terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O amigo do meu pai

O Moura é um cara gente fina, não tenho como negar. Conheci o tal Moura quando eu ainda era bem pequenino, tinha acho que uns cinco ou seis anos. Mas nunca tinha reparado nos últimos 15 anos o quanto ele pode ser... útil? Talvez seja isso.

Perguntei uma vez para o meu pai quem era o Moura, e ele logo respondeu que era um grande amigo. Curioso pra danar, perguntei também o que o Moura fazia da vida, e o meu pai logo disse que era um famoso oculista. Ou oftalmologista, sei lá. Alguém que cuidava dos olhos.

Eu, para falar a verdade, não gostava do Moura. Era bem desagradável meu contato com ele, embora fosse grande amigo do meu pai. Tamanho era meu desagrado com o tal Moura que nunca tive muito contato com ele, ainda bem, nos anos que se passaram.

Até que vários anos se passaram, eu ganhei barba na cara e uma rinite que derrubaria até um rinoceronte selvagem. Uma rinite que resolveu me atacar em pleno final de semana de folga, quando eu estava no meu canto jogado no sofá da sala vendo tevê e esperando o mundo acabar em barranco para eu morrer encostado (notei ultimamente que tenho usado muitas gírias da minha avó, por sinal).

Se não me engano, nunca tive um ataque tão forte de rinite. Meu nariz doía, minha garganta arranhava, meus ouvidos reclamavam e, por fim, meus olhos coçavam como nunca. E eu, que nunca fui lá de conter minhas vontades, não parava de coçar os olhos. Uma besta, eu sei.

Depois de um sábado espirrento, o domingo chegou ainda pior. Até que, à noite, eu mal conseguia abrir o olho direito. Foi horrível dirigir voltando para casa com um olho meio fechado e o outro coçando absurdos. Mas deu certo, cheguei aqui em casa e minha rinite deu uma trégua. Mas meus olhos, que já não coçavam mais, agora ardiam. Demais.

Nem mesmo uma noite de sono, com algumas horas além do esperado, salvaram meus olhos. Acordei segunda-feira com o olho direito roxo, coçando e ardendo. Pouco tempo depois, o esquerdo apresentou os mesmos sintomas. E eu já não sabia mais o que fazer.

Então saí do banho, abri o armário secreto no espelho em cima da pia e lembrei do Moura. Peguei o colírio que meu pai deve usar há uns 50 anos (não o mesmo frasco, imagino), chequei a data de validade... e pinguei uma gota do Moura Brasil em cada olho. Meia hora depois eu já não tinha mais nada – só uma coceirinha bem leve, pra falar a verdade.

Estou indo dormir e passei mais uma dose de colírio Moura Brasil em cada olho, que não me incomodam mais e não possuem um vaso saltado em vermelho. Meu pai estava certo: o Moura era um cara bem legal. E grande amigo meu, também.

Um comentário:

Bonie disse...

Hahahahahahahahahaha nunca imaginei que fosse terminar assim!

Pelo menos seus olhos estão curados, e tal. Mas é exagero, não tava tudo roxo e gigante ontem de manhã ¬¬

E by the way, esses dias meu pai disse que eu vivia esperando o mundo acabar em barranco para morrer encostada =(