sábado, 13 de setembro de 2008

Ela, de joelhos

Acho que nunca recebi uma declaração pública de amor, e nem nunca fiz uma. Menos mal. Sei lá, não acho que o mundo inteiro não precisa saber que eu sou um cara bem-resolvido (aham, uh!) e/ou nem que estou perdidamente apaixonado por alguma garota. E também, claro, porque tenho um medo danado de levar um toco em público e ficar com cara de tacho perante uma multidão. No reservado as coisas acabam ficando melhores, em ambos os casos.

Mas até que chegou um dia desses, não sei precisar exatamente a data (que desnaturado!). Lembro que o meio-dia estava bem cinza, pelo menos. Tinha parado para atravessar a avenida a caminho do trabalho e, parando na faixa, olhei para o outro lado da calçada. Ela estava lá, linda. Cabelos castanhos, pele clarinha, roupa social (mulheres lindas ficam ainda mais charmosas com roupa social)....

Acho que ela não me viu parado ali do outro lado da faixa de pedestres, mas eu continuei ali, olhando para ela. Marcando com o joelho direito o ritmo da música que tocava nos ouvidos, tamborilando o indicador esquerdo no bolso no contratempo. Disfarçando, esperando o vermelho virar verde e eu poder atravessar.

Quando os carros pararam, começamos a andar um na direção do outro. Muito, mais muito próximo do nosso encontro, ela... ela se ajoelhou. Caiu de joelhos aos meus pés. Era a primeira vez que uma garota se ajoelhava para mim, e... putz, uma ainda tão linda como aquela!

Todos que atravessavam a rua naquele momento e olharam para a gente. Ela, ali, ajoelhada. E eu, quase corando, com ela aos meus pés. Sem saber o que fazer, tirei o fone do ouvido direito, estendi a mão. Ela segurou, ajudei-a a se levantar.

Poderia ter rolado uma baita declaração de amor e tudo, não fosse ela olhado para o salto alto do sapato logo em seguida e retomar o passo. Não sem antes, é claro, xingar o asfalto da rua e reclamar da vergonha que ela tinha passado por ter caído em pleno cruzamento da Paulista com a Brigadeiro.

2 comentários:

paula r. disse...

acho que só deve ser constrangedor receber uma declaração de amor com todo mundo olhando se você não ama o declarante.

Anônimo disse...

Sobre o comentário no meu blog: acho que, no fundo-no fundo, o melhor a fazer é deixar o tempo correr, né? Sozinho, tranqüilo, por ele mesmo... E também sou meio surtado às vezes, mas tudo bem. :)

E é muita generosidade sua incluir o meu TCC como bibliografia no seu pré-projeto, pô! Menos, menos... Não tô com essa bola toda, não! De todo modo, muito obrigado pelos (exageraaaaaaaaaaaados) elogios!

E o nosso boteco, hein? Ah, um dia sai, um dia sai! Hehehehe.