quinta-feira, 21 de março de 2013

Mar da Catalunha

Olho para a marola dessa imensidão do Mar Mediterrâneo e, de uma maneira impensável, penso em você. Dedico esta vista a você. Eu não estaria aqui se não fosse por você. Olha só onde eu vim parar.

É inverno. Um vento gelado corre em direção ao sul e se choca de maneira estrondosa contra meu pescoço e deixa um assobio agudo quando passa pela minha orelha. Tenho um arrepio por toda a espinha. Parece frio, mas sei que não é. Já aprendi a diferenciar essa sensação, já sei que esse tremor mostra que você está presente. Andou pensando em mim? Por favor, não faça isso.

Respiro mais fundo, tentando captar algum vestígio teu, e meu peito esfria. Sinto raiva. Sinto raiva de você, de mim, do que aconteceu e do que está acontecendo. Essa raiva que se estende pelos meus braços e contamina minha mão gelada que insiste em correr e guiar esta caneta pelo papel.

A raiva me traz a falta da tua companhia. Tua companhia que sempre me havia feito tão bem. Que me suprimia qualquer pensamento de um dia me sentar em um banco à beira-mar em Barcelona para ver o pôr-do-sol. A tua companhia, que tornava tudo isso tão insignificante. Mar, Barcelona, Catalunha, céu, sol, barcos, turistas, gaivotas que revoam a 2 metros da minha cabeça e até este casal de namorados apaixonados ao meu lado. Éramos maiores que tudo. Éramos melhores que isso.

Agora, sim, já tenho frio. Culpa minha, não trouxe o cachecol que você insistiu que eu comprasse.

Tenho frio, tenho raiva, tenho saudade, sinto tua companhia e não a tenho. Tenho o mar da Catalunha todo para mim e não o quero. Porque olho para ele e te vejo em todas as marolas que correm de mim.

O mar da Catalunha, a partir de hoje, será você.

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