domingo, 2 de novembro de 2008

Notícia que você não verá nos jornais de segunda

No meio de toda a correria da semana, recebi no finalzinho dela a incumbência de escrever a reportagem especial do Felipe Massa campeão da Fórmula 1.

Bom... o filho do seu Titônio não ganhou. Mas, de birra, coloco aqui o meu trabalho que, obviamente, não foi para o ar depois que o Lewis Hamilton estragou o domingo alheio.


--

Massa vence Hamilton, desconfiança, chuva, tabus e Mundial de F-1
Por Felipe Held, alguém que quer matar o Timo Glock

O Brasil precisou esperar 16 anos e 365 dias (estamos em um ano bissexto, antes que eu seja achincalhado) para ver novamente um representante conquistar o Mundial de Pilotos da Fórmula 1. Neste domingo, no entanto, Felipe Massa levantou a torcida paulista com a vitória no Grande Prêmio de Interlagos e cravou seu nome na história da principal categoria do automobilismo como o quarto condutor do País a levantar a taça.

Massa chegou a São Paulo com remotas chances de se sagrar campeão: com 87 pontos, contra 94 do inglês Lewis Hamilton, o piloto da Ferrari reverteu a desvantagem neste domingo com uma corrida perfeita e, mais uma vez, fez de Interlagos o palco da grande zebra do ano.

Em 2007, feito parecido aconteceu no autódromo brasileiro: o finlandês Kimi Raikkonen faturou o título depois de vencer em Interlagos – com a ajuda de Massa – e descontou uma vantagem de justamente sete pontos de Hamilton, que falhou duas vezes e amargou o vice.

Agora, Massa foi premiado pela ajuda a Kimi e, ainda, quebrou alguns jejuns do automobilismo tanto brasileiro como mundial: o último título de um piloto nacional acontecera em 3 de novembro de 1991, com Ayrton Senna, em Suzuka, no Japão.

Um dia antes do 17º aniversário do tricampeonato do troféu, Massa colecionou a nona taça para o Brasil e entrou no rol com o bicampeão Emerson Fittipaldi (1972 e 74) e os três vezes vencedores Nelson Piquet (81, 83 e 87) e Senna (88, 90 e 91).

O piloto paulista de 27 anos ainda manteve a tradição brasileira de vencer pelo menos um título a cada década – apesar do longo jejum após a morte de Senna, em 1994, e da safra pouco vencedora de representantes na F-1: apenas Rubens Barrichello e Massa conseguiram se sobressair na categoria.

O mais novo campeão ainda se tornou o segundo piloto da história a conseguir comemorar um título mundial ao vencer o GP em sua própria casa: antes, apenas o italiano Nino Farina (em 1950) havia conseguido tal feito.

Com o título de Massa exatos 6.209 dias após o feito de Ayrton Senna, o Brasil segue como a segunda nação que mais vezes venceu a F-1 – e abre vantagem sobre a Alemanha, que tem o heptacampeonato de Michael Schumacher. À frente do País aparece apenas a Grã-Bretanha, com 12 troféus (sete de pilotos ingleses e cinco de escoceses).

O Mundial de Pilotos de 2008 ainda vem para Massa, coincidentemente, dez anos após sua estréia no kart, em 1998. Em 99, o paulista conquistou seu primeiro título em categorias de monoposto, na Fórmula Chevrolet brasileira.

Em seguida, Massa vez as malas e partiu para a Europa, onde se sagrou vencedor das Fórmulas Renault italiana e européia em 2000. Uma temporada depois, estreou de forma espetacular na Fórmula 3000 da Europa e abocanhou o título com oito vitórias em oito provas disputadas. Desempenho suficiente para, ainda em 2001, receber um convite para ser piloto de testes da equipe Sauber na Fórmula 1.

A primeira aparição de Felipe Massa na F-1 aconteceu, em 2002, no GP da Austrália, onde acabou abandonando. Seu melhor desempenho naquele ano foi o quinto lugar na etapa da Espanha, finalizando a temporada no 13º lugar, com quatro pontos.

A Ferrari, então, decidiu apostar no jovem brasileiro que dominou as categorias de acesso da F-1. Massa foi contratado para ser piloto de testes da escuderia italiana ao longo da temporada 2003 e retornou à titularidade de uma equipe em 2004, novamente pela Sauber.

O brasileiro, mais experiente e arrojado, quase apareceu no pódio: foi quarto no GP da Espanha. No total, Massa colecionou 12 pontos ao longo da temporada e ficou com o 12º lugar geral. Em 2005, apesar do desempenho inferior (foi quarto colocado no Canadá e somou 11 pontos, terminando a temporada na 13ª posição), assinou contrato com a Ferrari para o lugar do também brasileiro Rubens Barrichello.

Em seu primeiro ano no carro vermelho mais famoso do mundo, Felipe Massa chegou a seu primeiro pódio com a terceira colocação no GP de Nürburgring. O representante nacional ainda alcançou suas duas primeiras vitórias na carreira, na Turquia e – justamente – no Brasil, na despedida das pistas de Schumacher. O piloto do País encerrou o ano na terceira colocação do Mundial, com 80 pontos e sete pódios no total.

A performance de Massa melhorou em 2007, primeiro ano sem Schumi como o ‘queridinho’ da equipe e com a concorrência aberta com o finlandês Raikkonen. Foram três vitórias (Turquia, Espanha e Bahrein), dez pódios e 94 pontos e a quarta colocação da temporada. E Kimi foi o campeão.

Um comentário:

Anônimo disse...

Rapaz, confesso que até agora não consegui me conformar com o quase-título mundial do Massa, humpf. E o pior é que quase dormi durante toda a corrida, acordando na reta final eletrizante e broxando logo em seguida, com a festa frustrada em Interlagos.

Pelo menos o São Paulo parece que, enfim, entrou de vez na briga pelo campeonato, né? :)