quinta-feira, 3 de maio de 2012

Divisão da cama de casal

Um meme bem engraçadinho circulando na internet sobre a divisão real de uma cama de casal me fez concluir algo com que pelo menos 109% dos casais (felizes e satisfeitos) devem concordar.

Nunca, mas nunca mesmo, uma cama de casal vai ser repartida igualitariamente entre duas pessoas – a não ser que um muro de tijolos seja colocado sobre um meridiano de Greenwich imaginário sobre o colchão, o que faria com que toda a mística sobre um leito para dois deixe de existir. Só que... sinceramente, quem se importa?

Jamais será você quem invadirá o espaço alheio (embora, sim, você também o invada). Sempre será o outro, e acho que isso passa um pouco pelo processo de automartirização de uma pessoa apaixonada. Sem neologismos, o que você quer mesmo é valorizar todos os sacrifícios que alguém em tal condição de insanidade amorosa é capaz de fazer.

E é necessário frisar aqui: dormir sozinho é uma das maiores comodidades que já inventaram. Você tem todo o espaço do mundo, pode se mexer à vontade, não acorda com o próprio ronco e (quase) nunca terá um déficit de cobertas. E poderá se cobrir e descobrir quando bem entender. Isso é inegável.

Enquanto isso, a partir do momento em que você divide um colchão com alguém, certos problemas surgem. Há menos espaço. Menos mobilidade. Menos liberdade. Mais chutes. Mais cotoveladas. Mais chances de cair da cama. E olha que ainda nem mencionei o ronco: eu, se pudesse, escolheria meu par amoroso pela altura do ronco. Por sorte, sempre fiz escolhas acertadas (neste quesito, vamos nos concentrar neste quesito).

Outra coisa: o corpo humano não foi desenhado para a cama de casal, que comporta no máximo três braços. Um (o teu, obviamente) sempre sobrará. E ficará dormente, independentemente da maneira como for acomodado. É um verdadeiro incômodo, vai por mim.

Olhando por esse lado, dormir com outra pessoa é a pior coisa do universo. E afirmo tudo isso com a tarimba de quem já fez a loucura de dividir uma cama de solteiro com alguém. Por mais de um mês. Mais de uma vez.

Foram as melhores noites da minha vida.

Aconteça o que acontecer, nada se compara ao acordar ao lado da pessoa de quem se gosta e ter como primeira sensação do dia o sentir o contato da tua pele com a dela – que já é quase a tua. Nem tampouco ao olhar ainda sonolento dela, sem maquiagem ou com o rímel já todo corrido, que te dá arrepios cada vez mais fortes. E falar o que do primeiro “oi” que você ouve e que faz o teu dia melhor, por pior que você saiba que ele vá ser?

É difícil encontrar algo que também seja melhor que dormir grudado com a pessoa amada, em um abraço tão forte que demonstre que você nunca a deixará ir. E ficar nessa posição durante uma, 3, 6, 8, 10, 12 horas. Quantas forem necessárias, e que serão uma fugacidade. Deveriam durar para sempre.

E se em algum momento cansar e seu corpo, entediado, rogar por uma mudança de posição... ele mesmo vai te implorar, menos de 10 segundos depois, para voltar ao abraço e ao aconchego dela. E com o tempo o braço que sobra na cama... até ele vai se acostumar a passar toda a noite dormente, formigando, dolorido, incômodo.

Aos poucos você só vai conseguir responder se teve uma boa noite de sono se dormiu com ela.

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