terça-feira, 4 de março de 2008

Da primeira vez não se esquece (apenas de algumas partes)

Meu primeiro jogo em um estádio aconteceu em setembro de 1998, com um 1 a 0 magrinho do Palmeiras sobre o Internacional no Palestra Itália. Desde então, passei a freqüentar o Parque Antártica com o meu pai apenas em jogos de uma torcida. Clássico era perigoso, complicado. E assim se passaram dez anos.

Até que na última quinta-feira eu me dirigia aos elevadores do trabalho torcendo apenas para que a minha gripe fosse dizimada como passe de mágica quando as portas se abriram e por elas saiu o Fini, setorista do Corinthians. “Domingão somos você e eu no clássico, hein? Se prepara”, anunciou.

Responsável por uma fatia dos outros esportes, não levei muita fé. “Não, cara, tem certeza? Acho que só vai você pro estádio e eu fico na redação”, respondi. “Não, tá lá seu nome e estádio. Você vai”, completou. Claro, dei um sorriso de orelha a orelha e subi para o trabalho.

E a primeira coisa que eu fiz foi pedir para o Mané dar uma olhada na pauta e confirmar. Logo em seguida, ainda tive que ler da Carol Canossa um “eu falei que você ia, mas você tava tão convicto de que não ia...”. Sim, eu sou teimoso.

Até que domingo chegou e eu fui ao Morumbi para o dérbi entre Corinthians x Palmeiras. E como sempre acontece na primeira vez, várias coisas deram errado. A começar pela linha verde do metrô (que deve ter apenas dois trens: um que vai e outro que volta), que quase que me atrasou. Em seguida, a farmácia onde eu compraria o Aturgyl para que eu pudesse respirar apesar do resto de resfriado que ainda permanecia em mim estava fechado. Foi quando eu senti que as coisas não dariam muito certo.

Deixei de ter esse pensamento quando cheguei ao estádio e o trabalho começou. Falar com policiais, esperar desembarque de times, desfalques de última hora... presidente de clube aqui, dirigente acolá. Teve até apresentação de carro de corrida. Em meio a tanta correria, esqueci que o dia conspirava contra mim.

Até que a partida começou. Insossa. E não demorou muito tempo para eu tentar ajeitar o sinal do radinho de pilha que me auxiliava e ver que a anteninha tinha ficado na minha mão. Alguns minutos depois, uma outra parte do rádio se quebrou sem mais nem menos. E antes mesmo do intervalo um dos falantes do meu fone de ouvido mambembe foi pro beleléu sei mais nem menos. Depois do intervalo, pra ajudar, o Corinthians ainda marcou um gol, que foi anulado.

Estava certo de que aquele não era o meu dia quando olhei meu cronômetro, que marcava 28 minutos do segundo tempo no mesmo instante que o placar indicava 0 a 0. Mas não demorou muito para eu ver que estava enganado: dois minutos depois sairia o gol da vitória do Palmeiras. Enquanto o Valdívia comemorava descontroladamente no gramado, eu vibrava silenciosamente em uma cabine no meio da torcida corintiana. Quase que uma tortura.

Então o clássico acabou. Entusiasmado, saquei o telefone do bolso a caminho da sala de imprensa e comemorei a vitória, o gol, o trabalho, o dia, a noite... o final de semana inteiro, tudo. E já nem me lembrava mais que não tinha mais fone de ouvido e nem radinho de pilha. Sabia apenas que estava feliz.

6 comentários:

Anônimo disse...

Heldinha,

Falando em trabalho,
Obrigado por me distrair,
Enquanto estou encarcerado das oito às cinco. (com uma hora de almoço.)

Anônimo disse...

Pô, até eu vivi um dia de palmeirense (um dia, não; 90 minutos, vai!) no último domingo. Parabéns por cobrir o clássico e, principalmente, pela vitória. :)

Anônimo disse...

Ah, mas não comemorou? Deveria ter comemorado no meio da coritianada toda. A graça está aí - a menos que fosse a torcida deles na frente da cabine de imprensa escrita!

Anônimo disse...

Eu fiquei com invejinha.

Carolina Maria, a Canossa disse...

Eu estava aguardando ansiosamente este post, Sr. Teimoso.

Allan Brito disse...

Engrosso o coro da Flavinha...

Bateu uma inveja! Até do azar, q faz parte...

Parabéns pce e pro nosso Verdão!!!

Abs!!!