- É o fim da história? - perguntei
- É isso aí - disse Max. - Orgulho, estupidez, seja lá o que for.
- É isso aí - disse Max. - Orgulho, estupidez, seja lá o que for.
- Você é um bom escritor, Max, mas não é um sedutor.
- Você acha que um bom sedutor teria dado um jeito?
- Claro. Sabe, cada jogada dela deve ser respondida com a resposta certa. Cada resposta certa leva o papo numa outra direção, até que o sedutor tem a mulher acuada num canto, ou, mais adequadamente, estendida.
- Como posso entender?
- Não tem aprendizado. É um instinto. Você tem de saber o que a mulher está dizendo de fato quando diz outra coisa. Não se pode ensinar.
- Que foi que ela disse mesmo?
- Queria você, mas você não soube como chegar a ela. Não soube construir uma ponte. Fracassou, Max.
- Mas ela leu todos os meus livros. Achava que eu sabia alguma coisa.
- Agora ela sabe alguma coisa.
- O quê?
- Que você é um asno burro, Max.
- Sou?
- Todos os escritores são. É por isso que escrevem.
- Que negócio é esse de "é por isso que escrevem"?
- Quero dizer que eles escrevem essas coisas porque não entendem.
- Eu escrevo muitas coisas - disse Max, triste.
- Me lembro de que, quando era menino, li um livro de Hemingway. Um cara vivia indo pra cama com uma mulher e nõa conseguia, porque amava a mulher e ela o amava. Deus do céu, eu pensei, que livro sensacional. Todos esses séculos, e ninguém escreveu sobre esse aspecto da coisa. Achava que o cara era simplesmente um burro feliz demais pra conseguir. Mais adiante, li no livro que ele tinha perdido os órgãos genitais na guerra. Que decepção.
- Você acha que essa garota vai voltar? - me perguntou Max. - Você devia ter visto aquele corpo, aquele rosto, aqueles olhos.
- Não vai voltar - eu disse, me levantando.
- Mas que faço eu? - perguntou Max.
- Simplesmente continue escrevendo seus pobres poemas, contos e romances...
Numa fria - pp. 163 - 164
Um comentário:
Ah, o desenvolvimento é sempre mais interessante do que o resumo.
Não?
Às vezes posso achar isso só porque sou burocrática.
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