Ontem, encontrei [encontrei é relativo, já que me passaram] um site que tem umas 32 músicas mais ou menos inéditas do Weezer. Mais ou menos porque não estavam na discografia completa que eu baixei do eMula há algum tempo e não tive tempo [na verdade, não tive memória] de ouvir inteira. Mas ontem eu entrei no site, baixei algumas das 32 [ou seriam 33?] e ouvi. Achei legal. Diferentes, como todos os sons do Weezer. Coloquei algumas no meu MP3 e fui para a faculdade.
No caminho de volta, começou a tocar um som que era um pouco mais empolgante do que os outros. A música se chama Fontana, acho. Não sei. Ela fala de um complexo de inferioridade, parece. É legal. Não como In the garage, mas qual que o é? E aí tinha um verso tipo "Why did he reach out to you just now?Touch your hand and say goodbye?" [péssimo listening, que Cambridge me ajude!]. Na hora, com essa coisa de dizer goodbye, eu tive mais um acesso nostálgico que até atormenta um bocado.
Quer dizer, foi quando eu entrei no metrô e senti um cheiro parecido com aquele que tinha no setor de fitas de videogame na locadora. Quando eu ia com meu pai, às terças-feiras, alugar alguns jogos para eu jogar no Super Nintendo. Era legal. Eu gostava. Não só porque eu ia ficar jogando até sexta-feira um monte de jogos diferentes, mas porque era legal ir lá com meu pai, e ele me falava um pouco sobre o Nigel Mansell. Aí eu sempre pegava a fita que era da corrida do Mansell. Tinha um monte de pilotos pra eu ser também naquela fita, mas eu sempre escolhia o Mansell porque ele tinha um bigode igual ao do meu pai. Fazia tempo que eu não lembrava disso. Acho que isso foi há uns nove ou dez anos. Hoje, eu vou à locadora [não a do japonês, aqui perto de casa, porque ela faliu] e fico escolhendo os filmes que eu odiava pra caramba quando eu tinha 8 anos. Naquela época, se não eram as fitas de Super Nintendo, eu só alugava Esqueceram de Mim, O Pestinha ou qualquer coisa do tipo. E meu pai não vê os filmes comigo. Talvez por isso tenha a ver o negócio do goodbye. Tchau aos tempos de Nintendo, de locadora, de bigode do Mansell... da última vez que eu vi, o Mansell tava sem bigode. Da última vez que eu vi o meu pai, ele também tava sem.
Voltei ouvindo mais alguns sons. E hoje, quando eu acordei, olhei para fora e vi de novo aquele clima de final de ano. Lembrei do ano passado, quando eu ia fazer a prova da Unesp lendo 1984, ouvindo Weezer nos ônibus e sonhando em me mudar para uma cidade do interior, longe daqui. "You will never be a better kind if you don't leave the world behind (...) You will never do the things you want if you don't move and get a job", eu ouvia, sentia e sonhava. Era legal. Era fim de ano, o Natal tava chegando e eu estava indo bem nas provas. Eu estava gostando de fazê-las [isso porque a garota por quem eu mais fui apaixonado nos últimos anos estava lá fazendo a prova, na mesma Uninove que eu, mas no prédio para as candidatas de Biológicas. Eu não me encontrei com ela nenhum dia, mas mesmo assim eu gostei de fazer a prova. Porque eu poderia passar lá, ir pra Bauru e ter uma vida nova].
Eu não passei na Unesp, não fui pra Bauru. Também não me encontrei mais com a garota. Pra falar a verdade, acho que o último contato que eu tive com ela foi um abraço [de urso, como sempre!] que a gente trocou no dia da formatura.
Hoje, tive vontade ouvir melhor esses sons do Weezer, pegar a minha guitarra e fazer o maior som com ela. Porque faz quase um ano que eu não toco na minha guitarra. Essa vida de maior de idade que não pôde se dedicar ao mundo do Rock n' Roll e passa o dia fazendo outras coisas menos importantes. Tirei a minha guitarra da bag, olhei para a correia vermelha com um raio branco [perfeita!] e deixei encostada na parede. Fui procurar por algum cabo para que eu pudesse ligar no amplificador [que hoje serve de descanso para os pés]. Não achei. Nada. E isso me deixou meio frustrado. Sem cabos, não poderia fazer aquele som bem alto que fazia todo mundo olhar feio quando passava pela minha janela. Aí eu fui procurar meu violão. Por mais que não fosse um som virtuoso, alto, overdrive, rock n' roll, era um som. Não achei meu violão. Ele está emprestado não sei para qual amigo. Não sei quanto tempo faz. Mas tive saudades do meu violão.
Sem cabos e sem violão, nem adiantava pegar o baixo. Ele não funciona com pilhas e o som dele é muito mais baixo [dãã] do que o da guitarra. Isso se comprar os dois desplugados. Tudo bem. Eu peguei a guitarra, coloquei no meu colo e não consegui fazer o primeiro acorde. Minha mão esquerda está enfaixada. Não é hoje que o rock n' roll vai voltar.
Então o que resta mesmo é ouvir os "novos" sons do Weezer.
E tentar pensar no verso.
Why did he reach out to you just now?
Touch your hand and say goodbye?
Sim, claro! Não tem nada a ver com as fitas de Super Nintendo! Não! Tem a ver com as "Amizades intensas e com prazo de validade curto." Claro!
São as melhores amizades, as mais intensas, que duram apenas 15 dias. Sempre.
Na hora, eu pensei que naquelas doações pras vítimas do Tsunami, eu não poderia dar a minha amizade. Porque ela é perecível.
É... vou ficar com os sons do Weezer. Por 15 dias. Depois eu me encho deles e vou procurar outra coisa.
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