseguido um vôo de Floripa para Porto Alegre, saindo à meia-noite.

Estou indo para lá. Porto Alegre, aí vou eu. Eu? Eu quem? O farsante que trabalha no Clic RBS? Não sei. Por que diabos eu fui inventar essa história?

Um comentário:

Lucas Sampaio disse...

Sei que é meio tarde, mas faço faculdade em Florianópolis (estou fazendo intercâmbio aqui em Portugal, mas o meu curso mesmo é o de Jornalismo da UFSC) e te recomendaria ter pegado um ônibus de São Paulo a Porto Alegre, da Catarinense ou da Santo Anjo. Hoje em dia o tempo que se perde no aeroporto com check-in, filas e atrasos não valem a pena, até porque as passagens de última hora são muito caras. Fica a dica (talvez, quem sabe, para a volta) de quem faz faculdade em Floripa, mas é natural de Taubaté (SP).