sábado, 4 de novembro de 2006

Feriado

Sol, calor, chuva no final da tarde e noite agradável.
É assim que eu vejo um feriado. Um feriado perfeito, no final do ano [ah, como eu amo o fim do ano! É quando eu posso me livrar das correntes da rotina e dos sonhos vazios. É quando eu posso olhar pra frente e ver um mundo melhor nos meus sonhos. É quando eu posso ler, me deslumbrar com todos os sorrisos sempre perfeitos de toda a cidade. Apenas o primeiro dos três feriados nas próximas três semanas]... simplesmente um feriado.
Um feriado tão bom assim deve ser passado na praia! Ah, numa praia! Sentado numa cadeira, em volta de uma mesa, com muitos amigos. Tomando água de coco e cerveja. Ao mesmo tempo! E suando tudo (água de coco e cerveja) com a ajuda do sol de todos os graus célsius possíveis. Ouvindo o mar. Vendo o mar. Sentindo o mar!!! E aí, quando todos estiverem bêbados e desidratados, volta-se ao alojamento/casa/hotel/carro. Só até a chuva passar. Aquela chuva que dá uma refrescada e faz o mar ficar bonito pra gente sentar na beira da praia, às nove da noite, e ver as luzes bonitas do outro lado da água. O que é aquilo, são navios? São navios! E aquilo lá? Ah, aquilo... olha que avião colorido! Mas todo mundo aqui vai concordar que a lua é sensacional. Que lua! Alguém já viu coisa assim? Sabe, essa viagem está sendo perfeita. Com as pessoas perfeitas. Vocês são perfeitos! Vocês? Não, só estamos nós dois aqui. Você é perfeita, querida!
Blah, não gosto de praia.
Um feriado tão bom assim deve ser passado no campo. Ah, no campo! A gente acorda às 10 da manhã, liga a tevê e vê desenhos animados. Depois toma algumas cervejas, come qualquer coisa e conversa até todo mundo dormir um bocado. Quando todos estiverem acordados, a gente joga um pouco de baralho e algum jogo de tabuleiro (Banco Imobiliário não vale!). E aí, quando todos estiverem cansados, cada um pega um livro e começa a se auto-esclarecer. Depois, algum já de saco cheio do novo livro do Paulo Coelho, faz algum comentário que faz todos fecharem seus Veríssimos, Salingers, Machados, Kafkas ou qualquer outro livro não muito caro e iniciarem um debate de esclarecimento coletivo (aí sim, hein?). Aí algum cita a letra de alguma música [Rock Nacional!]. E, para mostrar como é a música, ele puxa um violão. Todos puxam seus violões e a gente toca até a mão esquerda ficar com cãimbra de tantas pestanas. Aí a gente bebe mais um pouco, deita na grama e vê as estrelas. E cada um de nós faz revelações sobre a sua vida pessoal. Sabe a Carol? Então, eu estou perdidamente apaixonado por ela. A Carol? A Carol é bonitinha, cara, vai fundo! E torce pra mim, pro meu papo colar com a Flavinha. As conversas com elas são demais! E você, meu, tá todo quieto aí... que tem? Ah, tô com saudade. Saudade da Ju. Ela ficou lá trabalhando, a gente nem se ligou hoje. Ah, relaxa! A Ju é demais mesmo, tô feliz por você! Valeu, eu também tô feliz que você terminou com a Na... sabe, ela te enganava. Sério? Sério! Ah, tudo bem... porque eu já tava apaixonado pela Silvinha enquanto isso. Pena que não deu certo. E... e você, arrombado? Ih, dormiu. Todo mundo dormiu.
Blah, não gosto do campo.
Você gosta do quê, hein?
Ah, eu gosto... eu gosto da minha casa, serve?
Um feriado tão bom assim deve ser passado em casa. Ah, a minha casa! Acordar na hora do almoço, com dor no dente que já não existe mais (porque a humanidade não usa mais o siso). E não poder almoçar, porque a cicatriz dói, arde, lateja e sangra. Ligo a tevê e só passa desenhos animados vindos diretamente do Japão. Não gosto, mudo de canal e vejo as ofertas. Os carros que eu nunca vou comprar, os apartamentos que eu nunca vou comprar... então desligo a televisão e vou ler um livro. Não, não vou ler um livro. Não tô com tanta vontade assim. Então eu vou... ah, vou pegar um baralho e... ah, não, não dá. Não dá pra jogar sozinho. Beleza, eu pego uma cerveja na geladeira, escolho um filme legal pra rodar no dvd, pego o telefone e chamo a... não, não dá pra tomar cerveja. Eu tô tomando antibiótico. Tudo bem, então eu vou só ligar pra... pra... pra... não, não vou ligar pra ninguém. Ninguém vai vir aqui em casa. Que tédio! Então eu vou dormir. Ah, mas não vou conseguir dormir, tô com o saco tão cheio de um feriado tão chato! Preferia estar na praia... eh, eu queria estar na praia. Ou no sítio, já pensou?

Um comentário:

Tomiate disse...

"Arrombado"?

Se entregou, paquitão.
E cê escreve bem pra caralho.