quarta-feira, 26 de maio de 2010

Gênesis de um clima copeiro

Eu já era um precoce fracasso com as garotas em 2002 e acabei chegando ao Dia dos Namorados novamente sozinho. Nenhuma novidade, mas naquele ano a proximidade daquela data realmente me chateou: eu havia acabado de levar um pé na bunda da minha maior paixonite até então.

Um dia, quando saí do colégio, resolvi atravessar a rua e dar uma passada no shopping. Estava chegando perto do aniversário de uma amiga minha e pensei em gastar os poucos trocados que tinha para comprar um presente. Passei na Siciliano (ou seria Saraiva?) para dar uma olhada nos CDs e um lançamento em particular me chamou a atenção.

Era o International Superhits!, que o Green Day havia lançado oficialmente havia uns seis meses. Como na época a grana era curta (um pouquinho mais do que agora) e eu não teria condições de comprar de uma só vez os melhores álbuns da banda, aquele parecia o melhor custo-benefício da história da música (até que em Buenos Aires eu encontrei um CD do Shout out Louds por 20 pesos há dois anos). Minha amiga que me desculpasse, eu iria comprar aquele disco!

Eu passava dias seguidos ouvindo meus novos CDs naquela época, e maio e junho de 2002 acabaram sendo marcados por Maria, Basket Case, Warning e Macy’s Day Parade. E esse período coincidiu também com a Copa do Mundo de 2002 e a primeira vez que tomei cerveja e não achei amargo. Eu tinha 14 anos, e até hoje lembro com carinho daquela data. Muito, muito mais até do que da primeira frustração amorosa.

E como meus ciclos musicais vão e voltam (Beatles, por exemplo, é uma ótima pedida entre novembro e janeiro – nunca em março), tive sensação parecida quatro anos depois. Em 2006, aproveitei para resgatar o disco e coloca-lo sempre no meu discman e viver novamente aquela sensação. Quando a Copa acabou em 1º de julho no gol do Henry sobre o Dida, estava tudo programado para que em 2010 o International Superhits! voltasse a fazer parte da minha vida.

Mas, claro, sempre tem algum idiota para atrapalhar com a nossa vida. No meu caso, um ladrão (bem burro, por sinal) que arrombou meu carro para levar o som e, sem encontrá-lo, surrupiou um óculos de sol quebrado, um par de tênis furado e meu porta CDs – com os dois melhores investimentos do mundo musical: International Superhits! e o disco de Buenos Aires do Shout out Louds.

Claro que o segundo pensamento que veio em minha cabeça foi comprar no dia seguinte o International Superhits! Atormentei minha namorada ao repetir n vezes que precisava comprar um CD novo porque, caso contrário, a Copa do Mundo não varia sentido. Até que ela me deu o álbum de aniversário, e a África do Sul realmente ficou logo ali.

Estava entrando hoje no meu carro indo para o primeiro dia do plantão da Copa, às 3h27 da madrugada, quando lembrei de voltar para casa para pegar o International Superhits! e colocar o disco para tocar pela primeira vez. Quando estava voltando pra casa, às 12h23, senti uma necessidade absurda de aumentar o volume do som no caminho de volta para casa.

A Copa do Mundo está só começando.

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