segunda-feira, 27 de abril de 2009

Já tirei a vela!

A pressão coletiva que sofri para voltar a escrever neste espaço, a começar pela minha mãe, culminou nesta segunda-feira em uma explosão de comentários neste blog. Mais do que isso, coincidiu com uma das minhas maiores barrigadas nesta curta e alongada carreira de estagiário.

Pois bem. Fui escalado para cobrir a obra-de-arte inaugurada no Parque das Bicicletas, ali no Ibirapuera, com uma sobreposição artística das duas traves que ficaram no Pacaembu de 1984 e 2007. O evento teria a participação de inúmeros ex-jogadores, e é aí que começa a minha barrigada.

Havia por lá um velhinho calvo, barrigudo e elegante. Não hesitei e comentei com o Ferrelli, o fotógrafo escalado para a pauta comigo. “Cara, é o Pepe” – aquele que da eterna dupla de mortais Pepe, Coutinho e Pelé (este, único imortal, se Deus quiser e pelo bem das redações de esportes do mundo inteiro).

Era o Pepe. E ensaiei uma pergunta bem legal para fazer em referência à final de ontem do Paulistão, com a vitória do Ronaldo por 3 a 1 sobre o Santos na Vila, sob os olhos do Rei. “Pepe, já tirei a vela! o Pelé que é pé-frio ou o Ronaldo que é pé-quente?”, eu perguntaria.

Pois bem. Acabei me aproximando do velhinho, escrevi “Pepe –” no meu bloquinho pronto para anotar as aspas dele. Esperei dois repórteres de um dos mais renomados jornais paulistas terminarem a entrevista com o velhinho para fazer a minha pergunta. Eles, claro, perguntaram sobre o primeiro e o último jogo do cara no Pacaembu, essas coisas.

Então chegou a minha vez. Não lembro bem a pergunta, mas ele respondeu que “apitou um jogo do Pelé em 1974”. Fiquei surpreendido, não sabia que o Pepe tinha sido árbitro. Técnico, sim, mas não juiz de futebol. Pois bem. Parti então para a segunda pergunta. Meio nervoso, floreei a questão.

“Pepe, já tirei a vela! você que foi o maior jogador da história do Santos – o Pelé não conta, como você mesmo diz –... Pepe...”,...

“Meu querido, eu não sou o Pepe”.
“Hum... ergh... urgh... humlml... não?”
“Não, eu sou o Emídio Marques de Mesquita, ex-árbitro”.
“Erm... putz, mil perdões, senhor Emídio, eu juro que pensei que fosse o Pepe”.
“Imagina, Felipe. Você não foi o primeiro e nem será o último a me confundir com o Pepe, hehe”.
“Bom... mas perdão, mesmo assim. E... muito obrigado”.

Baixei a cabeça e fui falar com o Ferrelli.

“Cara, eu sou uma mula”.
“Sim, mas por quê?”
“Sabe o Pepe? Não é o Pepe. É o Emídio de Mesquita”.
“Eu suspeitei pelo broche da Fifa no paletó dele...”
“Eu também, mas na hora pensei que era homenagem da Fifa a um ícone do esporte mundial”.
“Hahahaha”
“Humpf”.

Nada contra o Parque das Bicicletas (muito embora eu não saiba andar de bicicleta). Mas é a segunda vez em que alguma tragédia se passa comigo por lá. Em dezembro, entrevistei a Maria Esther Bueno e aproveitei para contar a ela a minha vontade de escrever a biografia dela como meu TCC. “Não, muito obrigada, eu não estou interessada”, ela disse.

Eu não gosto mesmo do Parque das Bicicletas. Humpf.