quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Teresa, Teresa... e Teresa

A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna


Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(os olhos nasceram e ficaram esperando dez anos que o resto do corpo nascesse)

Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre as faces da água

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Um dia desses voltei pra casa um pouco alto – ou um pouco mais do que isso – e a primeira coisa que vinha à minha cabeça era esse poema do Manuel Bandeira. Não por menos: estava pensando em quantas Teresas não passaram pela minha vida.

É normal. Platônico que sou, costumo me fechar em torno de uma paixão bobinha ou, pior, em um pensamento pueril de uma paixão. Besteira, romantismo, imaturidade. Chame do que quiser. Eu digo apenas que é meu jeito de ser.

Só que é exatamente nessas horas em que me aparecem as Teresas da vida. Garotas para quem eu olho com certo carinho à primeira vista, mas que têm pernas estúpidas e rostos semelhantes às pernas (e, conseqüentemente...). Instantes depois, as pernas estúpidas passam para segundo plano e os olhos mais velhos que o corpo que me incomodam. Mas a vida segue...

E é justamente quando tento olhar pela terceira vez para a Teresa que já é tarde demais. Os céus, e as terras, e as faces da água... tudo já sido movimentado há tempos – e não por mim, claro.

E as Teresas apenas se tornam parte de uma poesia que jamais será escrita.

E por falar em Teresa, impossível não citar o Madrigal Tão Engraçadinho: "Teresa, você é a coisa mais bonita que eu já vi até hoje na vida, inclusive o porquinho-da-índia que me deram quando eu tinha seis anos".

Apenas quem já teve um porquinho-da-índia aos seis anos sabe do que eu estou tentando falar.

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