quinta-feira, 10 de maio de 2012

Queria te dizer tanta coisa.

Queria que soubesse como essa dor é dolorosa e você não consegue sair de dentro de si mesmo você nem sabe mais se seu coração é pequeno demais e há um eco em seu peito ou se ele cresceu tanto nos últimos dias que não sobra espaço em nenhum outro lugar do seu corpo e ele quer extravasar e ele precisa extravasar mas ao mesmo tempo não sabe por onde e nem como enquanto eu continuo nessa incerteza sem saber como quando onde por que e por que tudo teve que ser assim e que as coisas tenham que ter um fim tão trágico depois de tantos momentos que jamais serão esquecidos e nem poderão ser esquecidos e que por mais que eu tente esquecê-los jamais serão esquecidos e quando me ponho a pensar nisso tudo fico cada vez mais desesperado e essa angústia corrói o meu ser e corrói tudo aquilo que com tanto esforço eu havia construído de uma maneira tão sólida e é nesse momento em que nada mais faz sentido e eu pobre diabo tento encontrar sentidos que não existem em letras de músicas conversas antigas receitas de ansiolíticos guardanapos dos cafés onde fomos conversas com pessoas conversas com você conversas comigo mesmo e ao mesmo tempo não quero conversar comigo porque sou uma péssima companhia para mim mesmo e é nesse momento em que eu vejo que estou alucinado e que estou em um ritmo extremamente acelerado enquanto o mundo vai se acalmando e vai reduzindo sua velocidade em uma desaceleração incrivelmente forte e tento respirar e sinto que o ar não vem e me angustio acendo um cigarro e outro cigarro e muitos outros cigarros até que o fluido do meu isqueiro chega ao fim e o cinzeiro já transborda de bitucas chamuscadas por outras bitucas e então não resta outra alternativa senão uma segunda tentativa de respirar... fundo.

O ar, limpo, frio, saborosamente insosso, estufa meu peito.

Me acalma.

Me conforta.

Oxigena meu cérebro, tenso, e acalma minhas terminações nervosas.

As mãos, molhadas e frias, se esquentam.

Expiro o ar vagarosamente, quase calmamente.

Sinto a carga pesada esvaziando minha cabeça.

Sinto meus olhos, antes nublados, quase cegos, que não faziam outra coisa senão enxergar lembranças nos lugares mais incomuns (e mais improváveis), se fechando naturalmente.

Sinto o sono que há tempos não sentia.

Quero dormir.

Preciso dormir.

Apesar de ainda ter tanta coisa para te dizer.

Mas...

...

Preciso não te ligar amanhã.

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