quinta-feira, 3 de agosto de 2006

We could leave this TOOOOOOOOWN and run forever!

Porque eu só tinha vontade de mostrar ao mundo a minha empolgação. E com essa empolgação do cacete, eu conseguiria correr pra sempre. Até as coisas mais chatas e bodeantes outrora foram engraçadas, e tudo fez com que o dia fosse fantástico. Mas vamos por partes...

O celular toca às 6h. Toca às 6h05min. Toca às 6h10, 6h12min, 6h15min... e eu sempre desligando pra dormir mais. Por fim, acordei às 6h39min, levemente atrasado. Saí de baixo dos dois cobertores e do edredon que me aqueceram super bem a tarde toda e comecei a pensar na vida. Enquanto ia pra área de serviço pegar a toalha, pensava se queria mesmo ir pra tal entrevista. "Eu nem sei do que é, nem vale a pena. É tão longe, nem vai dar tempo...", mas acabei pegando a toalha úmida [porque ela não seca em 8 horas no frio] e fui pro banheiro. Banho quente, a coisa mais gostosa do mundo. Enrolei, enrolei e pensei se queria ir ou não. Quando saí do banheiro, pensei em voltar pra cama e curtir mais algumas horas de sono. Preferi colocar a roupa normal, ligar a tevê no Bom Dia, São Paulo e me preparar pra sair. "Se agora for 7h15min, até dá tempo. Se for mais, nem vou". Mas nem enrolei tanto assim no banho, o relógio marcava 6h55min. Ok, vamos lá. Saí meio na pressa, com frio, e fui pegar o ônibus. Fiquei menos de 5 minutos no ponto, e aí o coletivo chegou. E chegou bem coletivo. Poderia ter dado meia volta e voltar pra minha cama, mas preferi enfrentar a lata de sardinha. Não poderia ler, isso é fato, mas tava bem com meu volume alto no fone de ouvido. Fiquei na porta, vendo o motorista trocar de marcha e tal, tava bem colocado. Mas bastou um quilômetro rodado pra que mais 40 sardinhas entrassem num lugar que não cabia mais nenhuma. Tudo bem, fiquei meio amassado e tal... mas pude perceber algumas coisas.

Por exemplo, a cobradora. Ela tinha uma cortina vermelha que não deixava que a moça sentada ao lado [ou atrás, depende do ponto de vista] visse a trocadora. E ela era bem feinha. As duas. Também percebi que as pessoas não têm o mínimo de noção de espaço. Uma passa pela roleta, no sufoco, e a outra já começa a empurrar pra passar também, mesmo não tendo espaço. Tsc, tsc. Preferi ficar um bocado antes da catraca, não queria me aventurar na geral.

Só passei o bilhete único quando houve um alívio mínimo no da linha 5128. Parei ao lado de uma moça que parecia ser bastante bonita. Mas nem reparei nela, fiquei olhando as ruas... tava com medo de me perder. Aí o ônibus foi ficando mais e mais vazio, e eu pude começar a prestar atenção nela. Ela parecia chamar Daniela. Tinha as unhas roídas, o cabelo bastante liso [mas não era pranchado (ou chapado), era bem bonito e natural], vestia-se de preto... toda de preto. E talvez chamasse Daniela, tinha cara mesmo. Calça, meia, sapato, blusa, colete, jaqueta... tudo. Talvez ela seja esclarecida, tenha algum motivo pra isso. Talvez seja revoltada com alguma coisa como, por exemplo, a superlotação nos coletivos matutinos. É um bom motivo de revolta. Fiquei olhando mais, mas só olhando porque eu gosto de olhar o que acontece à minha volta. Porque assim eu posso fazer piadas, essas coisas. Mas também notei que ela tinha uma aliança de prata no anelar direito. Bem, isso não queria dizer que eu estava impedido de olhar pra ela, só queria dizer que alguém também já tinha percebido as mesmas coisas que eu tinha. Quando o Mercedes esvaziou mais, sentei atrás dela. E aí eu pude perceber a última coisa dela: ela desce na Santo Amaro.

Depois disso, fiquei só olhando pras ruas. Percebi que Flórida e Califórnia ficam longe uma da outra, em cantos opostos... tanto dos Estados Unidos como daquele bairro esquisto da antiga Noca Amsterdã... o Bronks.

Mais nenhuma surpresa de verdade até eu chegar na empresa. Tirando que eu percebi ter uma sorte fodida por chegar 5 minutos antes do horário marcado. Logo depois, percebi que a empresa tinha um nome esquisito e que vai demorar pra eu memorizá-lo. A percepção continuou com a sala da chefe, um tanto quanto desorganizada. E que ela tinha gostado do meu currículo vazio ou das minhas respostas pensadas na hora. E o mais desagradável é que eu notei que a tia de lá não sabe fazer café... mas fez uma água suja que era uma delícia!

Percebi que era lá que eu queria trabalhar. Porque o salário é legal, os benefícios também. Assim como o horário. Legal, legal! Que era bem melhor do que as outras duas perspectivas de emprego que eu tinha, que, aliás, são uma merda. E percebi que tudo deu certo, mesmo eu percebendo que não sabia muita coisa do Hezbolá e do Israel. Trapaceei um pouco, mas ninguém percebeu. Acho que vão perceber só que eu fiz uma pauta com uma série de contatos, talvez gostem disso.

Aí eu saí do prédio duas horas depois de ter entrado. Feliz, com a maior vontade de rir. Porque eu estava super feliz, animado, empolgado... e com querendo cantar a música animada que soava no ouvido. Percebi que a chefe tinha bigode, hihihi. Percebi, então, que ter ido pra lá fantasiado de Rasputin não foi tão mau assim.

E, pra terminar, percebi que o ônibus é vazio ao quadrado no caminho de volta. E percebi que eu não percebia muita coisa. O jardim do prédio tá tão bonito, as flores brotaram, abriram e tal de um jeito tão bonito! Aposto que elas não surgiram lá de ontem pra hoje, só eu que não queria percebê-las. Tsc, tsc.

Posso até não pegar o trampo, mas que foi demais, foi sim. Demaaaaaaaais!
Dois bons dias. Dois lindos dias, dois belos dias.
DEMAAAAAAAAAIS!

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