quinta-feira, 24 de março de 2011

Como se livrar dos chatos na rua

Tem coisa mais desagradável do que você estar andando na rua, feliz e contente com algum detalhe de sua vida ou com alguma música tocando no seu fone de ouvidos, e ser abordado por alguém vendendo alguma coisa que você não necessita? Bom... certamente há sim coisas mais desagradáveis, mas ser parado na Avenida Paulista é algo do qual eu realmente não gosto.

Sempre tive esse tipo de problema, mas tampouco gostava de ser ignorante, grosseiro ou um mero papagaio que repete a mesma desculpa de sempre, como “estou atrasado” ou “não tenho tempo”. Contudo, fui capaz de desenvolver um passo a passo (mais sério do que o último já publicado neste espaço) bastante efetivo para se livrar desses chatos (que sim, fazem seu trabalho, mas que atormentam um tanto a minha vida).

Estive empenhado neste estudo desde janeiro, quando quis fazer graça com a minha namorada enquanto entrávamos na Fnac e tentaram nos empurrar um CD de jazz – o cara era até simpático, mas estávamos brincando de "troca de nacionalidade". No mesmo mês, uma mulher que queria nos vender ingressos para alguma balada do Guarujá. Hoje, a conclusão da pesquisa se deu com um grupo de pessoas comercializando sei-lá-o-quê – consegui me livrar deles mais rápido do que antes.

Tudo funciona assim:

Passo 1
Seja um apátrida. No meu caso, já fui visto como argentino, turco, chileno, peruano, colombiano, boliviano, hondurenho, mexicano... nunca brasileiro. Muitos de meus amigos, inclusive, nunca sabem se estou no Brasil (ora, como se eu viajasse tanto assim!).

Passo 2
Faça seu visual corroborar que você é apátrida. No meu caso, ser bem servido de nariz e possuir um nível acelerado de crescimento de pêlos faciais são coisas que também ajudam. Um cabelo bagunçado pelo vento e uma vestimenta básica (sabe? Calça jeans, camiseta Hering sem estampa e um tênis comum) me transformam no personagem perfeito.

Passo 3
Saiba falar uma língua estrangeira com o mínimo possível de sotaque brasileiro e o máximo de acento de alguma região. No meu caso, consigo me transformar de um portenho a um cordobês comum, passando por um uruguaio de Montevidéu e por um cordobês vulgar sem grande esforço – aos olhos de um argentino, porém, sempre terei um sotaque meio-espanhol-andaluz-meio-centro-americano.

Passo 4
Misture esse seu sotaque estrangeiro com um nível extremamente elementar do português (uma ou duas palavras por frase).

Passo 5
Seja cínico, mantenha seu rosto lívido e segure o riso. Ao mesmo tempo, seja criativo para improvisar quando for necessário. O resultado será mais ou menos assim:

- Oi, boa tarde. A gente tá vendendo...
- Hola, buenas. Yo... yo nao falo portugués, me entendés?
- Não? De onde você é? (aqui começam alguns gestos do interlocutor)
- Yo soy argentino.
- Ahhh. Bom, a gente tá com essa promoção de...
- Che, escuchame, yo no hablo... no falo portugués, dale? (E agora aumentamos bastante a velocidade do nosso discurso) Pero si vos me hables en castellano seguro que sí te entiendo.
- Desculpa… qual o seu... Eh... nombre?
- Carlos Mona Jiménez.
- Ah, bom… tudo bem. Obrigado. E ó... Pelé! Penta!!! Maradona es drogado!

Ok... dizer que você é argentino certamente vai te sujeitar a tais piadas. Acontece...

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