sexta-feira, 1 de abril de 2011

Entenda as piadas sem sentido do Chaves: Juleu não era palmeirense

Para mim, é uma das melhores cenas do Chapolin: a serenata que nosso super-herói gafanhoto ajuda o apaixonado Juleu a fazer uma serenata a Romieta, sua paixão, na adaptação do Chespirito para Romeu e Julieta.

Os dois episódios do conto possuem dois fatores super engraçados: a rivalidade entre a família Montesco com os Capuleto impede que Julieu e Romieta fiquem juntos. O motivo? Matança à parte entre os clãs, o maior impedimento se dá porque os Montesco torcem para o Palmeiras e os Capuleto, para o América. Olha só, instante 3:30.



Opa, mas... peraí, América? América-RJ, América-SP, América-RN, América-MG…? Não dizem, mas se referem ao América do Rio de Janeiro. Por quê? Ora, porque os episódios de Chaves e Chapolin chegaram ao Brasil numa época em que a equipe carioca não estava na draga atual (em 1986, por exemplo, o time chegou até a ser 3º colocado do Brasileiro).

Ainda assim, não há sentido para um palmeirense ter rixa com um torcedor do América, não é mesmo? Como palmeirense, digo que não. O problema é que, na versão em espanhol, de fato dizem América – no caso, América do México, uma das mais importantes de lá e frequentemente mencionada nos episódios de Chaves e Chapolin. No caso, os Montesco não torciam para o Palmeiras, senão para o Chivas Guadalajara.

Só que a parte mais divertida, mesmo, é a da serenata. E bom, me dei ao trabalho de decifrar quais músicas o Chapolin ameaça cantar até ser interpelado pelo Juleu – na versão dublada, apenas traduziram as músicas. As originais são essas: Perdón (valeu demais pela ajuda providencial, Elizabeth Pereira!): El piojo y la pulga (uma infantil bem bonitinha) e Qué culpa tienen nos bueyes (“Que culpa têm os bois”, e não “que culpa tem o cachorrinho”)

Mas a mais legal, mesmo, é a última. Aquela, que começa com “Eu sei bem que estou de fora, mas no dia em que eu for embora eu sei que você vai chorar. Choraaaar e choraaaar”. Pois bem. Mostrei para minha namorada (não tão viciada em Chaves como eu), e ela me contou: essa música é a mesma em espanhol, mas trata-se de uma canção mariachi bem conhecida nos países hispanohablantes. Chama-se El Rey, e desde então passou a fazer parte dos meus CDs de MP3 no carro. Brega, pode até ser, mas não tanto quanto a versão do Maná.

Enfim, chegamos ao melhor momento do conto: a música Taca la petaca (algo como... ahn... seria algo do tipo “Faça as malas”, imagino, visto que não sou nem de longe um expert em espanhol mexicano, sobretudo informal), que não chegou a ser traduzida para o português. Melhor, vai. É genial assim em espanhol, mesmo. Ou vai falar que não?



E paremos por aqui. Colorín colorado, este cuento se ha acabado.

Um adendo: Roberto Gómez Bolaños, o autor e ator do Chaves, é mais conhecido no México pelo apelido Chespirito. A razão deste apelido? Shakespeare. Sim, acredite! Ideia do diretor Agustín Delgado, Chespirito é um nome latinizado e um tanto pejorativo para o Bolaños, por conta de seus romances e pelo tamanho (beeeem baixinho). Assim, Shakespeare, Shakespirito, Chespirito...

Amanhã: As máquinas de lavar não eram Volkswagen

2 comentários:

Elizabeth Pereira disse...

Olá cavaleiro... eu também adoro pesquisar coisas sobre Chaves e Chapolin e vi que você não conseguiu decifrar qual é a primeira música que o Chapolin canta na serenata para Rumieta. A música se chama "Perdón" veja no link seguinte: http://www.youtube.com/watch?v=GBND0WtKOVc
Parabéns pelo blog.. muito legal

Anônimo disse...

"Mostrei para minha namorada (não tão viciada em Chaves como eu)...".

Meus pêsames, amigo...