quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Headache

Noite de sexta-feira, meses atrás. A semana estafante já tinha acabado, a prova sobre o livro parcialmente lido não tinha sido tão cabeluda como eu imaginava e tudo poderia estar perfeitamente bom para mim. Mas não. E eu trocaria aquele momento por uma segunda-feira sem nem pestanejar.

Acontece que naquela noite gélida de sexta-feira eu estava com uma dor de cabeça dos infernos. Estava nervoso, estressado, desiludido, cansado... e pior: com uma puta dor de cabeça. A pior dos últimos anos (não é muito difícil, eu quase nunca tenho dor de cabeça).

Aquela sensação latejante uns três dedos para dentro da minha testa, no lado esquerdo, começou no cair da tarde, quando saí de casa. Tinha saído do banho, colocado algumas coisas na mochila e ido para o metrô. No caminho, começou. Achei que era a música, troquei a banda, depois escolho o modo aleatório... nada.

Então cheguei à plataforma de embarque e aquela gangue de adolescentes de preto e franjinhas pro lado começou a cantar. Olhei feio, precisava de silêncio para sobreviver e chegar vivo na faculdade. Uma das menininhas, bem bonitinha e loirinha, me olhou e deu um sorrisinho. Estava tão de mau-humor que não pude retribuir. Fui sincero, oras.

Estava prestes a surtar quando enfim cheguei ao meu destino. Mas o tempo frio lá fora fez a dor de cabeça aumentar. Assim que entrei na sala da faculdade, tive vontade de me sentar no fundo da sala e me afundei na última cadeira da sala.

A prova começou, e para minha sorte não precisei pensar muito para responder. Comecei a escrever sem pensar (pensar aumentaria minha dor de cabeça). Escrevi, escrevi, escrevi e entreguei. Saí para a Paulista, fui dar uma volta no quarteirão em busca de ar fresco e voltei. A tempo de dividir o elevador com uma garota bonitinha que eu já conhecia de vista há alguns anos, mas meu humor nada agradável piorou tudo.

O tempo passou e chegou a hora de voltar para casa. Voltei conversando com uma amiga (e eu, mais reclamando da vida do que outra coisa) até a baldeação do metrô. Depois entrei em um outro trem lotado, minha cabeça à beira da explosão. Aquele dia era, de longe, o pior do mês. Como é horrível essa história de dor de cabeça.

Finalmente entendi aquilo que eu dizia de que “tal coisa é uma baita dor de cabeça”: significava que tal coisa era tenebrosa, horrível, insuportável e por aí vai. Os dois caras ao meu lado começaram a conversar alto, e um deles disse: “ah, mas entrar naquele site é uma dor de cabeça e tanto”. Quase ensinei pra ele que nada era pior do que uma dor de cabeça.

O quilômetro que separa o metrô da minha casa nunca foi tão distante. Cada passo aumentava a minha dor de cabeça. Demorei tanto pra chegar no meu prédio que já imaginava que faltavam minutos para a meia-noite. Entrei no prédio e vi o relógio marcando 22h40. Uh.

Em casa, minha mãe falou para eu tomar um remédio. Umas 30 gotinhas de um daqueles dois no armário da cozinha. Tinha o Furp-dipirona e o Nevraldor. Pelo nome, fiquei com o segundo. Deveria resolver minha dor – e ainda mais com 41 gotas.

Então passou. E eu nem lembrava mais que minha sexta-feira tinha sido tão ruim.

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