segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Tampa da panela

No mundo do Harry Potter, as varinhas mágicas escolhiam seus bruxos. No Senhor dos Anéis, o anel precioso basicamente elegia seu novo portador. Já no tênis, são as raquetes que nomeiam seus tenistas. E em Hollywood o coração propõe a alma gêmea de seu dono.

Tudo muito bonito, não é? Mas na vida real não é bem assim. A única coisa que realmente nos escolhe na vida são as canetas. É, é verdade. Embora haja milhões, bilhões de esferográficas, tinteiros, rollerballs, pontas-finas e hidrográficas disponíveis a nós, pobres mortais, em qualquer prateleira de papelaria, cabe a elas escolherem suas mãos condutoras.

Digo isso por experiência própria. Desde pequeno fui meio que viciado em escrever, sobretudo com canetas. E na minha casa as mais comuns eram as corriqueiras Bics e uma outra, as rolleballs deluxe da Mitsubishi/Uni-ball. Naquela época, qualquer uma servia para eu fazer meus rabiscos.

Até que entrei na escola e, a partir da primeira série (quando as canetas foram liberadas para os fedelhos de 1995), percebi que não bastava destampar uma caneta qualquer e mexer a mão em cima do papel. Não que isso tenha influenciado minha personalidade.

Costumava usar as normais da Bic, mas com o passar de algumas semanas percebi que algo estava errado: antes de a carga ser 40% gasta, a caneta já parava de escrever. Então vieram as Bic Cristal, mas o panorama não mudou: a vida da caneta era de 50%.

Passei então para aquele canetão 4 cores em 1, mas não me adaptei: era graúda demais. Então fui para as rollerballs deluxe da Mitsubishi, mas não por muito tempo. Por ter a mão um pouco pesada na escrita, elas borravam as costas de todas as folhas. Uma nhaca, apesar de a caneta ser bem legal. E o estoque de casa acabou por volta de 1999 - pouco depois de a caneta desaparecer temporariamente das lojas.

Foi quando fui apresentado às Quilométricas Plus – aquelas azuis bem fininhas que, embora muito boas e de vida bem longa, saíram de linha logo em seguida. Tentei encontrar um outro modelo de caneta (sempre gostei de uma que fazia som semelhante a um clique quando a ponta se encontrava com o papel, mas jamais encontrei), mas fracassei. Não me adaptei a nenhuma caneta promocional ou de mapa. E as Bics continuavam me boicotando.

Minha busca só foi terminar no final de 2006, quando encontrei no chão da sala da faculdade uma caneta semelhante a uma Bic normal, mas mais bem acabada e com outro nome: Compactor top 2000. Só não durou para sempre porque minha mãe viu na minha mochila e pediu para ela, mas foi a caneta da minha vida.

Minha mãe contou que adorava aquela caneta, mas há tempos não via à venda. Assim que aquela acabou, achou na internet uma loja virtual porto-alegrense que vendia caixas fechadas de Compactors top 2000. E desde então não tivemos mais problemas com canetas.

Até que sábado passado, durante as tradicionais compras de volta às aulas na Kalunga (hoje em dia para o meu irmão – o ensino acadêmico, por mais paradoxal que seja, não demanda muito material), vimos penduradas várias rollerballs da Mitsubishi: na hora, identifiquei a caneta e lembrei do meu pai.

Compramos para ele e, antes de entregar, abri o pacote e arrisquei algumas assinaturas. Mas após alguns ‘Felipes Helds’ rabiscados, tampei-a e coloquei sobre a mesa da sala: aquelas uniballs escolheram a ele, e não a mim.

5 comentários:

Anônimo disse...

Cara, também sempre fui fã da Bic. Gostava de uma caneta parecida com a Compactor Top 2000, que meu pai comprava pra mim quando eu estava na segunda série - foi então, em 93, que o Colégio Braga Mello de Pres. Prudente liberou a caneta para a molecada.

Era uma caneta meio grossinha, com a ponta azul, e corpo redondo. Não sei se ainda acha pra vender, mas talvez por ter sido a primeira, tenha sido a mais importante.

Carolina Maria, a Canossa disse...

Eu sempre gostei de Bic e as Bic sempre gostaram de mim, apesar de ultimamente eu andar viciada em canetas promocionais.

Allan Brito disse...

Putz... nunca reparo mt nas canetas q uso... mas lembro desse compactor por causa da foto... lembro q ela é boa msm!!!

Mas sei lá... me acostumei tanto a usar os dedos pra escrever, prefiro isso as canetas!

Ps: Li tb seu post aqui embaixo, do AO! BELAS indicações d nomes para ficar d olho hein?

Anônimo disse...

Vocês já ouviram falar da Conspiração das canetas Bic?

Blackbird26 disse...

Amigo, eu queria saber aonde vc acha para comprar Compactor Top em Porto Alegre. Eu sempre comprei as minhas na Livraria do Globo perto da minha casa mas, hoje quando finalmente a carga da minha última caneta acabou eu entrei lá e a loja estava praticamente vazia e, desconfio eu, prestes a fechar as portas de vez como todas as outras.

Eu praticamente passo os dias escrevendo e essa é a única caneta que eu consigo usar até acabar a carga sem que ela falhe uma única vez.
Fazer o quê? É a minha caneta.

Se vc puder me responder, meu e-mail é thunder@via-rs.net , ou pode deixar comentário no meu blog.

Obrigada