quinta-feira, 27 de junho de 2013

Toco tua mão

Toco tua mão como nunca se me havia ocorrido. Toco tua mão como uma criança acaricia um troféu dourado que ofuscaria uma manhã de verão. Toco tua mão e me esqueço de quem sou, de onde estou, do que estou fazendo... tudo se resume, naquele instante, a tocar tua mão. 

Queria apenas que o toque da tua mão fosse áspero, hostil, frio. Queria apenas que tua mão não representasse para mim senão apenas mais uma mão que se escapa pelas minhas mãos da mesma maneira que a minha se escaparia pelas tuas.

Mas oh! Não tinhas o direito de tocar-me a mão e apertar-ma entre a tua, contemplando cada extremidade de pele e imprimindo sobre mim uma ilusão de carinho. Por que o fizeste? Tocaste-me a mão e despertaste em mim aquela sensação que, de todas as formas, eu tratava de reprimir no núcleo de cada célula. Porque jamais faria sentido.

Só que decidiste tocar-me a mão, olhando-me nas pupilas com tal intensidade que me fizeste sentir nu de qualquer sentimento. Simplesmente me deixava hipnotizar pelo toque da tua mão contra a minha, pelo teu olhar contra o meu. Apenas... me domaste e me dominaste. 

Não sei em que momento perimitiste que nossas mãos, espalmadas, escorregassem para o lado e se entrelaçassem, e se apertassem, e se afagassem, e se admirassem e se precisassem com essa junção de dedos. Por que elas se encaixaram, eu me pergunto. Foi o teu lado sádico ou o meu masoquista quem permitiu e consentiu com tremenda heresia?

Fecho os olhos, estico meu braço para o alto e espalmo minha mão direita. Respiro fundo para tentar captar alguma sensação do toque da tua mão. Lembro-me do teu olhar. Aquele teu sorriso... era para mim? Ou de mim. És má...

Estranho e extraño tua mão. Teu sorriso. Teu toque sobre minhas costas, minha mão espalmada contra tua cintura. Teu olhar. Tua respiração quente contra o meu pescoço. Tuas palavras chocando-se contra a minha pele e fazendo-me sorrir. 

Sinto falta de sonhar. Sonhar como quando me tocaste a mão e deixaste que nossos dedos fizessem amor de uma maneira sutil e silenciosa. De uma maneira da qual nunca (nunca?) de esquecerão. 

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