sábado, 25 de maio de 2013

Falsa poética


Há dias em que não me permito apenas ficar de mau humor. Não tenho o menor pudor em deixar que ele impere sobre mim.

Perco a calma por pouco e explodo. Para dentro, em silêncio. Me implodo.

E a primeira imagem que me vem à cabeça é de você. Sempre você.

Tento me empenhar para pensar em qualquer outra coisa, em qualquer outra pessoa. Me esforço e faço força em qualquer sessão de regressão a alguma época em que você ainda não existia.

Gasto energia. Esgoto minha mente, que, estafada, não me mente. E me devolve a tua figura.

Meu peito arde e também me rendo. Aceito pensar no que você estará fazendo agora. Sonhei que você iria me ligar hoje, ainda. Mais tarde. Ensaiei todo o roteiro que eu não saberei seguir quando meu telefone tocar.  

Cada vez mais anseio te ver. E tenho ânsia. Meu estômago se revira em movimentos semelhantes àqueles de quando eu esperava ansiosamente por você, nas tardes de sexta-feira, que eu declarei que seriam sempre nossas.

Respiro fundo para tentar manter um mínimo de domínio sobre meu organismo ao mesmo tempo em que ouço, em loop, a música que significa a declaração da tua independência. De independência de você mesma. De independência de mim.

Não, eu não estou fazendo isso certo. Sei disso.

Mas não sei realmente se quero mudar. Ou se não me deixo. 

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