quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Yo soy una mula, capítulo I

Várias vezes por semana, talvez até por dia, me dou conta de que minha certeza sobre mim mesmo é a maior furada.

Inúmeras coisas das quais eu estava crente que dariam tudo certo se mostram, passados alguns meses, semanas, dias, horas e até minutos, uma idiotice por completo.

Na maioria desses casos, fico sem reação aparente. Mas, por dentro, não deixo passar uma frase-lema para esses momentos: "Yo soy uma mula". Assim, em portunhol mesmo. Sei lá por que, mas o fato é que isso acontece.

Uma prova disso aconteceu essa semana. E, já me dando conta de que esse acervo de self-pataquadas poderia render pelo menos alguma coisa interessante, resolvi inaugurar esta série à parte deste blog: a seção Una mula, que poderá ser atualizada semanalmente ou diariamente. Embora, claro, eu espere que fique mesmo só neste primeiro capítulo.

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Tenho minha idéia de tema para o Único Trabalho Sério da Faculdade Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) já tem muitos meses. Um ano, se bobear. Até que um dia, um sábado qualquer após receber um bolo de tédio, resolvi fazer meu projeto.

Era agosto, eu acho. Quatro meses antes da entrega. Para deixar tudo pronto. Imprimi algumas cópias, mostrei uma para o meu professor de introdução a essa bagaça e outra para o Celso, que jogou pedra na cruz e como castigo recebeu a missão de me ajudar nessa parada meu orientador. Todos deram uns toques aqui e ali e pronto.

Aí eu tive a brilhante idéia de mostrar para o Erick, meu chefe, que por muitos anos cobriu tênis na carreira e poderia também me ajudar. Ele me deu muitas, muitas dicas. Apontou fontes interessantes e indicou um nome ou outro por aqui que poderiam ser de vital importância para a realização do projeto.

Fiz as anotações a lápis no papel e guardei tudo bonitinho na minha mochila, para “anotar tudo no arquivo do Word” quando eu chegasse em casa. E aí o tempo passou, o tempo passou, o tempo passou... o tempo passou mesmo, e eu sempre deixava essa atualização para amanhã. Chegou dezembro, dia da entrega do projeto, e eu lembrei que precisava dar um update no arquivo.

Tirei todos os papéis dobrados no bolso em questão da mochila. Encontrei muita coisa: apostilas de uma matéria picareta que eu nunca li, conversas por bilhetes com uma ou outra amiga de sala... até envelope de revelação fotográfica (uau!). Mas nada, nada do projeto de TCC.

Agora eu não lembro mais os nomes das fontes quentes que meu chefe indicou. Não sei mais quem é o cara que pode salvar a minha vida fazer a intermediação para eu conseguir falar com meu biografado. Não sei onde diabos aquela droga de papel foi parar. Agora, alforriado de férias da faculdade, estava pensando em começar tudo logo. Mas... e agora, cara-pálida?

Vou aproveitar essa semana e voltar para o meu chefe: “Então, Erick, a besta aqui perdeu aquele papel cheio de anotações pro trabalho, você poderia me passar de novo, por favor?”. Mas, por enquanto, fico com a voz de censura aqui dentro da minha cabeça, que me lembra: “Usted é una mula, Felipe Held”.

4 comentários:

Anônimo disse...

Opa, biografia na parada? Fiquei curioso!

Aline disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Dayane Abreu disse...

Hahahahaha!
Desculpa, não pude deixar de rir.
Pior é que eu também tenho essa mania de deixar tudo pra depois. Só que ao invés de me xingar em portunhol, eu me abraço no espelho pensando: "Eu te perdôo, Dayane. É difícil, mas eu perdôo."

E me perdôo mesmo.

Alemão disse...

Eu estou tentando falar com a bendita biografada.
Aguarde, my friend, aguarde.
Os 'terceiros', amigos e etc, eu consigo, mas ela que é bão...