quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Pódio


Há instantes da vida em que, não importa o que aconteceu nem o que acontecer, tudo sairá perfeitamente bem. E daí encontramos possíveis explicações para vencedores de loteria, crimes perfeitos, jogadas de sorte e até mesmo aquele cara low profile se dando bem com a garota mais desejada do círculo social.

É estranho ver isso de fora, e... estar dentro desta situação, mais ainda. É... não sei. Talvez seja uma sensação de ser maior que você mesmo. De ser maior que o mundo. De ser maior que a vida. É um instante em que tudo faz o maior sentido e não há mistérios no universo que sejam insolúveis. Difícil explicar. Mas deve ser exatamente o que o Mario sente quando captura uma estrelinha no Super Nintendo e fica invencível.

Não importa.

Nada importa. Nada.

Nem mesmo a autocensura, que te avisa do alto risco e da imbecilidade dos pensamentos que circuitam o interior de sua cabeça e movimentam a roda do gerador que te energiza a fazer aquilo que há tempos você nunca teve a coragem de fazer.

Chega a hora de um suspiro imprudente. A inflada dos pulmões, o oxigênio que provoca a combustão inconsequente. O all-in blefado de 2 de copas e 10 de espadas em um river que pode mudar... uma vida? Duas? Três? Quem sabe?

Um sorriso vencedor.

Uma gargalhada, intensa, triunfal.

Os olhos fechados. O imaginar de um braço erguido, de um punho cerrado.

Os aplausos mudos. A vitória. As batatas.

Um novo respirar fundo.

...

A realidade. A angústia, o desespero, o receio, o temor, o ar que falta, as mãos que transpiram.

O esquecer que aquele era o momento em que a vida jogava o teu jogo.

“Acalme-se”, algo lhe sussurra ao ouvido. “Aquele era o teu momento, aquele era o teu show. Não seja impaciente”.

Segundos que duram séculos.

E enfim a vitória (sim, aquela mesma, à qual você não está acostumado e que te faz sentir culpado por não achar que merece vencer).

Sorrisos escancarados para todo um feriado. A felicidade nos menores detalhes.

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