quinta-feira, 27 de maio de 2010

Tcha Tcha da Hyundai

Tentando reviver este espaço, aproveitando a rara folga e o clima de Copa do Mundo, vamos tentar entender a lógica do comercial da Hyundai, que bombardeia o tal do “Tcha Tcha” na nossa cabeça a cada instante – falo isso quando uma redação inteira começa a repetir o maldito “Tcha Tcha” a todo o momento.

Não sou publicitário e nem tenho cacife para comentar sobre o caso, mas... cá entre nós? A Copa do Mundo inspira tantos comerciais bacanas –como os de Nike, Pepsi e Ekol com o desespero para cortar o pelo argentino – e me vem uma multinacional com um inovador... Tcha Tcha.

Sim, a droga do slogan realmente fica na cabeça. Mas... poxa vida, não tinha maneira mais legal de se fazer um comercial? A começar pelo fato de como começa a saga: um tiozinho que mais parece o Cléber Machado depois da feijoada jogadão na poltrona em uma sala escura tira motivação do nada para não apenas levantar os braços, como saltar do sofá e pular como um idiota e gritar “Tcha Tcha”.

O gesto do gordinho realmente motivou o universo a se unir em torno do Tcha Tcha. Pessoas em ruas da Europa, provavelmente nos Estados Unidos e até em algum deserto deixam seus camelos de lado para sacudirem a roupitcha branca com os braços esticados a troco... de nada! Eles, certamente, não estavam vendo algum jogo e comemoravam algum gol.

O que mais me chama a atenção (após a cena do gordinho, claro) é o nível de ânimo de uma moça vestida com a camisa do Brasil e uma calça preta na metade do comercial, no canto direito da tela. Ela é a pessoa que mais expressa vergonha alheia naquele filme. Aí, para terminar de vez com essa palhaçada, um meteoro da Hyundai cai do céu, é perseguido por vários molequinhos doentes e une o mundo inteiro em turno do quê? Do “Tcha Tcha”!

Acho que há poucas maneiras mais eficientes de queimar o filme de uma empresa do que com o Tcha Tcha. Se eles resolvessem fazer o nível 1 da publicidade exibindo o logotipo da empresa por 30s o impacto seria mais positivo. Ou então... sei lá. Será que eles não teriam o contato do gênio do “Quer pagar quanto?”. Sairia mais barato, imagino...

A saga do Tcha Tcha vai se confudir com a série de pataquadas que virá em breve nas coberturas e transmissões da Copa do Mundo. O narrador e o comentarista do Sportv que cansaram de chamar o Van Persie de “Fan Pierce” no amistoso contra o México não contam...

De qualquer maneira, veja o lado bom do comercial da Hyundai. Provavelmente, quando estiver alcoolizado durante a estreia do Brasil na Copa do Mundo, eu me lembre de erguer os braços para o alto e gritar Tcha Tcha, parecendo um H saltitante como todas as figuras daquele comercial.

Taí. Talvez seja essa a intenção dos sul-coreanos. Só falharam em deixar o tema de “Um jeito novo de torcer na Copa do Mundo; vibre com a Hyundai” para “Um jeito novo de ser um mala na Copa do Mundo; fique de porre com a Hyundai”.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Gênesis de um clima copeiro

Eu já era um precoce fracasso com as garotas em 2002 e acabei chegando ao Dia dos Namorados novamente sozinho. Nenhuma novidade, mas naquele ano a proximidade daquela data realmente me chateou: eu havia acabado de levar um pé na bunda da minha maior paixonite até então.

Um dia, quando saí do colégio, resolvi atravessar a rua e dar uma passada no shopping. Estava chegando perto do aniversário de uma amiga minha e pensei em gastar os poucos trocados que tinha para comprar um presente. Passei na Siciliano (ou seria Saraiva?) para dar uma olhada nos CDs e um lançamento em particular me chamou a atenção.

Era o International Superhits!, que o Green Day havia lançado oficialmente havia uns seis meses. Como na época a grana era curta (um pouquinho mais do que agora) e eu não teria condições de comprar de uma só vez os melhores álbuns da banda, aquele parecia o melhor custo-benefício da história da música (até que em Buenos Aires eu encontrei um CD do Shout out Louds por 20 pesos há dois anos). Minha amiga que me desculpasse, eu iria comprar aquele disco!

