terça-feira, 14 de julho de 2009

A casa 32

Faz pouco mais de um ano, relatei aqui e aqui também um dos episódios mais tristes dos meus últimos anos. Para quem teve preguiça de clicar nos dois links, vou ser bem legal e fazer um resumão nas linhas a seguir.

Eu tinha uma antiga paixão argentina de infância que morou no meu condomínio há sete anos, até que um dia ela resolveu voltar para Buenos Aires. Ela voltou para o Brasil mais uma vez depois desse meio tempo, mas justamente no dia que tirou para me fazer uma surpresa e me visitar em casa, o gênio aqui estava em uma gandaia miada.  

Aí ano passado eu fui para Buenos Aires tirar as minhas primeiras férias do trabalho. Sabia de cor o endereço dela e, no meu segundo dia na capital argentina, peguei um ônibus e fui explorar Olivos, a cidade onde ela morava – na região metropolitana portenha. Detalhe que nos bolsos eu tinha nada além de uma grana curta e um Boletim de Ocorrência relatando meu assalto bisonho em frente à Casa Rosada naquela manhã (!!!). 

Então eu desci do ônibus, andei como um condenado até o número 32 da tal calle para constatar que nunca houve por lá um número 32. Voltei para o albergue, no centro de Buenos Aires, frustrado. Contei meu relato loser aos paraibanos que conheci por lá, ninguém acreditou. Talvez toda aquela gente arretada tenha ficado com dó de mim. Fato é que eu passei a imaginar que a antiga paixão argentina de infância nunca existiu. 

Mas um ano se passou até algumas semanas atrás, quando eu resolvi fazer uma limpeza geral no meu quarto – algo que eu não fazia há uns quatro anos. Joguei fora sacolas e sacolas de papéis, dentre outras coisas. Aí então puxei a última gaveta e encontrei lá um papel candidatíssimo à reciclagem. 

Olhei melhor aquela folha meio amassada e vi uns números de telefones anotados. Dos quase 50 números que tinha lá, acho que não falo com 40 daquelas pessoas. Estava prestes a fazer uma bolinha de papel quando olhei o verso: Antiga paixão argentina de infância – Roma, 662, Olivos. 

662. Maldito 662. Isso significava que eu tinha passado duas vezes na frente da casa da menina. E por que diabos eu tinha achado que o número da casa era 32? Simples: o CEP terminava em 32. Se minha memória fosse algo concreto, eu juro que a teria atirado da minha janela – não que o estrago de uma queda do primeiro andar fosse lá muito grande.

Não joguei fora aquele papel. E, novamente de férias do trabalho, não me arrisquei a ir para Buenos Aires. Faz de conta que a minha antiga paixão argentina de infância nunca existiu, mesmo. Assim eu me sinto menos idiota, também.

2 comentários:

Fábio disse...

BUENOS AIRES JÁ, PORRA!!!! :)

Mané disse...

BUENOS AIRES JÁ, PORRA!!!![2]

OK, talvez não seja já. Mas eis um erro que merece ser reparado, hein?