segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Relações trabalhistas

Cada pessoa tem um hábito diferente quando chega ao trabalho.

Tem alguns que chegam e fazem questão de cumprimentar um por um. Há também aqueles que apenas fazem uma saudação coletiva, enquanto ainda tem um ou outro que passa reto por todo mundo e senta no seu espaço reservado sem falar um a sequer.

Na hora de ir embora também. Tem os que vão de mesa em mesa falar até logo, alguns que dizem um tchau geral, outros só balbuciam alguma despedida aos que estão no caminho... e nem sempre os hábitos são os mesmos na hora de cumprimentar e despedir. Mas não é esse o mérito da questão.

É simples. Embora todos os funcionários tenham costumes diferentes ao saudar os companheiros de trabalho no início ou no final do expediente, uma coisa é comum a qualquer um: a pausa no trabalho para ir ao banheiro. As pessoas se tornam muito mais simpáticas... e cúmplices, talvez.

Nunca reparou? Pois preste atenção: você pode ter visto a pessoa uma, duas ou quarenta e nove vezes naquele dia. Ela pode até sentar ao seu lado e vocês conversaram o tempo todo. Mas se duas se encontram no caminho do banheiro, a reação é a mesma para qualquer outra pessoa: um levantar de sobrancelhas, um sorriso e algum comentário. Ou talvez um apelido inventado às pressas: “Opa! E aí, campeão!”. Um que está na moda, por motivos óbvios, é este: “Ê, curintia! (que tem também a variante ‘Ê, segunda!’)”

Não interessa se você já o viu durante seis horas de expediente, passou a hora do almoço com o indivíduo ou coisas do tipo. Está implícito em qualquer relação trabalhista que evitar uma saudação no caminho do banheiro é uma tremenda grosseria.

E por quê? Talvez porque muitas pessoas sejam cúmplices indo ao banheiro e essas saudações queiram apenas significar algo do tipo “É, eu também não estava com vontade de ir ao banheiro, mas precisava andar um pouco e respirar novos ares. Só não conta pro chefe”.

E se o encontro casual não acontece no caminho, mas no banheiro em si, sempre há algum assunto clássico. Algo do tipo elevador: “Calor, né?”, “Putz, tá foda hoje”. E, claro, um que está sendo bem usado nos sanitários e toaletes do mundo inteiro ultimamente é “E o Timão, hein?”.

Nunca os assuntos são profundos – até porque... quem seria o indivíduo que começaria uma densa conversa na fila da pia do banheiro. A conclusão disso tudo? Golpes de Estado, partidos políticos ou qualquer revolução são coisas que jamais podem ser iniciadas com um encontro no toalete.

Um comentário:

Emanuel Colombari disse...

"Golpes de Estado, partidos políticos ou qualquer revolução jamais pode ser iniciada com um encontro no toalete."

Menos mal.

Agora, fala para o tio... Quem você encontrou no banheiro?