domingo, 9 de julho de 2006

If you're out of luck or out of work, we could send you to Johannesburg

Toda essa festa, toda essa alegria... todos esses sorrisos, olhares esperançosos, toda essa vibração, essa felicidade. E eu aqui, um pouco longe, só olhando. Só olhando, pensando, pensando... Pena que não é tudo nosso. Aliás, não é nada nosso. Poderia. Ah, poderia! E eu queria.

Se assim fosse, a uma hora dessas eu estaria mais bêbado do que o Jeremias, mais barbudo do que um bêbado por essência, mais feliz do que um bêbado alcoolizado. Pulando mais do que um felizardo ganhador da Megasena... e essas coisas. E assim tudo se acaba. Com muitos sonhos, com muitas promessas e superstições que não deram certo... A Copa do Mundo. Mais felicidades bestas, mais entretenimento contínuo, mais desperdício de entretenimento [porque eu gosto de esbanjar as coisas que eu não tenho]. Agora o Pan-2007. Ah, quer saber? Grande merda! Pouco me importa o tiro ao prato com carabina vermelha, a ginástica de piruetas que qualquer símio faz diariamente e não ganha nada por isso, os 8500 metros com barreiras móveis e nem a ponte do rio que cai. Qual a graça? Nenhuma! Pelo menos daqui dois anos tem a Eurocopa.

Só que o que vai começar é a escalada rumo a 2010. Porque eu não quero ser mais um amigo, porque eu não quero ouvir as contradições do Casagrande, porque eu não quero ouvir as baboseiras deslavadas e sem nenhum peso de consciência do Wright. Porque eu não quero ver as ruas amarelas, porque eu não quero ver as palhaçadas de MSN felicitando a França por ganhar do Brasil. Porque eu não quero ver os shows esportivos diários com toda a palhaçada que rola. Porque eu quero arranjar um emprego [agora tem que ser], porque eu quero economizar 92% do meu salário, porque eu quero viajar. Porque eu quero fazer parte da Copa de 2010. Porque eu quero ir pra África [na verdade, eu preferia uma viagem à Escandinávia ou ao Leste Europeu]. Porque eu quero estar lá. Porque eu quero tirar um milhão de fotos [mesmo odiando fotografar]. Porque eu quero sonhar, porque eu quero conhecer, porque eu quero me comunicar com pessoas que não falam nenhuma língua que eu sei [ou vá saber]. Porque eu quero fazer amigos no avião, no hotel ou onde quer que for. Porque eu quero. Mas se eu tiver uma sorte ao quadrado, por que não tentar Suíça-08 e África do Sul-10? Ah, vaaai! Sonha!

Mas eu quero. Quero brincar com a minha imaginação, quero brincar de acreditar. Pra depois brincar de ser feliz, sozinho, numa terra beeeeem longe. E me apaixonar por um lugar diferente, com outra língua e o cacete que for, e lá me esbaldar pra sempre. Se esse era meu sonho quando era pivete, essa Copa reaviveu e reacordou toda essa vontade. [Só não sei, então, pora quê eu tô fazendo o raio da faculdade aqui, me debulhando nesse idioma que eu não usarei e imaginando uma série de jogos de palavras que eu não vou saber usar].

E a maior decepção do dia vai pra quê? Pela minha ressaca brutal, pela minha imaginação pueril e piegas, pra este pleonasmo imbecil ou pelo sentimento de que poderíamos ser nós...? Não sei. Não sei de nada, só sei que quero tudo aquilo lá em cima.

A maior justiça foi [só pra citar porque realmente me tocou] a Itália ganhar. Sinceramente, foi a imagem mais bonita de toda a competição. Eu não queria, eu torcia contra e eu queria um final apoteótico pro carequinha. Mas mudei de idéia na hora dos hinos. Os italianos urrando, vibrando, abraçados, emocionados e nostálgicos com o hino. Os franceses, caladões. Justiça foi feita, infelizmente.

Só que voltando ao tema principal, é meio... é totalmente besteira pensar isso. Muito. Mas que seria demais, ah, seria!

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