sexta-feira, 11 de maio de 2012

Close para o fim

A dor pode ser horrível, insuportavelmente intensa, inexplicavelmente amarga, inquietantemente angustiante. Mas ela é, até certo ponto, tolerável – desde que seja possível exprimi-la de alguma forma, mesmo que de uma maneira nada objetiva. Uma vez ela localizada e assumida, a tendência é que as coisas, na pior das hipóteses, se estabilizem.

Só que o problema maior não é isso.

Há quem tente superar a dor fingindo naturalidade, forçando a normalidade e transparecendo uma sanidade madura e estável. Isso dói, e dói muito. Dissimular uma condição que não é a tua te sufoca na hora de escolher as melhores palavras, as melhores expressões, as melhores respostas, os melhores roteiros.

A verdade é que nada sai direito. Aquelas que pareceram até milissegundos atrás as melhores chaves para as portas encerradas explodem na madeira maciça e sequer a fazem tremer. E pior: tornam-na mais forte e cada vez mais intransponível. Especialmente se a aleatoriedade sempre havia deixado aquelas portas escancaradas, mostrando do outro lado um jardim alegre, habitado por altas árvores e flores e pássaros e borboletas e insetos e... (aquilo ali é um arco-íris?) e abrilhantado pelos raios de sol das 8 da manhã.

Mas parece que dissimular é o melhor cenário.

(É o que eu tento dizer a mim mesmo)

(E eu mesmo me respondo, sem muito pestanejar)

- Ah tá, como se isso fosse um filme de final feliz.

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