quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Convite noturno

Um telefonema no meio da noite.

Do outro lado da linha, uma voz feminina. Doce, suave, de tom um bocado meloso.

“Alô?”, atendeu o homem, soltando o copo de uísque sobre o balcão do bar.

“Amor, onde você tá?”, perguntava a garota.

“Alô? Ah... eu... eu tô no bar...”

“Ah, querido, por quê? Vem aqui pra casa, vem. Tá frio, eu tô sozinha... vem pra cá, amor”, pediu a voz feminina.

O homem ainda hesitou.

“M-mas... eu to bêbado, e... e talvez você não goste, e...”

“Deixa de ser bobo! Eu gosto de você. E vem aqui pra casa, meu amor. Vou te esperar, tá? Um beijo, Rô”.

“Ahn... outro”.

O homem desligou o telefone e colocou-o sobre a mesa.

Virou o copo de uísque que ainda estava pela metade e pediu mais um ao garçom. Também pediu um maço de cigarros, do mais forte que tinha, e um isqueiro. Não fumava, mas a ocasião requisitava muitos cigarros.

Fabrício não entendia. Por um instante, achou que alguma garota o havia convidado para deixar aquele bar pequeno, abafado, malcuidado e até malcheiroso. Mas foi apenas um engano, pois se tratava da namorada do Rô.

Quem era Rô ele não sabia. Não conhecia Rodrigos, Robertos, Róbsons e nem Robervais. Sabia apenas que esse Rô devia ser um cara de sorte.

Nenhum comentário: