terça-feira, 27 de novembro de 2007

Grand Champions Brasil, o retorno

Durante os últimos dias me perguntei, dentre outras coisas, sobre a existência ou não deste post. Como podem ver, optei por escrevê-lo. Pois bem, vamos a ele.

Momentos após acordar na quinta-feira (quando lia a coluna do Veríssimo no jornal, para ser mais exato), já imaginava como seria esse texto. Seria mais uma análise contra o jornalismo futebolístico e a favor da divulgação dos outros esportes. Só que as coisas mudaram, e o que consegui não foi mais do que a continuação do meu desabafo in loco, não mais in loco.

Achei que toda a minha saga de desventuras tinha terminado quando conseguir, depois de muito batalhar, um adaptador para ligar meu laptop no Ginásio do Ibirapuera no Grand Champions Brasil (Brasil, hem!?), na última quinta-feira. E, claro, me enganei: queimei a língua pela segunda vez no dia (a primeira havia sido ao tomar uma xícara de leite muito quente na coletiva antes do torneio).

Aliás, a coletiva. Nunca tinha ido a um hotel tão bonito como o Sofitel São Paulo, em uma região entre os bairros de Moema, Ibirapuera e um bocado de Vila Mariana. Lá, além de conseguir algumas notícias bacanas com o Fernando Meligeni, vi de perto e até entrevistei o Bjorn Borg, um dos principais jogadores de tênis da história. Para simplificar: ele fez um pouco mais do que tudo isso que o Roger Federer já fez ou está fazendo, mas com uma raquete pesada de madeira e sem roupas da Nike. E com uma baita concorrência.

Uma das perguntas que fizeram ao Borg na coletiva era sobre as chances que ele achava que tinha em superar o Bruguera e ganhar o Grand Champions Brasil. Ele disse algo do tipo “I’m here to win”.

Pois bem, de volta ao Grand Champions, já no Ibirapuera. Quando cheguei ao meu cubículo de imprensa e terminei de instalar meu laptop e, com a ajuda fundamental do Seu Jairo, da Jovem Pan, montei a minha redação. Alguém já viu como é a cabine de transmissão de imprensa, aquela que tem o Galvão Bueno e o Arnaldo César Coelho de terno e gravata, felizes da vida e em um lugar bem chique? Pois então... a que tinha Felipe Held era assim.

Foto: Felipe Held/Cavaleiro com Solitária
Outra coisa de que me dei conta era a condição das tomadas. Apenas a minha das cabines de imprensa disponíveis possuía uma tomada utilizável. Todas as outras tinham algo que parecia um ninho de minhocas ou uma mecha de cabelos da Medusa. Lamentável.

Foto: Felipe Held/CCS

Outra coisa: o placar do ginásio, desligado, não mostrava a pontuação da partida. Qualquer descuido e babau. Mas até que consegui contornar essa situação conseguindo o nobre favor de uma amiga sorocabana que ligou no Sportv e passou a me informar a situação do marcador.

Mas então começou o jogo entre Meligeni e Mats Wilander, que prometia ser o mais engraçado da noite. E o Fininho, que antes do jogo já tinha anunciado que seria mais descontraído do que o normal, não fez por menos. Apesar de não ser oficial, foi um dos melhores jogos de tênis que eu já vi. Consegui acompanhar a partida inteira enquanto escrevia o relato. Profissionalmente, uma catarse.

Então me ajeitei na escadinha de banheiro improvisada à espera do início do jogo entre Borg e Vilas. O 23º da história dos dois tenistas, que decidiram Roland Garros duas vezes na década de 1970. Uma das maiores rivalidades do tênis masculino na história. A minha maior esperança no Grand Champions Brasil... Uma... uma...

Uma interrogação brotou na minha cabeça quando o Borg entrou em quadra e pediu o microfone. Até pensei comigo mesmo, em tom de piada: “Ele é sueco e não fala português, o que vai querer dizer pra todo mundo aqui? Ele vai, sei lá, falar que é gay ou então que também está envolvido no escândalo de apostas do tênis. Ou então...”

Aconteceu a terceira opção: ele desistiu do torneio. O motivo? Uma lesão no braço, contraída há algumas semanas. Sim, caro leitor, Bjorn Borg, a lenda viva do tênis, desistiu do Grand Champions Brasil. Já sabia que iria desistir, mas ainda assim a organização da competição fez marketing em cima do duelo Borg e Vilas, cobrou 90 pratas dos espectadores que foram ao Ginásio do Ibirapuera naquela noite de quinta-feira... uma palhaçada.

Poucas pessoas já me viram falar tanto palavrão em um espaço de tempo tão reduzido como aqueles 10s que sucederam o anúncio da desistência do Borg. Não pude extravasar, mas peguei três álibis na arquibancada: o simpático Pedro Portes, o carrancudo Aílton Sérgio e o idoso e quase surdo Alberto V. (uma das coisas que aprendi nos primeiros meses de faculdade era não fazer isso. Claro que na hora nem me importei).

Cheguei em casa à 0h32 absolutamente morto. Morto, mas extremamente feliz. Apesar de tudo, consegui ter essa vista.

Foto: Felipe Held/CCS

E de graça, apesar de muitíssimos contratempos.

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