quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A cabeleira do Zezé

Coisas estranhas acontecem todo o tempo, e não ia demorar que algo de... ahn, bizarro se passasse comigo depois que resolvi dar liberdade à minha cabeça e deixar o cabelo ganhar alguns centímetros. Seguindo a tradição da família, os fios cresceram de forma nada sutil, porém lisa. Daqueles que esvoaçam com o vento – se o jornalismo não der certo, posso até tirar a barba e fazer comerciais de xampus, já que não uso condicionador.

Chega de besteira.

Estava dando um pulo no carro para pegar um papel que precisava ser enviado ao UOL para que eu ganhasse meu salário quando encontrei nas escadas uma vizinha velhinha do andar de cima. Gentil, segurei a porta para ela sair, embora quisesse me livrar de um possível papo o mais rápido possível.

Meu sorriso forçado, porém cativante (aham!), não deu certo. A velhinha quis saber com quantos anos eu estava (quase falei 19) e piriri. Aí disse que eu estava muito, muito bonito (algo me diz que a visão dela está afetada) e parecia muito mais jovem (definitivamente, estava afetada). Entre esses elogios, passou a mão no meu cabelo.

Fui para o carro com uma sensação estranha. Até porque, horas antes, eu estava andando pela Paulista após uma agradabilíssima manhã estafante na faculdade (esse negócio de mudar de período dá um trabalho!) quando uma mulher, já de boa idade, veio em minha direção. Ao chegar perto de mim, esticou as mãos e escorreu pelos meus cabelos e falou alguma coisa que eu, juro, não entendi. As pessoas em volta olharam espantadas, e eu mais ainda.

Estava prestes a afirmar que odeio que as pessoas passem a mão no meu cabelo e decretar que tal ato estava temporariamente proibido quando passou um flashback de cinco anos atrás. Eu estava completamente perdido em uma balada, tentando xavecar uma amiga minha extremamente gracinha, quando resolvi passar a mão no cabelo dela como uma aproximação e ela fechou a cara. Saiu de perto, até!

Dias depois, ela explicou a atitude que teve dizendo que tinha pavor que passassem a mão no cabelo dela. É óbvio que a gente nunca teve nada de mais, eu acabei começando um namoro meses depois e perdemos o contato. Um ano depois ela tinha admitido que era apaixonada por mim à época, eu tentei uma nova aproximação (sem mãos no cabelo) e fui novamente dispensado – sorte minha que, recentemente, uma amiga minha disse que ela tinha embarangado geral.

Cabelo é uma coisa estranha. E o meu, seguindo a família, não deve cair. Vai continuar, por muitos e muitos anos, cozinhar minha cabeça. Isso não deve fazer bem.

Um comentário:

Bonie disse...

Definitivamente, eu não tenho o menor poder sobre o seu cabelo. Mas se eu fosse você eu me benzeria se um estranho (dois!) viesse passando a mão no meu cabelo assim sem mais nem menos. Nunca se sabe que macumba pode vir por aí.