segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Nariz de palhaço

Desde que me dou por gente, odeio sair de casa aos domingos. Domingo é dia de ficar em casa, fazer o balanço da semana toda que passou e traçar alguns planos para a semana que se inicia. Não é dia de sair. Sair aos domingos estraga os seis próximos dias, e isso é fato.

Todo mundo pensa assim. Quer dizer, pelo menos eu suponho. Porque são pouquíssimas as que se aventuram por aí em pleno dia do descanso. E num domingo frio e chuvoso, então? Ah, então... então não é pra se sair jamais!

Só que sempre tem quem consiga. E não é difícil, se quer saber.
E o fato é que hoje conseguiram.

Hoje foi dia de festa. Eu peguei o metrô para ir pra festa e aquela droga tava realmente lotada. Eu nunca tinha visto isso às 16 horas de um domingo. Tava tudo lotado mesmo, todo mundo correndo e com pressa de chegar a tempo. Também tinha quem voltasse da festa, com a sensação de estômago satisfeito e tudo mais. Outra assim, só daqui dois anos, eles diziam com seus olhares.

Cheguei à festa [chegar a algum lugar, ensina o MRE. Eu já sabia disso, só achava que ficava muito metido. Em todo caso, aposentemos o 'cheguei na'] sem o convite, tinha esquecido em casa. Mas eu tinha minha licensa para matar em mãos, e ela já valia como prova de que eu sou eu.

Calma, deixa eu voltar atrás e reexplicar. Odeio essas minhas mudanças de assunto.

Voltando...

Só que sempre tem quem consiga. E não é difícil, se quer saber.
E o fato é que hoje conseguiram.
Como? Dê uma festa pra todo mundo e diga a eles que a participação nessa festa pode mudar o rumo do país! Diga que o povo tem poder, que o povo tem a decisão de escolher o seu próprio destino.

Hoje foi dia de festa. A festa da democracia.
Todo mundo saía de casa para votar, para decidir o futuro do Brasil. Doce ilusão.

Hoje eu saí de casa para votar. Votar é importante, eu posso mudar o rumo do país! É por isso que eu decidi tirar meu título de eleitor o quanto antes e já votar. E hoje foi a minha terceira eleição.

Enfim, hoje eu saí de casa para mudar o Brasil. Cheguei lá na creche sem meu título, mas a carteira de motorista tb era válida. Cheguei e não tinha fila nenhuma para votar. Mesmo assim, esperei 10 minutos até ir pra urna. Porque tinha uma tia que não sabia votar, preferia as cédulas e blablablá.

O foda é que até votar me dá nostalgia. Ah, eu preciso procurar um especialista, poxa!

Eu tinha que escolher o deputado federal. Apertei o 5 e o 6. Uma coisa que eu sempre quis fazer, sempre tive a curiosidade de ver a foto do Enéas na urna. Tanto é que hoje eu apertei, vi a fotinho, deixei escapar um sorriso e confirmei. Não votei nele porque ele era engraçado pra mim quando eu era pequeno, mas porque eu quis. E ponto. O fato é que... nostalgia, oras!

De resto, tudo correu bem. Quer dizer, tirando que meus candidatos para presidente, governador e deputado estadual não chegaram nem perto da vaga. Tudo bem, nenhum dos meus candidatos tinha sido primeiro colocado em nenhuma eleição anterior, mesmo. Só o Supla e o Enéas que ganharam.

Depois eu voltei pra casa. E assim meu dia estava pronto para acabar.

Eu decidi mudar meu caminho. Tava lendo, quase terminando meu livro. Então preferi o caminho alternativo, na rua onde os carros não passam e a leitura flui. Aí, quando eu vi, eu tava na frente do nosso canto. Daquela casa. Pensei em sentar lá e terminar o conto. Depois pensei em só passar reto e não me sentar lá jamais.

Sentei. Sentei, li duas palavras. Aí eu vi que o nosso cantinho não é mais tão nosso. Porque, logo ao lado, tinha um montão de lixo. Nosso cantinho vai virar entulho.

Aí eu me levantei e fui embora.
Fui embora e pensei: Legal, um monte de idéias para um post. Não posso esquecer de nada. Nem vou esquecer de nada, não dá pra esquecer!

Esqueci.

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