quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Bar-bá y cabelô

Elementar, meu caro Watson.


Definitivamente, acho que estou ficando velho. Tudo bem, atingi a maioridade há menos de um semestre e já me acho acabado, cansado e rabugento. Futuro brilhante pra uma mente com muitas e muitas lembranças.

Ontem, pela primeira vez, cheguei no mesmo barbeiro dos últimos 16 anos. 'O corte de sempre, seu Dito, mas dessa vez é barba e cabelo'. O velhinho quase teve um ataque, teve um misto de surpresa e alegria ao mesmo tempo. Por dois motivos, e ele explica:

1. "Ah, sabe como é, Cavaleiro? Eu corto seu cabelo desde que você era pequenino, desde que você tinha um dente ou outro! E fazer a barba de alguém que você viu crescer, alguém especial que acompanhou ao longo do tempo, é uma coisa demais, é um orgulho enorme que você me dá!"

2. "E eu achei que nunca ia poder aparar a sua barba. Porque você é tem um xodó enorme pela sua barba, tem cara de que não deixa ninguém passar a mão nela e tem todo um cuidado por ela!"

[Só uma correção ao velhinho: de fato, sou chato pra cacete com a porra da barba. E até gosto que passem a mão, dependendo de quem for]

Legal é que o velhinho pode ser tipo um outro avô. Que nem aquele do metrô, o do boné do Palmeiras. Até mais, se quer saber. Porque o Seu Dito é um filósofo e tanto! "Um dia eu queria ficar velho pra saber como é, pra saber se a gente fica chato mesmo...", comenta do alto dos seus mais de 70 anos.
[ah, vício dos trabalhos universitários! Fica tão frio o texto com esses comentários depois da brígula...

Prossigamos

Acordar cedo, selecionar camisa, gravata e tudo bonitinho. Sair de casa todo bonitinho, estudar um pouco antes da prova lendo o Lance! e tudo mais. Comprei o jornal pensando em ler na cadeira do engraxate, mas acabei dando uma olhada pro sapato e achei que, se passasse graxa, foderia tudo. Em todo caso, o sapato tava bonitinho.

Creio não ter decepcionado, acho que até fui bem, sabe? Pelo menos eu vi no meu currículo as coisas que chamaram atenção de quem leu. As setinhas mostravam, acho, uma puta surpresa. "Inglês avançado - a 6 meses de terminar a Cultura Inglesa", "Holandês intermediário", "setorista do site tal de esportes..."

Pelo menos é uma coisa legal. Somado ao resultado do teste [malditos os esportes idiotas que fodem com a minha prova!], talvez eu me dê bem.

Continuando, hoje foi legal. A concorrência é legal, e a superação [não necessariamente a auto] me faz bem. E o hino da superação eu ouço no MP3 depois de cada entrevista. Aquela empolgação que dá vontade de correr pra sempre.

Depois foi legal. Você pôde ver que eu tava vestido à social, com gravata combinando com a camisa e tudo. Viu que eu me dei bem, já que você pensa que eu realmente estou empregado e ganhando bem pra caramba. Viu que eu não me matei depois da gente não ter dado certo. Contudo, não viu que eu fiz questão de que você me visse. Talvez percebeu depois, quando eu mudei o caminho de ir pra casa. Mas não me importo, afinal... afinal eu faço faculdade e Holandês, e você ainda nas aulinhas de Inglês [odeio quando rima, caralho!].

Só que você não sabe que eu só fiz uma entrevista. Uma entrevista no lugar mais fenomenal do[MEU] mundo, mas não deixa de ser fenomenal. Não sabe que eu mudei de caminho pra você ter certeza de que sim, era eu. E não sabe de muita coisa que quase ninguém sabe.

Se a gente tivesse dado certo, seria a primeira a saber que eu tinha sido chamado pra entrevista. Seria a primeira a me ver depois da entrevista, e seria quem escolheria as roupas pra eu ir [porque eu não sei qual cor combina com qual cor], que ajeitaria o nó na minha gravata... Mas você não sabe combinar cores, não sabe ajeitar nó de gravata e a gente nem deu certo!

Pelo menos você não sabe.
Não, não está vendo naaaaaaada!

Falando na política, acabei pegando um papel hoje [porque eu só pego panfletos quando eu me sinto bem comigo mesmo] que me fez rir um pouco. Era sobre o PSOL, todas as metas de esquerda radical e toda essa termologia imbecil que a gente é obrigado a ouvir a cada 2 anos.

Enfim, sobre o panfleto, eram engraçadas as palavras que serviam de estímulo para que reajamos com o Sistema [e toda essa utopia anarquista que nunca vai sair do papel, mas com que todos os garotinhos de 15 anos se vislumbram quando ouvem falar]:

Racismo, mensalão, esgoto à céu aberto (À?), lucro dos banqueiros, feriado com chuva (qualé? Eu gosto!), cerveja quente (!), acidente de tabalho, poluição, remédio vencido, falta de creche, tarifa do ônibus, machismo, criança de rua, latifúndio, leite coalhado, vento encanado, salário mínimo, taxa de juros, mala sem alça, neoliberalismo, dinheiro na cueca, hipocrisia, olho gordo, homofobia, estádio vazio (é bom pra ver o jogo, analisar a tática e fazer anotações), PCC, poste sem luz, falta de segurança, desrespeito com os idosos, água no feijão, dor de dente(malditos Sisos, vão me fazer escrever uns posts bem chatos logo mais), orçamento cultural, candidato pré-fabricado, dor de cotovelo, serviço militar obrigatório (!!!)... e um monte de baboseira até chegar em 'feriado com chuva de novo'. Ora, feriado com chuva é legal pra, sei lá, ficar em casa, tomar algo gostoso e fazer alguma coisa interessante acompanhado. Ou, na hora da solidão ou depressão, jogar videogame ou ver um filme legal.

Aaaaaaah, chega!
Perdi umas 20 mil idéias que eu tive ao longo da volta pra casa. Bosta.

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