quinta-feira, 10 de agosto de 2006

Pós Jogo

Ponta de estoque (2)

Muito empolgado pra deixar o dia passar em branco, mas muito cansado pra escrever sobre ele [já estou fazendo isso, e pelo menos meu nome vai ser divulgado, se der certo].
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Pedrinho ajeita a bola, olha para o gol... O juiz autoriza, a bola passa pela barreira... E é gol!

A torcida grita olé; Baiano recebe na ponta direita, avança... Entra na área, cruza... O atacante se estica todo e a bola passa, Marcinho vem de trás e chuta... E é gol!

O juiz apita, e todos que foram ver o jogo saem satisfeitos, em especial o garoto que atravessou a cidade para matar a saudade do estádio - Ele sim sai radiante; o dia realmente valeu a pena!-. Compra uma cerveja por dois reais (nem liga para o preço, a vitória valia bem mais do que isso) e vai para o metrô não cabendo em si próprio. Chega em casa e conta para todos sobre o jogo, sobre os gols, sobre a bandeira... Estava feliz da vida, felicidade que há tempo julgava não sentir.

Conecta no orkut e vê a última pessoa que queria ver naquele momento... Ou a única pessoa que queria ver naquele momento. Como sempre que a vê, seu coração não sabe se pára ou se acelera; e deixa um recado para ela... Assim que recebe a notificação de que seu recado foi respondido, fica na expectativa e recebe uma mensagem que o alegra mais ainda!

Sai para contar para todos sobre a mensagem, esperançoso e orgulhoso. Mas sua alegria não dura mais do que alguns instantes, quando todos para quem havia contado dizem que isso não significa nada... Ou pior: não era nada daquilo que ele achava ser, mas bem mais constrangedor.

E aí é que a mesa vira! A ótima sensação que o havia dominado do trajeto estádio-casa se esvai em frações de segundos. Fica tonto, confuso... E volta à antiga sensação de joio no trigo. Quer desabafar, mas para quem? Para o teclado!? Ou para uma tela? Nem ele sabe, sente-se mal. Pensa em, somente, aliviar a sua tensão (por favor, não me venha com piadas, falando que ele foi aliviar uma porque a situação não é propensa para humor... Não agora!). Pensa em quebrar promessas, não se importa com as conseqüências, o que vale é o momento (se o futuro nunca foi bem planejado, só o presente que interessou, pra que mudar? É muito mais fácil manter os seus próprios dogmas e segui-los do que rever os conceitos e cambiar... Não seria original, não seria a mesma pessoa - ora, ele é ele agora?).

Volta a ver os recados da pessoa que indiretamente - indiretamente nada, se ele tivesse sido mais rápido e tivesse planejado as suas atitudes, tudo isso poderia ter sido diferente (onde foi que eu já vi isso antes?)! Mas já foi dito aqui, ele nunca pensou nas atitudes, o que valeu sempre foi o momento! Vai achando que seria muito melhor esclarecer tudo de uma vez (quer parecer rápido agora, veja só!), mas não há porque ter pressa, não se deve ser apressado, deve-se deixar que tudo aconteça naturalmente (isso já está ficando familiar, já vi isso em algum lugar!) - o teria deixado como agora está...

“A curiosidade matou o gato (e o fez quebrar a promessa. Não! É muito mais fácil justificar os erros através das situações em que se está metido! Então vamos parar de falsidade: quebrou a promessa por ser estupidamente inseguro!)”, me disseram certa vez; e também disseram que “Quem procura, acha” (Ora, isso aqui virou livro de chavões?)... E ele achou o que queria (queria?): ela falando sobre o nome de outro.

Eu juro que ouvi! Eu estava do outro lado da rua nessa hora, mas ouvi alguma coisa sendo partida em milhares de pedacinhos. Doeu até em mim, posso dizer. Mas quantas vezes não o avisei para não apostar todas as suas fichas em uma máquina só (com mais dois clichês isso aqui vira uma letra da Legião Urbana!)? Mas ele me ouviu? Negativo! Só quis ouvir seu sentimento cego (Estou guardando o que há de bom... Em mim – descontrair é bom!)... Que por ser cego e não enxergar, além de subir pra cima, foi indo e desceu pra baixo... Sim, desceu para baixo e o levou novamente à condição de perdido...

E perdido ele está, eu vejo daqui de cima... Vejo-o lá embaixo, sem saber o que fazer, contando às paredes suas desventuras...

- Tentar? – ele pergunta a si mesmo fingindo não ter entendido a pergunta que uma parede fez.
- Seria uma boa idéia - ele realmente acha que tem alguém falando com ele, coitado!-, se já não estivesse cansado!
- De quê? – que dó, ele está ficando abalado! Alguém pode avisá-lo para parar de falar sozinho?
-Justamente de tentar! - Por mais que não pareça, ele realmente tentou... E cansou de ver as portas (ou a única porta que foi batida – muitas vezes) se fecharem na cara dele... Mas desta vez não viu se a porta foi fechada tão violentamente que bateu e abriu por impulso (lei da ação e reação, quantidade de movimento, empuxo, inércia, campo elétrico – alguém que entenda de ciências melhor do que eu lhe explicaria mais detalhadamente) ou se não foi fechada propositalmente e uma fresta foi deixada...

‘Mais uma vez?’, ele pergunta para suas novas amigas (ele está quase me convencendo de que realmente tem alguém ali junto dele!). Não sabe... E por isso começa a escrever um relato em terceira pessoa, fingindo ser um observador externo aos fatos – mas onisciente – contando a história de um suposto fracassado (ou seria medroso?).

Coitadinho! Tomara que ele possa se recuperar... E sorte a minha estar daqui de cima e somente contar os fatos desse medroso. É... a vida é injusta para uns, justíssima e boa para outros, como eu!

Vou rever os gols do jogo (o gol de falta foi realmente uma pintura!), então paro por aqui... Boa noite!

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