sábado, 16 de fevereiro de 2008

Reencontro real

Em algum dia do ano passado, calculei por aqui que a chance de alguém encontrar alguma determinada pessoa no metrô de São Paulo é de 0,0000000025%. Pois bem.

Era uma sexta-feira normal. Eu havia acordado às 10h45, tinha visto alguns desenhos animados, tomado banho, pegado o jornal e ido para o trabalho. Após ler a crônica do Caderno 2 e as notícias de outros esportes, fiz baldeação e senti que alguma coisa não estava muito normal.

Por quê? Descer uma escada com os olhos arregalados não é muito normal. O pior de tudo, aliás, foi perder o trem por causa de uma mulher lerda que empatou a fila e não permitiu que eu embarcasse. Acontece.

Fiquei andando pela plataforma de embarque até encostar em um pilar e ler as principais chamadas do dia. Acabei abrindo o caderno principal pra ler o desenrolar do lance dos cartões corporativos quando olho para o lado e vejo uma garota. Não ‘uma’ garota. Era a minha ex-namorada, a garota com quem eu queria encontrar há muito, muito tempo.

“Olha, é ela!”, pensei. “OK, legal... deixa ela ir”, repensei. “Humm... não. Faz mais de dois anos que eu quero me encontrar com ela e... ah, vou falar com ela. Putz, é melhor correr”. Corri um pouco e chamei sua atenção. Como? É, não foi a melhor abordagem: dei uma jornalada de leve em seu braço.

Bom, vou apenas reproduzir o que aconteceu. Fica mais fiel:

Eu: Hey!
Ela: Oi?
Eu: Hey!
Ela: Oi?
Eu: Hum... lembra de mim?
Ela: Não...

(Decepção. Mas... calma, hoje eu tenho barba, diferentemente daquela época)

(O que falar agora? A verdade, claro: eu sou aquele seu ex-namorado que foi cuzão o bastante pra terminar por telefone e sumir da sua vida por muito, muito tempo, lembra? Humm... calma, melhor não)

Eu: É, imaginei... Felipe, lembra?
Ela: Nossa!
Eu: E aí, tudo bom? E... nossa, quanto tempo!
Ela: É... bom, eu tô meio atrasada, tenho que ir, de verdade.

(O trem da minha plataforma chegava. O da dela, não)

Eu: Poxa, fazia tempo que eu queria te encontrar. E... ah, você ainda mora na Saúde?
Ela: Sim... mas eu tenho que ir, tô atrasada.

(Meu trem abriu as portas. O da plataforma dela, nem sombra)

Eu: É, eu também tenho que ir. Tenho que ir pro trabalho, e...
Ela: Ok.
Eu: Tchau. Bom, tomara que a gente não leve tanto tempo pra se ver de novo. (piscadela de um olho só)
Ela: ...

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Entrei no metrô, sentei com o jornal na mão e tentei digerir o acontecimento. Não consegui. Tentei encontrar alguma música no ipod que substituísse ou resumisse aquele momento. Não consegui.

Encontrá-la representou a realização de um dos meus maiores desejos de ultimamente. E, quer saber, não foi nada muito pior do que eu imaginei que seria. Só que, no fundo, foi bacana reencontrá-la.

Já meio alto depois do trabalho, acabei lembrando de uma coisa. O jeito de ela dizer “tô meio atrasada” era bem igual ao jeito que ela mostrava uma insegurança para mim três anos atrás. Era quando eu apertava a ponta de seu nariz, sorria e dava um beijo em seus lábios.

Ah! Será que ela lembrou que hoje fez exatamente três anos e dois meses que a gente terminou?E será que ela se lembrou de algum momento bom antes de três anos e dois meses atrás?

Ah, deixa pra lá.

2 comentários:

Anônimo disse...

Reencontros tão esperados, principalmente com ex-namoradas, são sempre meio estranhos mesmo, né?

Tomiate disse...

Falar com ex-namoradas só é permitido quando elas são fonte pra alguma matéria e você não conseguiu resolver com outras pessoas.