quarta-feira, 3 de outubro de 2012

> apagar ao acordar


A vida é um coletivo de memórias.

Nosso hoje nada mais é senão lembranças de um pretérito perfeito que ficou para trás e uma libertação de um passado imperfeito que ainda reflete – com sentimentos ou não – no nosso ser atual.

O presente nos deprime pelas memórias que não vão mais voltar. E nos remoemos pelas memórias alegres que não estamos produzindo agora.

Não, não é questão de viver ancorado no passado. Vivemos produzindo passado.

O presente nada mais é que um lapso de consciência, uma ilusão. Você começou a ler este texto no passado. Teu relógio fez tic, demarcou um novo passado. Mais um tac, outro passado. Você, que leu estas três linhas, perdeu três linhas de passado.

Só que o presente, por assim dizer, também pode ser animador quando sabemos que estamos produzindo algo de importante para o futuro.

Ah, o futuro. Quando virarmos o pescoço para trás e olharmos o nosso hoje com certa saudade. Talvez rindo, irônicos de nós mesmos. Menosprezando as angústias do hoje com um simples “como éramos bestas”.

Um dia seremos maduros, eu sei. Experientes, diremos.

Teremos vivido inúmeras coisas e, no fundo, saberemos apenas lidar com essas e com aquelas memórias. Não deixaremos que as dores do passado afetem o nosso hoje e nem que as alegrias de agora nos tirem os pés do chão.

A vida é uma nostalgia.

Nenhum comentário: