domingo, 29 de julho de 2007

V de vingança

Uma das coisas a que eu mais dou valor é acordar no meio de uma noite fria.

Simplesmente abrir os olhos no meio da madrugada com um cobertor já jogado no chão, olhar para a janela e se lamentar pela noite de sono ter sido tão curta, mas já se preparar para um dia longo e cansativo.

E logo em seguida encontrar o painel luminoso do rádio relógio e ver que ainda são 3h30 da manhã. E que, por mais que você já tenha se preparado psicologicamente para o dia que vem a seguir, ainda pode ter mais três horas de sono. E até mais quentes do que antes, porque pode pegar o cobertor caído e juntá-lo aos outros dois que já estão sobre a cama.

Sempre gostei quando isso acontecia, desde pequeno. O único problema é que as tais três horas passam rápido, e o despertador dispara com tudo no horário de sempre. E não se pode fazer nada, a não ser levantar e ir para o tal dia.

Hoje, no entanto, foi diferente.

Não acordei no meio da noite. Só fui despertado às 6h27, com o tal alarme embalado como sempre.

Ouvi o barulho e abri os olhos. Olhei pela janela, levantei da minha cama, atravessei o quarto e, no meio do caminho, lembrei de uma coisa: depois de três semanas de trabalho em um ritmo alucinante, estava de folga.

Cheguei em frente ao despertador, deixei escapar um sorriso e enchi a boca para sussurrar para o carrasco de todos os meus sonhos: “Ih, hoje não. Se fodeu”.

E voltei a dormir.

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Rapidinhas do Pan

Porta-bandeira amarelo:
Para quem achava que o último dia do Pan não teria nada de bizarro, tudo começou cedinho, na prova da maratona masculina – que, a meu ver, era ouro certo para o Vanderlei Cordeiro de Lima. Primeiro da delegação verde e amarela na cerimônia de abertura, o nosso porta-bandeira que se dá ao direito de beijar a Miss Brasil em frente às câmeras não poderia desonrar seus compatriotas e deu uma bela amarelada, desistindo da prova antes do fim.

Mau exemplo: O Franck ‘canelas-de-sabiá’ Caldeira deu um show na maratona, ao contrário do compatriota. O mineiro que se equilibra sobre duas varetas foi buscar no finalzinho a diferença de quase 300 metros que o fortíssimo guatemalteco Amado Não-lembro-quem ampliava gradativamente. No entanto, uma cena feia: o nosso campeão tomava água e jogava o lixo no chão. E em rede nacional! Se fosse um cara consciente, deveria sair de casa com um saquinho plástico, e... parei.

Calando a boca: E deu Flávio Saretta na final do tênis, contra tudo, contra todos e contra o próprio desempenho pessoal. O barbudinho bem que tentou, mas não foi bom o bastante para ser mais um amarelo no Pan. Ele fez de tudo para perder, mas conseguiu subir no degrau mais alto do pódio, calando a boca de muitos críticos. Inclusive a minha, que sempre fez comentários maldosos quando o glorioso tenista perdia na primeira rodada de um challenger qualquer.

Quase Deus, parte 1: Uma coisa que eu reparei ao longo dos Jogos foi a onipresença do Galvão Bueno nos eventos. O cara tava em todas, era impressionante. O jogo de vôlei terminava por volta da meia-noite e, depois de uns 150 ‘Giba neeeeeeeeeeles’, logo às 8h do dia seguinte, lá estava o gênio da crônica esportiva pronto para narrar o futsal. Isso sem falar na transmissão da Copa América. Parecia um estagiário.

Quase Deus, parte 2: Hoje, enquanto assistia à final do basquete, percebi a onipotência do Galvão Bueno. Em menos de dez minutos de transmissão, ele fez com que o Rodrigo Santoro fosse disputar a final do hipismo e o Flávio Saretta estivesse na briga por uma medalha no vôlei. Ele pode tudo! Até fazer com que Oscar e Hortência concordem com tal afirmação. Para virar Deus de verdade, só faltou a onisciência...

Férias para o Galvão: Por essas e outras, o Galvão Bueno deveria descansar um pouco e ganhar pelo menos uns dois meses de folga. Ou isso ou estaremos fadados a ouvir fantásticos comentários como “o cérebro é um queijo pastoso em uma caixa de madeira”, ou “a banana é rica em cálcio”. Isso sem falar que o nosso digníssimo amigo da Rede Globo pode se tornar barraqueiro.

Aprendendo na marra: A cerimônia de encerramento seguia o protocolo de uma festa xoxa e triste até que entrou em ação o Mário Vasquez, presidente da Organização Desportiva Pan-americana (Odepa). Na abertura, o gringo causou uma das cenas mais bizarras do Pan ao de pronunciar em espanhol e constatar que carioca não sabe nada de castelhano ao dizer hoje (hoy) e ser cumprimentado hospitaleiramente pelo povo do Rio. Hoje, no entanto, o mexicano iniciou seu discurso saldando a galera do Maracanã com um simpático “Ooooi” e caindo na gargalhada. Logo em seguida, quando precisou se referir ao dia presente, não hesitou: “Hojeeee”. E a festa de encerramento ficou engraçada.

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