Eu passava dias seguidos ouvindo meus novos CDs naquela época, e maio e junho de 2002 acabaram sendo marcados por Maria, Basket Case, Warning e Macy’s Day Parade. E esse período coincidiu também com a Copa do Mundo de 2002 e a primeira vez que tomei cerveja e não achei amargo. Eu tinha 14 anos, e até hoje lembro com carinho daquela data. Muito, muito mais até do que da primeira frustração amorosa.

E como meus ciclos musicais vão e voltam (Beatles, por exemplo, é uma ótima pedida entre novembro e janeiro – nunca em março), tive sensação parecida quatro anos depois. Em 2006, aproveitei para resgatar o disco e coloca-lo sempre no meu discman e viver novamente aquela sensação. Quando a Copa acabou em 1º de julho no gol do Henry sobre o Dida, estava tudo programado para que em 2010 o International Superhits! voltasse a fazer parte da minha vida.

Mas, claro, sempre tem algum idiota para atrapalhar com a nossa vida. No meu caso, um ladrão (bem burro, por sinal) que arrombou meu carro para levar o som e, sem encontrá-lo, surrupiou um óculos de sol quebrado, um par de tênis furado e meu porta CDs – com os dois melhores investimentos do mundo musical: International Superhits! e o disco de Buenos Aires do Shout out Louds.

Claro que o segundo pensamento que veio em minha cabeça foi comprar no dia seguinte o International Superhits! Atormentei minha namorada ao repetir n vezes que precisava comprar um CD novo porque, caso contrário, a Copa do Mundo não varia sentido. Até que ela me deu o álbum de aniversário, e a África do Sul realmente ficou logo ali.

Estava entrando hoje no meu carro indo para o primeiro dia do plantão da Copa, às 3h27 da madrugada, quando lembrei de voltar para casa para pegar o International Superhits! e colocar o disco para tocar pela primeira vez. Quando estava voltando pra casa, às 12h23, senti uma necessidade absurda de aumentar o volume do som no caminho de volta para casa.

A Copa do Mundo está só começando.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

06/05/2010

Eu tive medo que o mundo acabasse em 1999. Saiu na tevê, só se falava disso na época. E, com meus 11 anos, era difícil entender que tinha muita groselha em rede nacional. Então, na véspera, queria a todo custo ficar em casa, protegido. Escola à tarde? Mas nem pensar! Se fosse pra acabar o mundo, que fosse jogando International Superstar Soccer no meu Nintendo 64.

Meu pai me tranqüilizou. Disse que o mundo não acabaria, por mais que o livro de Nostradamus dissesse – eu já tinha passado a acreditar no Nostradamus porque meu próprio pai havia dito que muito do que ele escreveu era verdade. Então, naquele dia de 1999, eu imaginei que, na pior das hipóteses, nasceria o Anticristo. Vai saber. Mais 11 anos se passaram e aqui estamos nós.

Só que esses dias entrei pela primeira vez no Half Past Human.com (um site que faz previsões a partir do sistema web bot – ou seja, a partir de palavras-chaves que circulam na internet) e lá havia a seguinte mensagem: “A terceira guerra mundial está aqui” (não lá no site, imagino, mas entre nós).

Era bem de madrugada quando me dei conta de que, se fosse realmente verdade (e deveria ser: o History Channel, na viciante série Efeito Nostradamus, mostrou que o web bot havia acertado desde o 11 de Setembro até a crise financeira, passando pelo Katrina em Nova Orleans), o fim estava realmente próximo. E o primeiro advento aconteceria... dia 6 de maio. De 2010, claro.

É bem no final do texto: “A nova temporada de guerra começa em 6 de maio... fique ligado. Como o Lobo e os outros slogans de Blitzers dizem, “assista, e então escolha. É, afinal, suas mentiras e sua terrível escolha”. Tenebroso, né?

Pois então contei os dias até 6 de maio, esperando algum sinal. Até que, vejam, só, a Grécia entrou em bancarrota, um grupo paquistanês organizou um atentando em Nova York... precisava de mais? Sem contar que Wolf (lobo) Blitzers é um jornalista alemão/norte-americano da CNN. Tenso, imagino.

Agora são 3 horas da manhã do primeiro dia do resto de nossas vidas, segundo o Half Past Human, e nada aconteceu - exceto a eliminação do Corinthians na Libertadores (haha). Realmente não consegui dormir. Medo? Talvez seja. Pena não poder faltar à aula (ao trabalho, no caso) amanhã. E que meu 64 esteja no armário, empoeirado.

Ao menos vai dar tempo de completar meu álbum da Copa e vão me deixar ver os jogos da África do Sul entre junho e julho. E talvez ainda dê tempo de ver o museu do Loco Abreu, quem sabe?