Pois bem. Fui escalado para cobrir a obra-de-arte inaugurada no Parque das Bicicletas, ali no Ibirapuera, com uma sobreposição artística das duas traves que ficaram no Pacaembu de 1984 e 2007. O evento teria a participação de inúmeros ex-jogadores, e é aí que começa a minha barrigada.
Havia por lá um velhinho calvo, barrigudo e elegante. Não hesitei e comentei com o Ferrelli, o fotógrafo escalado para a pauta comigo. “Cara, é o Pepe” – aquele que da eterna dupla de mortais Pepe, Coutinho e Pelé (este, único imortal, se Deus quiser e pelo bem das redações de esportes do mundo inteiro).
Era o Pepe. E ensaiei uma pergunta bem legal para fazer em referência à final de ontem do Paulistão, com a vitória do Ronaldo por 3 a 1 sobre o Santos na Vila, sob os olhos do Rei. “Pepe,
Pois bem. Acabei me aproximando do velhinho, escrevi “Pepe –” no meu bloquinho pronto para anotar as aspas dele. Esperei dois repórteres de um dos mais renomados jornais paulistas terminarem a entrevista com o velhinho para fazer a minha pergunta. Eles, claro, perguntaram sobre o primeiro e o último jogo do cara no Pacaembu, essas coisas.
Então chegou a minha vez. Não lembro bem a pergunta, mas ele respondeu que “apitou um jogo do Pelé em 1974”. Fiquei surpreendido, não sabia que o Pepe tinha sido árbitro. Técnico, sim, mas não juiz de futebol. Pois bem. Parti então para a segunda pergunta. Meio nervoso, floreei a questão.
“Pepe,
“Meu querido, eu não sou o Pepe”.
“Hum... ergh... urgh... humlml... não?”
“Não, eu sou o Emídio Marques de Mesquita, ex-árbitro”.
“Erm... putz, mil perdões, senhor Emídio, eu juro que pensei que fosse o Pepe”.
“Imagina, Felipe. Você não foi o primeiro e nem será o último a me confundir com o Pepe, hehe”.
“Bom... mas perdão, mesmo assim. E... muito obrigado”.
Baixei a cabeça e fui falar com o Ferrelli.
“Cara, eu sou uma mula”.
“Sim, mas por quê?”
“Sabe o Pepe? Não é o Pepe. É o Emídio de Mesquita”.
“Eu suspeitei pelo broche da Fifa no paletó dele...”
“Eu também, mas na hora pensei que era homenagem da Fifa a um ícone do esporte mundial”.
“Hahahaha”
“Humpf”.
Nada contra o Parque das Bicicletas (muito embora eu não saiba andar de bicicleta). Mas é a segunda vez em que alguma tragédia se passa comigo por lá. Em dezembro, entrevistei a Maria Esther Bueno e aproveitei para contar a ela a minha vontade de escrever a biografia dela como meu TCC. “Não, muito obrigada, eu não estou interessada”, ela disse.
Eu não gosto mesmo do Parque das Bicicletas. Humpf.