quarta-feira, 27 de junho de 2012

Lembrei do Roco hoje à noite


Ele nunca havia movido um pelo quando eu saía para fumar um cigarro de madrugada e pisar descalço no teu gramado. No máximo abria os olhos avermelhados, me reprimia com o canto do olho e voltava a seu sono carregado e barulhento.

Naquele dia não. Resolveu sair de sua cama improvisada para me rodear, sentar-se à minha frente, de costas para mim, e olhar para o nada comigo. Senti um arrepio.

“Che, Róqui, que foi? Será que... você também acha?”.

Ele não respondeu.

Traguei mais forte o cigarro para tentar acalmar a taquicardia daquele momento. Sequei as palmas molhadas das minhas mãos na calça e entrei.

Quando saí de novo, não recebi a despedida digna com caráter de “até logo” que ele sempre costumava fazer para mim. Ignorou inclusive meu "chau, Róqui" 

Resolvi olhar para trás e me convencer de que ainda voltaria para aí.

Não consegui.

Teu cachorro manja de despedidas. 

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